Review: Armored Core VI Fires of Rubicon traz um novo brilho para uma franquia enferrujada

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Review: Armored Core VI Fires of Rubicon traz um novo brilho para uma franquia enferrujada

Por Ygor de Oliveira Ferreira

Antes da FromSoftware ficar tão popular com Dark Souls, Bloodborne e Elden Ring, a franquia de maior destaque do estúdio era Armored Core, conhecida pela customização de seus robôs e dificuldade elevada. A série de jogos havia ficado na geladeira desde seu último lançamento em 2013, que não agradou muito os fãs. Agora, a franquia finalmente retornou com Armored Core VI: Fires of Rubicon, trazendo um pouco do aprendizado do estúdio de seus sucessos em uma tentativa de trazer de volta os antigos fãs e também atrair um novo público.

Ficha Técnica

Título: Armored Core VI: Fires of Rubicon


Data de Lançamento:
25 de agosto de 2023


Desenvolvedora:
FromSoftware


Plataforma:
PlayStation 4 e 5, Series X/S e PC


Gênero:
Ação

Comece sua jornada em Rubicon

Você precisa aceitar qualquer trabalho que é oferecido e ainda pagar pela munição utilizada

O novo Armored Core se passa no planeta de Rubicon 3, que depois de um grande incêndio ficou quase inóspito. Apesar disso, o planeta é rico em Coral, um combustível extremamente volátil e poderoso, então é comum empresas irem até o local na tentativa de lucrar. Você chega no planeta e rouba uma credencial para começar a trabalhar como um mercenário utilizando seu Armored Core ou AC, aceitando qualquer missão que esteja oferecendo dinheiro, seja para as empresas rivais Arquebus e Balam ou então a frente de libertação do planeta.

Seu personagem não tem importância ou nenhum vínculo com quem te passa os trabalhos. Na maior parte do tempo, você não é chamado pelo seu nome e sim pelos códigos designados por cada uma dessas organizações, sendo tratado somente como um objeto que está ali para cumprir uma função. Isso pode ser interpretado facilmente como um comentário sobre trabalhos autônomos e seus riscos, algo sempre presente desde o primeiro Armored Core, e que dá mais profundidade ao jogo.

O jogador precisa arcar com os custos da missão, seja a munição que é gasta ou a destruição causada, tudo descontado da recompensa final do objetivo. O dinheiro era uma mecânica vital para as produções anteriores da franquia, já que seu personagem poderia ficar no negativo, gerando um fim de jogo ou nos títulos mais recentes, o levando a ser introduzido em novos programas de testes, sugando sua humanidade.

No novo jogo essa mecânica foi retirada, o que faz com que o dinheiro tenha pouco peso, seja no gerenciamento de sua campanha ou de forma narrativa. Com isso, ter a recompensa reduzida pelo estrago no local não faz muita diferença, já que não existe punição, deixando o sistema um pouco vazio.

Enquanto seu personagem vai completando as missões, acabamos descobrindo mais sobre as organizações e sobre Rubicon, lentamente revelando segredos e construindo uma história. Aqui não temos nada tão grandioso como Elden Ring ou as franquias mais conhecidas do estúdio, mas é o bastante para manter o jogador seguindo de missão em missão até o seu final, até mesmo com algumas reviravoltas.

A estrutura do jogo é bem simples e segue a linha dos jogos anteriores, onde é preciso completar missões para avançar, mas com pequenos ajustes. Nos títulos mais antigos as missões muitas vezes eram bem curtas, e podiam se tornar até mesmo repetitivas. No novo jogo temos uma variedade, com algumas podendo ser terminadas em 5 minutos e outras que serão completamente épicas, divididas em várias etapas. Essas últimas são muito marcantes, o que definitivamente ajuda a prender o público que gosta do gênero soulslike.

Inicialmente o jogo pode parecer um pouco repetitivo, principalmente no primeiro capítulo, onde temos um grande número de missões simples. Mas ao encerrar essa primeira parte, o ritmo de Armored Core se torna excelente com uma dosagem boa de atividades simples e outras mais complexas, dando sempre uma nova surpresa para o jogador.

Customize seu robô e destrua os inimigos

Você vai precisar enfrentar diversos outros Armored Core em sua jornada

O destaque de Armored Core para muitos fãs é o fato de que é meio desengonçado controlar o seu AC, passando a sensação de que você está no controle do piloto e não da máquina, diferente de jogos como Zone of The Enders. Com os trailers do sexto jogo, muitos ficaram receosos de que isso seria perdido, algo que não aconteceu completamente.

Armored Core VI traz um combate extremamente ágil, no qual o jogador precisa estar sempre atento e saber a hora certa de fazer uma grande ofensiva. Mas, apesar do aumento na velocidade e algumas facilidades como o boost não gastar energia, ainda é complicado controlar o AC.

