Parceiro atual da Nintendo em filme de Super Mario Bros tentou pegar os direitos da franquia nos anos 80

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Parceiro atual da Nintendo em filme de Super Mario Bros tentou pegar os direitos da franquia nos anos 80

Por Gabriel Mattos

Super Mario Bros. — O Filme, fruto da colaboração entre Nintendo e Universal, está rapidamente se tornando uma das parcerias de maior sucesso da história do cinema. Porém, o que poucos imaginam é que, no passado, as empresas protagonizaram uma das disputas judiciais mais épicas da indústria. Em 1982, a Universal processou a Nintendo por Donkey Kong, alegando similaridade com o filme King Kong, e perdeu de uma forma assombrosa (via CBR).

Por que a Universal Studios processou a Nintendo?

Na época, a Nintendo não era uma gigante dos jogos como nos dias de hoje. Depois de uma série de fracassos, a empresa havia enfim conseguido um sucesso estrondoso em 1981 com um arcade de Donkey Kong, jogo que marcou a estreia do próprio Mario. O game deu tão certo que a Nintendo rapidamente expandiu seus negócios, licenciando o personagem para diferentes marcas, o que chamou atenção da Universal.

A empresa, que já era enorme no segmento do cinema, queria uma fatia do crescente mercado de jogos. E seu plano era conseguir parte dos lucros de Donkey Kong. Sid Sheinberg, presidente da Universal Studios na época, ordenou que Robert Hadl, vice-presidente de assuntos jurídicos, montasse um caso alegando que o game infringia os direitos da marca King Kong e ameaçou levar a Nintendo aos tribunais.

Como foi o caso da Universal contra a Nintendo?

Primeiro sucesso da Nintendo atraiu empresários ambiciosos

Ao ser intimado sobre o processo, em 1982, o advogado da Nintendo, Howard Lincoln, pediu apenas um documento que comprovasse os direitos da Universal ao King Kong. A rival apenas enrolou, o que deixou o jurista com a suspeita de que algo estava errado. Assim, a Nintendo contratou um especialista em direito intelectual, John Kirby, que acabou com os planos da Universal em sete dias de julgamento.

Kirby não apenas conseguiu provar diferenças chave entre os personagens, especialmente no tom cômico do então vilão da Nintendo, como também que a Universal não era sequer dona por direito do King Kong. O advogado descobriu que o estúdio americano só conseguiu fazer um filme com o gorila após alegar que o personagem fazia parte do domínio público, em um processo contra a produtora RKO Pictures.

O que aconteceu com a Universal?

O feitiço virou contra o feiticeiro e a Nintendo descobriu que era a Universal quem estava usando a sua propriedade. Acontece que um dos parceiros da produtora de jogos fazia parte da Universal e, depois dessa confusão jurídica, havia começado a vender uma imitação de Donkey Kong após mudar apenas o chapéu do Mario. Antes de perder o processo, a Universal também tinha ameaçado as parceiras da Nintendo.

No final, ambas as situações resultaram em um contra-processo e a Universal precisou desembolsar U$1.8 milhão a sua rival. O embate acabou tendo outra consequência muito improvável: a criação de um novo personagem. Em agradecimento ao desempenho espetacular de seu advogado, posteriormente a Nintendo batizou o protagonista de seu novo jogo como Kirby. E o resto é história.

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