Review: Marvel’s Spider-Man 2 amadurece seus heróis em jogo belo, gigante e imersivo
Review: Marvel’s Spider-Man 2 amadurece seus heróis em jogo belo, gigante e imersivo
Novo jogo é a aventura definitiva dos Homens-Aranha nos video games
Após dois jogos e uma remasterização, a franquia dos Homens-Aranha no PlayStation está de volta com Marvel’s Spider-Man 2, que mostra Peter Parker e Miles Morales tendo que enfrentar Kraven e Venom. O game será lançado em 20 de outubro para o PlayStation 5 e a Legião dos Heróis recebeu o título adiantado.
A review não traz grandes spoilers do game, que funciona como o título definitivo (até o momento) da franquia do herói, permitindo que o jogador alterne entre os dois heróis e com uma ótima adaptação dos histórias dos quadrinhos em uma aventura imersiva e cheia de reviravoltas marcantes.
Ficha Técnica:
Título: Marvel’s Spider-Man 2
Desenvolvedora: Insomniac Games
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Plataformas: Playstation 5
Lançamento: 20 de outubro de 2023
Gênero: Ação
Tradução para o Português: Sim
Modos: Singleplayer, multiplayer local e online
Marvel’s Spider-Man 2 nos lembra porque ainda amamos super-heróis
O Homem-Aranha nunca foi um dos meus heróis favoritos, mas ele estava em todo lugar quando era criança então não havia como escapar. Uma das minhas primeiras memórias no cinema foi quando tinha uns 7 anos e fui assistir ao primeiro filme do herói, dirigido por Sam Raimi. A sala estava cheia, tão cheia que pessoas se sentavam nas escadas. Mas mesmo com a sala lotada, era possível notar como todos estavam maravilhados com o que era mostrado em tela.
Homem-Aranha não é apenas sobre ação desenfreada, mas também sobre responsabilidade, crescimento e imersão – sobre você se colocar debaixo do capuz com Peter não por ele ser especial, mas por ele ser alguém normal que dada a oportunidade, decidiu ajudar aqueles ao seu redor… E também sobre sentir que está se balançando por teias por Nova York. O filme de 2002 de Sam Raimi compreende isso perfeitamente. Marvel’s Spider-Man 2 não apenas emula esses sentimentos, como os expande.
No terceiro jogo do Homem-Aranha da Insomniac temos uma variedade gigante de elementos: Venom e Kraven, o Caçador, são os principais vilões enquanto Lagarto, Negativo e até o Mystério aparecem para dar as caras em um momento ou outro. E ainda assim, mesmo com milhares de elementos diferentes jogados em uma grande panela de pressão que é Nova York, essa é uma história sobre Peter Parker e Miles Morales, os Homens-Aranha.
Eterno jovem adulto e adolescente nos filmes, desenhos e quadrinhos da Marvel, Peter Parker finalmente tem a chance de crescer no universo dos games, que traz o herói não apenas lidando com as coisas que acontecem com ele, mas verdadeiramente sendo alterado por essas experiências.
Uma adaptação de A Última Caçada de Kraven e da Saga do Traje Alienígena, Marvel’s Spider-Man 2 ainda é uma história bastante focada em Peter como protagonista, afinal, além dele, MJ e Harry Osborn são dois fatores importantes da trama, cada um com sua própria história. Miles também possui uma trama própria, focada em superar seus traumas e se tornar a melhor versão de quem quer ser, e que se amarra muito bem à jornada de amadurecimento de Peter.
Inclusive é muito bom ver que os problemas entre Peter e MJ agora são outros, mais maduros, diferente de outras mídias que nunca sabem o que fazer com os personagens como um casal, no game vemos eles enfrentando problemas maduros em seu relacionamento, que vão além do básico visto tantas vezes com a dupla. Ao lado de Harry temos momentos bastante divertidos com o trio, com o título sabendo bem trabalhar a dinâmica de velhos amigos que se encontram em momentos totalmente diferentes, mas cujo carinho ainda se mantém ali, mesmo diante das adversidades.
Em diversos momentos o título joga a ideia de como Miles é o “Homem-Aranha perfeito”, porém sempre podemos ver como isso se deve não apenas a seus poderes, mas sim a como Miles está sempre disposto a pedir ajuda e conversar com sua mãe e amigos para encontrar soluções melhores para resolver os problemas. Peter teve que fazer tudo sozinho e apenas agora está aprendendo a, também, pedir ajuda quando necessário.
Mas se Peter está em uma jornada de amadurecimento, Miles passa por outra jornada: a da autodescoberta. Assim como vimos Peter em tantos outros momentos, Miles também tem dificuldades em alinhar suas responsabilidades como Homem-Aranha e como um filho, estudante, amigo. Mas o peso de todas essas coisas não o atrapalha ou atrasa, ele sabe que vai dar conta.
E é justamente na humanidade de sua história, que o game se encontra como uma ótima narrativa do Homem-Aranha. Peter Parker é falho, ele ainda está descobrindo o que quer ser e fazer para além do Homem-Aranha, enquanto Miles já consolidado como o herói, agora tenta balancear todas as coisas que estão acontecendo em sua vida.
