Rebel Moon: Zack Snyder diz que Marvel e DC estão presas em caixinhas

Rebel Moon: Zack Snyder diz que Marvel e DC estão presas em caixinhas

Diretor comentou sobre fãs de filmes de heróis serem mais intransigentes.  

Após décadas em desenvolvimento, Rebel Moon finalmente está chegando. O ambicioso projeto de ficção científica de Zack Snyder para a Netflix promete levar os fãs em uma odisseia espacial com um elenco cheio de estrelas, mas, de acordo com o diretor, é bem mais tranquilo trabalhar nesse projeto do que adaptar uma história em quadrinhos da DC. 

Durante a passagem do diretor pelo Brasil, participei de uma mesa-redonda com Snyder e, durante a conversa, ele falou sobre as dificuldades em lidar com as limitações de um filme baseado em HQs e como foi mais divertido criar sua própria história.  

“Eu acho que a coisa interessante de começar a desenvolver esse conceito em uma espécie de mitologia universal, você basicamente tem que criar seu próprio cânone e entender as regras desse nosso mundo,” disse Snyder. “Você começa com uma tela em branco em que tudo é possível e agora a gente tem que comprimir as coisas de acordo com as regras desse mundo, o que podemos fazer e o que não podemos fazer. […] Eventualmente as regras que você mesmo criou acabam te alcançando, o que eu acho que é uma coisa boa. Eu acho que é divertido não ter nenhuma regra por um tempo e depois acreditar nas regras que você criou e confiar nessas regras que ajudam a moldar a ideia que você teve conforme o projeto avança.”

Deborah Snyder, esposa de Zack e produtora de Rebel Moon, aproveitou para contar como a experiência deste projeto era diferente de quando a dupla trabalhou com os filmes da DC Comics:

“Eu acho que depois de trabalhar mais de uma década na DC onde tem muita gente dizendo ‘o Batman não pode fazer isso, o Superman não pode fazer isso’, onde tem uma expectativa e uma grande história canônica, você meio que acaba ficando preso em uma caixinha,” revelou. “Tem sido revigorante que, mesmo que estejamos criando nossa própria caixinha, ainda fomos nós que tivemos a liberdade de criar isso: esse mundo que é novo e único, com esses personagens e tudo mais.” 

Mesmo assim, ela é bastante grata por toda a experiência adquirida na DC: 

“Nós aprendemos muito com essa experiência [na DC] de como criar um mundo e como seguir as regras, porque acho que você precisa aprender isso antes de criar seu próprio universo.” 

Zack Snyder também aproveitou para pontuar como os fãs das HQs são diferentes dos fãs de filmes na maneira que eles aceitam mudanças e ideias insanas, além de comentar sobre como ele acredita que a Marvel e a DC acabaram se prendendo em sua própria fórmula: 

“Sabe, foi divertido porque com o gênero de super-heróis, o que foi interessante é que eu fui tratado… quadrinhos são diferentes de filmes. O público dos filmes, na minha experiência, é menos flexível em relação a estas propriedades intelectuais do que os fãs de HQs. Se eu estivesse escrevendo um quadrinho do Batman ou do Superman, eu poderia fazer o que quisesse. Eu ficaria tipo: ‘Nessa versão o Batman é cego! É incrível! Essa é a minha versão!’ e os leitores ficariam: ‘oh, isso é incrível!’ Mas se eu tentasse fazer isso em um filme o público rejeitaria.

 

Acho que é esse o meu ponto. Talvez no futuro, agora que educamos toda uma geração que não era leitora de quadrinhos com a mitologia das HQs, e elas entendem isso, talvez agora [as coisas mudem]. E especialmente agora que a DC e a Marvel, quando falamos de cultura pop, eles meio que atingiram o limite do que era possível dentro do cânone. Acho que eles precisam ferrar com isso. Eles estão em uma pequena caixinha… Eles podem ser propriedades intelectuais colossais mas estão aprisionados em uma caixinha. Bem, eu tentei romper com esses limites…”

Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo estreia no dia 22 de dezembro, na Netflix.

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