Review: Testamos o PlayStation VR 2 e não estávamos preparados mergulhar em um paraíso digital
Review: Testamos o PlayStation VR 2 e não estávamos preparados mergulhar em um paraíso digital
Novo periférico do PlayStation 5 avança a imersão dos games VR.
Quando testamos o PlayStation 5 pela primeira vez, ainda em 2020, foi como ver o futuro dos videogames por uma janela, um vislumbre do que estava por vir. Eis que chega o próximo passo, prometendo entregar a maior evolução em imersão na história dos consoles — o PlayStation VR2. Será que ele cumpre bem essa tarefa?
O que mudou no PlayStation VR2?
A convite da Sony, estive testando cada detalhe do PlayStation VR2 nas últimas semanas e estou bastante impressionado com tudo que vi. Sempre fico muito curioso com tecnologias inovadoras que promovem maneiras inusitadas de se jogar. Algumas são um grande sucesso, como o Nintendo 3DS, e outras nunca souberam aproveitar seus pontos fortes, como o Nintendo Wii U. Mas com o PlayStation VR2, a Sony mostra que não existem limites para o que a realidade virtual é capaz de alcançar.
Só o salto gráfico comparado ao que era visto no PlayStation VR original já é uma mudança tremenda. Todo o poder de processamento do PlayStation 5, exigido para usufruir do novo periférico, garante que o PSVR2 não precise sacrificar nada em prol da imersão. Assim é possível curtir toda sua biblioteca com a melhor imagem possível: em 4k, cores vivas em HDR e uma tela OLED. E isso fica particularmente evidente em jogos remasterizados que ganham uma nova vida na nova plataforma, como Moss e Moss: Book II.
Mas o que mais surpreende é a diferença que os novos controles, os PlayStation VR2 Sense, trazem para a experiência. A resposta tátil do controle do PlayStation 5, o DualSense, já era bastante elogiada por elevar as sensações dos games como seus rivais não conseguiam. Especialmente quando combinado com os gatilhos adaptáveis, que mudam de resistência de acordo com a necessidade. No PSVR2 isso é elevado a um patamar completamente absurdo.
Sentir exatamente a vibração que você esperava ao esbarrar ou tocar um objeto no mundo virtual faz toda a diferença. Quando você já está ali, imerso naquela outra dimensão, seu cérebro simplesmente aceita que tudo ao seu redor existe de verdade. É a cereja no bolo para acabar com os resquícios de racionalidade do jogador e convencê-los de que tudo que acontece naquele micro universo digital é de verdade.
O áudio 3D é outro detalhe que faz toda a diferença. Ouvir exatamente de onde vêm os sons ajuda muito na hora de interagir com um ambiente tão vasto como o da realidade virtual, que te cerca completamente. E, no final, parece que todos os recursos novos do PlayStation 5 guardavam um potencial oculto que só é completamente desbloqueado no PlayStation VR2 — trazendo a máxima imersão que essa geração é capaz de proporcionar.
É difícil configurar o PS VR2?
Quando tirei o periférico da caixa, fiquei meio sem reação. Bateu um frio na barriga de não saber como configurar. Mas foi só plugar o aparelho na entrada USB-C do PS5 para o próprio sistema começar a me guiar, passo a passo. Até mesmo como colocar o visor é explicado com a maior paciência possível, para não haver erros.
E todo o processo é bem tranquilo. Depois que você é ensinado pela primeira vez, tudo fica bastante trivial. Com o pressionar de dois botões, é possível configurar a distância das lentes e esticar a tira de ajuste, para adaptar o sistema confortavelmente em sua cabeça.
Mesmo com todo seu poderio, o PlayStation VR2 é surpreendentemente leve e não incomoda quando você está jogando. E o melhor de tudo, não esquenta a sua cabeça mesmo quando o processador está trabalhando no talo, o que incomodava alguns no modelo interior.
Você até esquece que está vestindo uma máquina depois de um tempo. Isto é, se as lentes estiverem bem alinhadas porque, assim como no velho 3DS, a tecnologia 3D é bastante sensível e só funciona com perfeição de um ângulo específico. Mas depois de alinhar exatamente o campo de visão para como deveria ser, tudo flui de uma maneira impressionante.
