PlayStation VR2: O que achamos de Firewall Ultra e A Fisherman’s Tale
PlayStation VR2: O que achamos de Firewall Ultra e A Fisherman’s Tale
Lançamentos do console variam muito em estilo e qualidade
Cerca de seis meses após seu lançamento, o PlayStation VR2 ainda possui uma biblioteca relativamente modesta. Com compatibilidade exclusiva ao PlayStation 5, não são tantas as desenvolvedoras que apostaram no novo periférico da Sony que entrega a nova evolução da realidade virtual. Ainda assim, alguns lançamentos chamaram a atenção nos últimos meses, seja por sua diversão, criatividade, qualidade ou por ao menos tentar apresentar um conceito legal.
Testamos dois jogos de PlayStation VR2 para você conhecer um pouco mais dessa plataforma tão subestimado — Firewall Ultra e A Fisherman’s Tale. Segue uma breve crítica para entender melhor quais desses jogos combinam com você.
Firewall Ultra: o CS em imersão completa
Firewall Ultra, do estúdio First Contact Entertainment, é um simples jogo de tiro multijogadores em primeira pessoa. A palavra-chave aqui sendo simples. Custando R$200 na PlayStation Store, o título oferece apenas o mínimo possível para os amantes do gênero: basicamente a experiência básica que o Counter Strike, o clássico CS, oferece para PC.
O título se divide em dois modos — o PvE e o PvP — mas ambos operam de forma bastante similar. A missão é sempre defender uma área da equipe inimiga, seja ela coordenada por outros jogadores ou não. As partidas funcionam de forma bastante fluida, mesmo que demore um bocado para achar jogadores o suficiente. A parte de conexão, em si, com jogadores de todo o mundo funciona muito bem. Afinal, considerando que exige uma assinatura da PlayStation Plus, o mínimo que se espera é uma conexão bem estável.
O problema real está no conteúdo. Para começar, no lançamento o título conta com pouquíssimas opções de mapas, armas e operadores. Os desenvolvedores até tentaram disfarçar, incorporando um sistema bem injusto de microtransações que força a necessidade de participar em muitas partidas para conseguir moedas o suficiente para adquirir os itens mais simples. Ainda assim, não demora para ficar claro que não existe conteúdo o suficiente para prender o jogador. Contudo, os problemas não param por aí.
A jogabilidade está cheia de pequenas falhas que precisam ser consertadas com certa urgência. Além de animações estranhas, trocas automáticas da mão que está segurando as armas e erros nas explicações dos tutoriais acontecem com alguma frequência. Mais do que deveriam. Não existem também muitas opções comuns em jogos modernos do gênero, como um botão ou gesto dedicado para se esconder atrás de uma barricada. E ainda tem a questão da seleção de qualquer coisa por um botão de ação, que exige uma pequena espera para funcionar, ser muito desengonçado e nada intuitivo.
O melhor que o título tem a oferecer é imersão. Quem sempre sonhou em se sentir dentro de uma partida de CS estará em casa. A direção de arte capricha em entregar personagens e ambientes bem detalhados, com uma iluminação interessante e toda pompa visual para vender a realidade das partidas.
O bom uso do rastreamento ocular, de maneira reativa a situações específicas, também ajuda a passar a impressão de que suas ações são refletidas com exatidão no jogo — fechar um olho com uma sniper, por exemplo, aproxima automaticamente a mira e fechar ambos os olhos ao perceber uma granada de luz também anula seus efeitos. Caso a mesma criatividade houvesse sido aplicada a outros pontos do título, como a recarga das armas, a abertura de portas e outras ações nada intuitivas, talvez o resultado tivesse sido mais agradável.
No fim, Firewall Ultra é uma experiência decente para fãs de Counter Strike, Rainbow Six e outros jogos multiplayer de tiro. Porém, o título falha em entender o público alvo principal do PlayStation VR2 — pessoas que estão procurando a imersão máxima em sua experiência. Claramente o pouco esforço dedicado ao jogo foi alocado para a experiência competitiva, que apesar de simplória é bem competente, e a adequação da jogabilidade aos gestos imersivos típicos da realidade virtual ficaram em segundo plano. Acaba sendo um jogo recomendado apenas para grandes fãs do gênero.
A Fisherman’s Tale: Um sonho surreal para mentes criativas
A Fisherman’s Tale, da Vertigo Games, é uma experiência incrível para quem gosta de desafios lógicos, quebra-cabeças e um bom mistério. Dentro de um farol, o jogador encarna um barqueiro preso em sua tediosa rotina até que as coisas saem do normal e tudo vira um inexplicável sonho dentro de um sonho.
Sabe quando você está observando alguém dentro de um sonho que imita todos os seus movimentos e depois de um tempo percebe que este alguém é você mesmo? Essa é a premissa deste jogo inusitado. Existe uma maquete do farol dentro do jogo. Tudo que o seu personagem faz essa maquete, acontece em tamanho real no mundo do jogo.
Com o tempo, a obra começa a brincar com a ideia de percepção e de tamanho de formas mais criativas. Jogar um objeto grande dentro da pequena maquete faz surgir uma versão gigante bem do seu lado. E a partir destas interações mais inusitadas que as soluções mais criativas dos quebra-cabeças começam a surgir.
O único problema é que, muitas vezes, descobrir a solução nem é tão desafiador — encontrar uma maneira dentro das limitadas regras do jogo de cumprir o objetivo que é realmente complicado. A Fisherman’s Tale aceita apenas uma forma de resolver os seus enigmas, o que se prova uma decisão um tanto quanto revoltante.
Explorar os ambientes usando a criatividade não é muito incentivado. Na verdade, o que o título espera é que o jogador encontre um elemento específico capaz de resolver cada obstáculo. Com o tempo, tamanha limitação acaba diluindo parte da imersão proposta pela experiência, que ainda conta com uma história interessante e reflexiva.
Para quem gosta de quebrar a cabeça com desafios lógicos instigantes, A Fisherman’s Tale é uma boa pedida. Tem um toque dos melhores títulos do gênero, como Subliminal, que resultaria em uma experiência ainda melhor não fosse o medo de permitir que os jogadores expressem suas ideias de forma mais livre. Uma opção razoável para quem quer um desafio de poucas horas no PlayStation VR2.
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