Quando tantos filmes, quadrinhos e histórias envolvendo grandes super-heróis da Marvel e DC parecem ser mais do mesmo nos últimos anos, Spider-Man 2 nos lembra exatamente porque amamos esse tipo de história. Não por causa apenas das cenas de ação, ou efeitos pirotécnicos – e o título tem tudo isso e muito mais com belos visuais. Mas também tem coração, tem fragilidade e esperança. A história que dá sequência à jornada de Peter e Miles nos games é impecável e, como jogo, proporciona uma imersão sem igual nessa narrativa.
Com Peter Parker estagnado como eterno adolescente e jovem adulto já faz alguns anos em diversas mídias, os jogos da Imsonmiac nos lembram por que Peter é um dos maiores heróis de todos os tempos, mas em nenhum momento a narrativa tenta segurá-lo para que ele continue o mesmo, ela permite que Peter e Miles floresçam. E o novo título é mais um soco emocional para ambos os heróis, que carregam Nova York nas costas e sabem como ninguém enfrentar as dores do crescimento.
Sem dar muitos spoilers da história, Marvel’s Spider Man 2 mostra Peter se unindo ao simbionte Venom, enquanto ele e Miles também precisam lidar com Kraven, que está caçando e matando vilões em Nova York. Na trama, Peter Parker também precisa correr contra o tempo para salvar Harry e Miles Morales se encontra diante um dilema diante o retorno do Senhor Negativo.
E esses são apenas alguns dos pontos principais da história. Peter com o simbionte se torna uma força assombrosa e assustadora em alguns momentos, enquanto o Venom é uma força devastadora e imponente. Toda a adaptação da trama do simbionte entra muito bem no jogo – além de dar indícios de uma história maior sendo construída através das missões “A Chama”, que trazem o retorno de Yuri Watanabe como Wraith.
Mas após Peter e Miles, Kraven é quem rouba a cena cada vez que aparece em tela. O vilão está ameaçador e poderoso, ele surge não apenas para ser um problema para os heróis, mas é seu próprio personagem, muito bem desenvolvido e trabalhado na história, em nenhum momento parecendo um vilão que estava ali apenas para ser derrotado em uma ou outra fase.
O game não é apenas uma excelente adaptação dessas histórias, mas ele também é seu título próprio, trazendo uma história original, inspirada nas tramas clássicas e que traz os questionamentos e motes apresentados nelas, mas com sua própria personalidade. Ele respeita o que veio antes, mas ainda consegue construir algo próprio com esse legado.
Com a possibilidade de trocar entre Peter e Miles durante a exploração e várias missões presentes em Nova York, o jogo consegue unir o melhor dos títulos anteriores, e até mesmo MJ recebe um upgrade nos momentos em que jogamos com ela no modo história, sendo bastante divertido jogar com a personagem quando possível.
De certa forma, seja antes ou depois do fim do modo história, esse parece ser o jogo definitivo do Homem-Aranha, com você podendo jogar com sua versão favorita do seu personagem, com um dos vários trajes diferentes (que em sua maioria possuem variantes), através da cidade que eles defendem. Com tudo isso atrelado a uma excelente história, o que mais um fã do tedioso poderia pedir?
A jogabilidade do game continua ótima e retorna ainda mais fluida que nos títulos anteriores, a exploração de Nova York se estende por um mapa vivo e diferente, cheio de momentos diferentes que podem ser descobertos conforme você balança, ou plana, entre os prédios. A mecânica de voo dos Aranhas parece até complicada de início, porém facilmente se pega o jeito, com o título trazendo uma fluidez de movimento excelente para a navegação, que permite trocar entre teias e voo conforme sua necessidade no momento.
Tudo isso funciona muito bem para explorar a cidade, que está ainda maior e conta com novos bairros e vizinhanças. O escopo do game é gigantesco e ele utiliza isso muito bem ao seu favor. Existem diversas combinações de combos e habilidades, vários eventos criminosos acontecendo na cidade, você precisa encontrar vários colecionáveis e concluir as mais diferentes missões. Em Marvel’s Spider-Man 2 você nunca fica entediado ao se balançar entre os prédios de Nova York.
Cada um dos Aranhas também possui sua própria árvore de poderes e habilidades, que podem ser melhoradas e trocadas conforme o seu estilo de jogo, criando diferentes combinações de habilidades que fazem com quem você sempre possa encontrar uma forma diferente de usá-las.
Jogando no Modo Fidelidade, que preza pelos visuais, porém com menos taxas de quadros, o jogo nunca parece travado e parece trazer a mesma fluidez de jogabilidade que o Modo Desempenho. Além disso, o título melhora ainda mais a utilização do DualSense, utilizando todos os recursos presentes no controle para aumentar ainda mais a imersão ao jogar.
O título claro, não é sem problemas, e alguns pequenos bugs acabam prendendo os Aranhas em um ou outro local, enquanto outro que surgiu no meio do modo história quando estava usando um traje alternativo – que se mantém durante cutscenes. Mas nada que não deva ser resolvido antes, ou nas primeiras semanas de lançamento.
Nota
Com uma jogabilidade fluída, dois heróis incríveis para alternar e um mapa cheio de vida, Marvel’s Spider Man 2 impressiona não apenas com seu visual, mas também sua bela história, que adapta muito bem algumas tramas e momentos icônicos do herói sem nunca perder sua própria identidade, mas ainda se mantendo fiel ao que o Homem-Aranha sempre representou. Marvel’s Spider-Man 2 nos lembra porque ainda amamos super-heróis; e em uma época em que a jornada de Peter Parker nos cinemas e quadrinhos parece andar em círculos, é muito bonito vê-lo crescer.
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