Produtor de The Last of Us fala sobre problema de gênero na divisão das categorias após indicação de Bella Ramsey ao Emmy
Produtor de The Last of Us fala sobre problema de gênero na divisão das categorias após indicação de Bella Ramsey ao Emmy
Ramsey se identifica como uma pessoa não-binária
Ainda que as questões de gênero tenham alcançado maior repercussão atualmente, a indústria do entretenimento e as premiações referentes a ela possuem muito o que se adaptar em termos estruturais. A prova mais recente disso foi a indicação de Bella Ramsey, intérprete de Ellie Williams em The Last of Us, ao Emmy de Melhor Atriz, mesmo não se identificando como uma pessoa cis. O produtor da série, Craig Mazin, comentou o caso.
Apesar de ter sido indicade nessa quarta-feira (13) ao prêmio de Melhor Atriz Principal em Série Dramática, Bella Ramsey já havia admitido em entrevista à Vogue Britânica que se identificava como uma pessoa não-binária e preferia o uso de pronomes neutros. Essa situação trouxe à tona a discussão acerca de premiações menos ligadas ao gênero e Mazin, em entrevista à Variety, anunciou seu apoio a causas trans no meio artístico, mesmo assumindo ser um assunto delicado.
“Eu falo sobre tudo com Bella, então é claro que conversamos sobre isso”, disse Mazin sobre falar com elu sobre a inevitável indicação. “É um desafio realmente interessante. Por um lado, a conversa sobre gênero se transformou dramaticamente e de forma muito progressiva e positiva. Por outro, temos que ter certeza de que, ao nos afastarmos das categorias de gênero, não [esqueçamos] de grupos tradicionalmente negligenciados… E sabemos que em categorias sem gênero específico, como direção e roteiro, as mulheres têm sido historicamente sub-representadas. Não sei a resposta, mas tenho toda a expectativa de que artistas não-binários sejam reconhecidos em breve da forma respeitosa e adequada que merecem.”
Em janeiro desse ano, um caso parecido ocorreu com Emma D’Arcy, intérprete de Rhaenyra Targaryen em House of the Dragon. No início da carreira, D’Arcy sentia necessidade de se apresentar de forma feminina para alcançar um espaço. Porém, a partir do momento em que resolveu se assumir uma pessoa não-binária, a indicação como Melhor Atriz no Globo de Ouro veio, o que elu admitiu na época ser bastante “irônico”.
Houveram também artistas que simplesmente se recusaram a participar de uma competição em que fosse necessário mentir sobre a sua identidade de gênero para se encaixar, como foi o caso de Liv Hewson de Yellowjackets que declarou: “Não há espaço para mim nas categorias de atuação. Não seria preciso me candidatar como atriz. Nem fazia sentido ser juntade com os garotos.”
Como Mazin salientou, não há uma resposta simples para solucionar essa questão, mas é importante que a discussão exista e que algo seja feito. Algumas premiações como o Gotham Awards, por exemplo, já fizeram algumas mudanças em suas categorias, substituindo as categorias de Melhor Ator e Melhor Atriz por Melhor Desempenho Principal e Melhor Desempenho Coadjuvante, sem considerar o gênero do profissional e sem impactar na diversidade dos vencedores.
São pequenos passos que são dados pela comunidade trans que podem parecer sem importância para muita gente, mas que podem incentivar quem nunca se sentiu parte da sociedade a crescer profissionalmente, garantindo que há sim um espaço para cada um deles não apenas no meio artístico, mas também no mundo.
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