Recomendo sempre manter um pano de microfibra perto do console. Limpar as lentes pode se tornar algo constante, uma vez que elas sujam com uma facilidade absurda. Não vai acabar completamente com sua experiência, mas não deixa de ser chato perceber que tem algo embaçando a sua vista. Então já procure aqueles paninhos de limpar óculos e tenha sempre em mãos. Você vai precisar.
Como é jogar no PS VR2?
Colocar o visor de PlayStation VR2 pela primeira vez é coisa de outro mundo. Basta dar o start em qualquer jogo para ser transportado magicamente para outra dimensão.
Seja uma galáxia muito distante ou montanhas repletas de dinossauros mecânicos, a imersão é surreal. Realmente uma viagem para dentro dos games. Basta alguns minutos encarando seus arredores para você se esquecer completamente do lugar em que estava e aceitar aquele plano virtual como seu novo lar.
E não se preocupe com os possíveis acidentes. Felizmente, o dispositivo inclui câmeras externas que estão sempre mapeando os seus arredores para te avisar com antecedência antes de você esbarrar na TV ou naquele espelho da sala. Sem essa preocupação constante na sua cabeça, sobra mais espaço para se deixar levar pelos jogos e apenas curtir a experiência sem medo.
Inclusive, interagir com estes novos universos costuma ser um tanto satisfatório, especialmente nos games realmente pensados para o sistema. Horizon: Call of the Mountain, por exemplo, é um espetáculo à parte. O jogo foi construído cuidadosamente para funcionar como uma amostra das experiências únicas que a plataforma pode oferecer. É uma compra obrigatória para começar no mundo VR com o pé direito.
Para andar, basta movimentar os braços como quem está caminhando em um parque. O arco está sempre te esperando nas suas costas. Só precisa estender o braço para alcançá-lo e acabar com seus inimigos. E se quiser agradecer os personagens com um joinha, simplesmente faça o gesto com a mão que o controle vai reconhecer.
A simplicidade como tudo funciona é muito empolgante. A sensação é de que basta pensar para as coisas funcionarem. É bizarro. Em outro jogo, em que meu personagem era um bartender, quando precisei abrir uma garrafa estando com a minha outra mão ocupada, tive a ideia de tentar abrir com a boca de brincadeira. E surpreendentemente funcionou. Minha mente simplesmente explodiu naquele momento e saí com o sentimento de que tudo era possível naquele mundinho, não importa o quão bobo parecia. Foi uma prova definitiva que, com certa criatividade dos desenvolvedores, a imersão não tem limites.
E a sensação de estar dentro dos games, por incrível que pareça, nunca deixa de impressionar. Em muitas ocasiões eu me via parando para apreciar cada detalhe dos ricos cenários ao meu redor, absorvendo aquela experiência mágica como se fosse real. Claro que, nesse sentido, o jogo que mais me pegou foi Star Wars: Tales from the Galaxy’s Edge – Enhanced Edition. Ver de pertinho cada detalhe dos meus lugares favoritos em uma galáxia muito distante me trouxe uma euforia quase indescritível, como se eu estivesse no próprio parque de Star Wars em Orlando.
Visualmente, talvez o jogo mais impactante disponível no lançamento seja Kayak VR: Mirage. O título não está entre os mais interativos do sistema, afinal, sua premissa é proporcionar uma viagem de barco por vistas de cair o queixo. E nesse quesito ele cumpre muito bem, entregando os gráficos mais fieis e realistas da plataforma. Não perde em nada para qualquer outro título do PS5, o que é impressionante considerando todo o poder de processamento que o PSVR2 exige. Mas para essa experiência funcionar tão bem tem um truque: o foco nítido.
Quando o paraíso virtual falha
Ao invés de carregar todo o ambiente com o máximo de fidelidade gráfica o tempo todo, o PlayStation VR2 se atém a simplesmente focar aonde o jogador está olhando no momento. Assim, mesmo que o resto seja renderizado, perde acaba ficando fora de foco, quase como a nossa própria visão periférica. E apesar dessa tecnologia permitir que experiências visualmente impressionantes sejam processadas sem que os jogos percam desempenho, há um preço.
Na minha experiência, na hora de manejar os menus ou ler as legendas de diálogos, sempre parece que as coisas estão um pouco embaçadas até você olhar muito diretamente para elas. É um pequeno incômodo, considerando o benefício que traz, mas não dá para ignorar.
