Sociedade da Virtude: Criadores da websérie e dublador falam sobre como animação desvia da “fadiga de super-heróis”

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Sociedade da Virtude: Criadores da websérie e dublador falam sobre como animação desvia da “fadiga de super-heróis”

Por Jaqueline Sousa

Quem acompanha as novidades da cultura pop de pertinho deve saber que o assunto do momento é a tal fadiga de super-heróis. Com o MCU coletando fracassos de bilheteria e discussões sobre originalidade na indústria, muita gente anda se questionando se o gênero já não faz mais os olhos do público brilharem, mas esse não é o caso do diretor Ian SBF e do ilustrador Thobias Daneluz, os criadores da websérie de animação nacional Sociedade da Virtude, e de Guilherme Briggs, dublador de personagens icônicos que também participa do projeto.

Em entrevista à Legião dos Heróis durante a CCXP23, o trio deu sua opinião sobre o assunto, visto que Sociedade da Virtude também se insere no gênero. Com episódios breves que tiram sarro de super-heróis e histórias em quadrinhos no geral, a animação brasileira tem um canal no YouTube com quase 600 mil inscritos e promete voltar com novas aventuras em 2024 no adult swim, canal de animação destinada ao público adulto.

Mesmo diante do cansaço que o público vem sentindo com o gênero, Guilherme Briggs, que faz a dublagem da Pantera Ruiva em Sociedade da Virtude, acredita que o que está acontecendo atualmente é, na verdade, um “desgaste de roteiro”, pois histórias sobre super-heróis sempre existiram, desde os primórdios da história humana.

“Toda história humana tem um herói, um símbolo ou uma coisa que a pessoa segue. Isso nunca vai acabar. O que está acontecendo é um desgaste de roteiro, já que temos roteiros mal escritos e fracos. Mas isso nunca vai terminar, porque a gente sempre vai buscar o heróis.”

O diretor Ian SBF, conhecido por ser o criador do Porta dos Fundos, concorda com Briggs. Na visão dele, essa fadiga realmente se faz presente, apesar de não ser algo exclusivo do audiovisual já que os quadrinhos também passam por isso:

“Os heróis são a nova mitologia. A gente conhece a saga do herói desde que histórias são histórias. Mas concordo que o que nós temos é uma fadiga natural, até porque nos quadrinhos também há reboots de universos, Crise nas Infinitas Terras… Então acho que é um pouco natural o que está acontecendo agora.”

Abraçando tropos do gênero com humor, Sociedade da Virtude faz parodia de super-heróis.

Já para o ilustrador Thobias Daneluz, o atual cenário é um reflexo de como os heróis foram mudando com o tempo, o que torna difícil a tarefa de criar histórias originais, já que essas figuras estão em evidência em todo tipo de formato:

“Hoje temos todas as mídias, então não preciso contar uma história nova sobre heróis. É praticamente impossível contar uma história nova, como aconteceu com Watchmen e Cavaleiro das Trevas”.

Daneluz também acredita que, mesmo diante da fadiga de super-heróis, Sociedade da Virtude consegue se destacar justamente por não levar a sério o gênero. “A gente não leva a sério o que muitos filmes e séries tentam levar, e ainda temos um lance do herói cotidiano”, ele disse, explicando que aproximar o público dessas figuras heroicas é um caminho para trazer certo diferencial. Ian SBF completa a fala do ilustrador dizendo que “as pessoas querem ver algo diferente”, independente do gênero, o que faz com que produções que fogem à regra consigam se destacar entre o público.

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