Nas primeiras missões a experiência pode ser um pouco frustrante com a máquina andando levemente adiante do que deveria, ou pode ser difícil entender o uso da energia para voar e utilizar as esquivas. Mas um pouco de prática e entendimento fazem com que antes do final do primeiro capítulo o jogador já esteja familiarizado com o AC e possa apreciar o caos dos confrontos.

O destaque do jogo está em seus combates contra outros Armored Core, seja nas missões principais ou na Arena, um modo totalmente focado nesses confrontos. Eles são rápidos e caóticos de uma forma divertida, repletos de explosões que podem até lembrar algum Bullet Hell, fazendo com que o jogador entre num estado de alerta devido a uma nova função chamada de SCA, bem similar à postura de Sekiro. Com isso, o jogador precisa saber a hora de avançar e recuar, o que torna a luta profunda, já que ela não se resume somente em atirar sem parar.

Montar seu AC é uma tarefa importante para avançar no jogo.

Mas antes de sair para ação é importante montar o seu AC. Para isso, o jogo tem uma infinidade de peças que incluem armas de longo e curto alcance, torço, braço, pernas, propulsores e outras coisas para que o jogador tenha seu estilo de jogo. Talvez o jogador prefira criar uma máquina mais leve e frágil, ou então colocar pernas de tanque e um armamento pesado nas costas para acabar com o inimigo rapidamente. A experimentação é fundamental, principalmente com o fato de que é possível mudar seu AC sempre que morrer em uma missão, podendo se adaptar e utilizar o que for melhor para cada momento.

Assim como controlar seu AC, apesar de ser divertido, aprender a montar sua máquina não é um trabalho simples. O jogo, mesmo apresentando um tutorial explicando sobre tipos diferentes de AC que podem ser criados, não faz o bastante para explicar sobre os vários números como peso, gasto de energia e outras várias coisas que é preciso de tempo para entender. Isso pode causar uma sobrecarga no jogador inicialmente pela quantidade de informação, o que pode levar a um início frustrante.

Em quesitos técnicos, o jogo não deixou a desejar. Na versão de PS4 o game não apresentou nenhum bug, e o tempo de carregamento não é muito longo, deixando a volta após uma morte bem ágil.

Outras mudanças do novo Armored Core vão além da velocidade, e mostram a influência dos anos da FromSoftware trabalhando com Dark Souls – o que traz algumas coisas boas e outras nem tanto. Primeiro, agora em toda missão o jogador tem três itens de cura para recuperar a vida durante o conflito, e esses itens em algumas ocasiões podem ser repostos. Como muitos combates podem ser encerrados em segundos, isso deixa um pouco menos exaustivo batalhar e dá uma margem de erro maior para os jogadores, o que é ótimo, já que alguns momentos podem ser mais difíceis do que muitos soulslike.

A outra grande inspiração na franquia de sucesso do estúdio são as lutas contra chefes. Algumas delas são extremamente grandiosas, e o jogador precisa aprender seus padrões para conseguir entender o melhor momento de desviar e atacar. Apesar de alguns desses confrontos serem divertidos, quanto mais similar a Dark Souls o chefe era, pior era a batalha.

Armored Core é um jogo sobre velocidade e reação rápida, e lidar com esses grandes inimigos faz com que a luta se torne longa e algumas vezes tediosa. Além disso, esse elemento tira um pouco a liberdade do jogador de jogar de sua própria forma, já que existe um jeito ideal de lidar com aquele inimigo. Até mesmo a trilha sonora decai nesses momentos, substituindo um som eletrônico empolgante que combina com a estética da franquia por um coro genérico para tentar reproduzir a música épica de um jogo de fantasia.

Talvez o ponto mais negativo de Armored Core VI sejam seus cenários. Com raras exceções, nenhum deles é marcante e vários são repetidos diversas vezes pela jornada, o que pode até passar batido no meio do caos, mas torna o mundo menos interessante. Alguns mapas até tentam trazer alguma narrativa em suas construções para que o jogador imagine o que acontece ali, embora essas tentativas sejam mínimas e esquecidas bem facilmente.

Nota: 7 de 10.

Armored Core VI: Fires of Rubicon pode ser inicialmente opressor com sua quantidade de informações e uma jogabilidade com a qual leva tempo para se acostumar, mas é um jogo desafiador e divertido. Suas mudanças estão no meio termo perfeito para agradar fãs clássicos e novos viajantes, mas a produção brilha muito mais enquanto está tentando ser ela mesma ao invés de tentar adaptar ideias de outras franquias da FromSoftware.

Nota: 7/10

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