Afinal, quais filmes e séries não serão atingidos pela Greve dos Roteiristas?
Afinal, quais filmes e séries não serão atingidos pela Greve dos Roteiristas?
A Greve chegou para valer – mas algumas produções não devem ser impactadas por ela!
Um dos grandes assuntos do momento em Hollywood, a Greve dos Roteiristas veio para trazer uma série de mudanças no que diz respeito à forma como a classe é tratada pelos grandes estúdios – especialmente na era do streaming, onde o trabalho de milhares de roteiristas (bem como outros artistas) não estão tendo o devido reconhecimento salarial. Ainda assim, uma questão que se abate sobre muitos diz respeito a quais produções não serão afetadas pela greve. Vem com a gente que nós contamos!
Com o início da greve decretado no último dia 2 de maio, todas as produções cobertas pelo WGA – o Sindicato de Roteiristas da América – que ainda estão em estágio de escrita de roteiro foram paralisadas. Apesar das circunstâncias serem bem diferentes da última greve, que aconteceu entre 2007 e 2008, é estimado que os grandes estúdios percam bilhões de dólares enquanto a AMPTP (Associação de Produtores de Cinema e TV) e as empresas não entrem em um acordo com a classe sindical.
Por isso, diversas séries estão tendo sua produção interrompida, enquanto alguns filmes anunciados para os próximos anos podem demorar um pouco mais a chegar – e embora sejamos movidos pela cultura pop, é importante frisar que os roteiristas não estão errados em suas demandas, uma vez que a ascensão do streaming escancarou uma série de problemas no modo como a classe é tratada em Hollywood.
No entanto, essa paralisação não deve afetar diretamente todas as áreas da indústria cinematográfica, por uma série de motivos bem diversos. Enquanto algumas produções já passaram da fase de escrita de roteiro, outras não são exatamente cobertas pela jurisdição do WGA e, portanto, não fazem parte da greve. Eis aqui alguns exemplos de produções que continuarão a ser desenvolvidas durante a paralisação de Hollywood:
Filmes e séries que já tiveram seu roteiro escrito ou estão em processo de finalização
Enquanto a greve deve valer para centenas de obras que ainda estão em estágio de pré-produção, alguns projetos já passaram por essa fase e estão com suas gravações bem adiantadas, ou até mesmo já terminaram suas filmagens e estão passando pelo processo de pós-produção.
Boa parte dos filmes anunciados para este ano, por exemplo, vão continuar com suas datas fixas no calendário – exceto, é claro, caso a greve se estenda por muito tempo e os estúdios não queiram ficar com “rombos” em sua programação dos próximos anos, o que faria com que algumas produções pudessem ser adiadas para um lançamento posterior.
Isso significa que filmes como As Marvels, Flash, Besouro Azul, Barbie, Oppenheimer, o novo O Exorcista, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e muitos outros não devem ser diretamente afetados pela greve, já que todos esses já foram gravados e estão prestes a estrear. O mesmo vale para filmes que já tiveram seus roteiros escritos, mas ainda estão no meio das gravações ou estão prestes a terminá-las – como, por exemplo, Coringa: Folie à Deux e Capitão América: Nova Ordem Mundial. O mesmo vale para algumas séries.
No entanto, é importante ressaltar que alguns filmes passam por um processo de refilmagens – geralmente quando é necessário adicionar alguma coisa nova ou o material pronto não está 100% perfeito. Em alguns desses casos, os roteiristas retornam para escrever novas cenas – e caso a greve se estenda até lá, produções que passarem por esse tipo de regravação podem ser paralisadas também.
Produções estrangeiras, independentes e (algumas) animações
Enquanto o item anterior cita produções que fazem parte do escopo do WGA, precisamos pensar que Hollywood é apenas um dos mercados cinematográficos do mundo e nem todos os outros serão paralisados pela greve – uma vez que apenas o Sindicato dos Roteiristas da América (do Norte) está aderindo à paralisação.
Ou seja, produções estrangeiras continuarão a todo vapor, seja na Coréia do Sul, na Nigéria ou no Brasil, por exemplo. A prova disso é que a Netflix fechou contrato com várias produtoras sul-coreanas para continuarem lançando novos materiais pelos próximos anos – uma tática extremamente criticada por servir como cortina de fumaça para as demandas dos roteiristas norte-americanos.
Além disso, há outros tipos de produção dentro dos Estados Unidos que não devem parar, por não fazerem parte da jurisdição do sindicato. Alguns filmes independentes, por exemplo, geralmente são feitos por cineastas amadores que ainda estão se inserindo no mercado audiovisual e, portanto, não possuem filiação ao WGA. Eles podem continuar suas produções normalmente.
Algumas animações também podem continuar, já que várias obras não são cobertas pelo WGA e sim pelo TGA – o Sindicato dos Animadores. Isso inclusive levanta um outro debate à parte sobre como a classe dos animadores é uma das mais prejudicadas pela ganância dos estúdios e plataformas de streaming, uma vez que devem ter seu trabalho redobrado para compensar pela paralisação de obras em live-action.
No entanto, vale ressaltar que não são todas as animações que existem “fora da alçada” do Sindicato dos Roteiristas, uma vez que seus escritores são afiliados ao WGA – e algumas inclusive já foram paralisadas, como é o caso de Big Mouth, da Netflix.
O que é a greve e o que os roteiristas demandam?
A Greve dos Roteiristas é um assunto que já está em discussão há alguns meses, antes mesmo de ser declarada. Basicamente, a classe se reuniu para pedir melhorias na forma como artistas são pagos, ainda mais com a transição de plataformas como TV e cinema na era do streaming.
Enquanto antigamente, os roteiristas retiravam sua renda mensal a partir de residuais – ou seja, toda vez que um filme ou série que eles escreveram era exibido na TV ou relançados no cinema, eles tinham direito a uma porcentagem dos lucros pagos ao estúdio -, atualmente isso é quase impossível, já que não há uma regulamentação adequada para os lucros adquiridos com o streaming.
De acordo com o próprio site do Sindicato dos Roteiristas, as demandas para o fim da greve incluem um aumento da compensação mínima (reajuste do piso salarial), expansão das proteções para todos os roteiristas de televisão e aumento no salário residual para os mercados que reutilizam obras já existentes (reexibições e lançamentos no streaming).
Além disso, há demandas sobre uma maior regulamentação no uso de inteligência artificial e algoritmos tecnológicos treinados, além de uma legislação mais detalhada sobre cláusulas de exclusividade nos contratos de roteiristas televisivos, além da exigência de medidas para combate à descriminação e o assédio contra a classe.
E vale lembrar: por enquanto, a greve se estende apenas aos roteiristas mas isso pode mudar muito em breve, uma vez que vários sindicatos de Hollywood também não estão felizes com os pagamentos esdrúxulos feitos pelos estúdios com a ascensão do streaming. Recentemente, correram rumores de que o DGA e o SAG – o Sindicato dos Diretores e o Sindicato dos Atores – também podem aderir à paralisação. E se isso acontecer, toda a indústria passará por um período de “apagão”, com todas as produções cobertas pelos sindicatos paralisadas até que se atinja um acordo com os estúdios e produtores.
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