Julia Ormond acusa Disney e outras empresas de acobertar abusos de Harvey Weinstein
Julia Ormond acusa Disney e outras empresas de acobertar abusos de Harvey Weinstein
Atriz de Mad Men e The Walking Dead: World Beyond acusa estúdio de conivência com produtor abusador.
Em outubro de 2017, a indústria cinematográfica passou por uma implosão quando o The New York Times publicou um artigo revelando dezenas de acusações de abuso, assédio e violência sexual contra Harvey Weinstein, produtor lendário de Hollywood que chefiava a The Weinstein Company. Desde então, a polêmica resultou na criação do movimento #MeToo, e diversas mulheres vieram à público falar de seus abusos na indústria. Agora, chegou a vez de Julia Ormond contar sua história – e processar empresas coniventes com o produtor abusador.
Famosa por seu trabalho em Lendas da Paixão, Mad Men e, mais recentemente, The Walking Dead: World Beyond, a atriz britânica acaba de entrar em processo contra Weinstein, acusando-o de agressão sexual. Isso teria ocorrido em 1995, após um jantar de negócios. De acordo com as alegações de Ormond, Weinstein teria exigido que ela o fizesse uma massagem, além de se masturbar e forçá-la a fazer sexo oral.
Após o ocorrido, Ormond teria pedido orientação de seus agentes, Bryan Lourd e Kevin Huvane, atuais líderes da CAA, uma das maiores agências de atores de Hollywood. No entanto, de acordo com ela, os agentes a alertaram para não se manifestar sobre o assunto. Agora, ela também está processando a CAA por negligência, junto com a Miramax (empresa que era comandada por Weinstein na década de 90) e a Disney (que tinha a Miramax como sua subsidiária) por supervisão negligente e retenção.
O processo cita nomes de grandes figuras da indústria audiovisual, como Michael Eisner – que era CEO da Disney na época dos fatos – e Jeffrey Katzenberg – que era um dos executivos de alto escalão do estúdio. Vale notar que nenhuma dessas pessoas trabalha atualmente para o estúdio.
Em entrevista à Variety, a atriz explicou porque está seguindo em frente com o processo agora:
“Eu estou vindo a público com minha história agora porque sinto que ainda precisamos de uma mudança sistêmica, e sinto que precisamos responsabilizar nossos agressores e quem é conivente com eles, para que possamos chegar lá. Eu sinto que é isso que aconteceu comigo.”
Ormond conheceu Weistein em 1994, em uma reunião de negócios em Londres. A partir daí, os dois desenvolveram uma relação profissional próxima, e a atriz afirma que o produtor “agia apropriadamente” no começo, chegando a enviá-la roteiros de filmes para que ela fizesse testes. O episódio de agressão aconteceu no ano seguinte, quando a agência da atriz negociou um contrato de dois anos com a empresa de Weinstein, a Miramax.
Até o momento, a Disney se recusou a comentar sobre o processo. Enquanto isso, a defesa de Weinstein e a CAA não só negam veementemente as acusações, como chamam o processo de Ormond “sem base” e “refutável“.