Falando em incômodo, não dá para deixar de falar no grande elefante branco que sempre surge quando o assunto é realidade virtual — a cinetose. Mais conhecida como motion sickness, este é o nome do enjoo que surge quando seus olhos veem um movimento que seu cérebro não está registrando ou vice-versa. Acontece muito quando tentamos ler ou jogar dentro de um carro, mas também é algo bastante comum na realidade virtual. E infelizmente, o PlayStation VR2 não está imune isso. Pelo menos por enquanto.
Nessas últimas semanas que estive com a plataforma, tive a chance de testar cerca de 7 jogos e deu para perceber que quanto melhor o game usava os recursos únicos do PSVR2, menor era a sensação de enjoo. Horizon, por exemplo, nunca chegou a me incomodar, nem mesmo enquanto eu subia as perigosas montanhas que com certeza me deixariam enjoados no mundo real. O segredo estava na movimentação, que era intuitiva, movimentando bastante o corpo. Quando um jogo usava os analógicos para a movimentação, como no caso de Jurassic World Aftermath, o enjoo vinha na certa.
Vale pesquisar muito bem sobre cada jogo antes de comprá-los, caso seja mais sensível a esse problema. Afinal, não há diversão no mundo que compense pagar com sua saúde.
O que o futuro aguarda?
Com esse tempo que pude jogar o PlayStation VR2, me senti em um paraíso digital: um refúgio distante, onde tudo era incrível e meus problemas não poderiam me alcançar. Mesmo que por poucos minutos, a plataforma conseguia criar uma sensação de leveza até quando eu estava em um intenso tiroteio espacial em Star Wars. Não pude deixar de me perguntar: o que o futuro aguarda?
Depois de Horizon, espero que mais experiências first-party da própria PlayStation. Imagina mergulhar de cabeça no mundo de outros games populares, como as batalhas sangrentas de God of War ou a exploração nostálgica de Uncharted? Quem sabe brincar de super-herói em um novo inFamous ou sobreviver a uma horda de infectados em The Last of Us? As possibilidades são infinitas e o futuro é promissor para o PlayStation VR2. Resta aguardar para descobrir tudo que vem por aí.
Quais jogos estarão disponíveis no lançamento do PlayStation VR2?
O PlayStation VR2 chega a lojas selecionadas de todo o Brasil no dia 22 de fevereiro. Neste momento, já estará disponível um catálogo respeitável de jogos, além de atualizações gratuitas que liberam o modo VR em jogos de PlayStation 5 — como Gran Turismo 7 e Resident Evil Village — e do PlayStation VR original. Confira a lista completa:
- After the Fall (Vertigo Games)
- Altair Breaker (Thirdverse)
- Before Your Eyes (Skybound Interactive)
- Cities VR (Fast Travel Games)
- Cosmonious High (Owlchemy)
- Demeo (Resolution Games)
- Dyschronia: Chronos Alternate (MyDearest Inc., Perp Games)
- Fantavision 202X (Cosmo Machia, Inc.)
- Gran Turismo 7 (por meio de atualização gratuita para a versão de PS5 de GT7)
- Horizon Call of the Mountain (Firesprite, Guerrilla)
- Job Simulator (Owlchemy)
- Jurassic World Aftermath (Coatsink)
- Kayak VR: Mirage
- Kizuna AI – Touch the Beat! (Gemdrops, Inc.)
- The Last Clockwinder (Pontoco/Cyan Worlds)
- The Light Brigade (Funktronic Labs, compra inclui as versões para PS VR e PS VR2)
- Moss 1 & 2 Remaster (Polyarc)
- NFL Pro Era (StatusPro, Inc., upgrade gratuito para PS VR2)
- Pavlov VR (Vankrupt)
- Pistol Whip (Cloudhead, atualização gratuita).
- Puzzling Places (Realities.io, atualização gratuita)
- Resident Evil Village (Capcom, por meio de atualização gratuita para a versão de PS5 de RE Village)
- Rez Infinite (Enhance)
- Song in the Smoke (17 Bit)
- STAR WARS: Tales from the Galaxy’s Edge (ILMxLab)
- Synth Riders (Kluge Interactive, atualização gratuita)
- The Tale of Onogoro (Amata K.K)
- Tentacular (Devolver)
- Tetris Effect (Enhance)
- Vacation Simulator (Owlchemy)
- What the Bat (Triband)
- Zenith: The Last City (Ramen VR, atualização gratuita)
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