Entre beleza e ditadura: A impressionante história da atriz que viveu a Bruxa do 71 em Chaves
Entre beleza e ditadura: A impressionante história da atriz que viveu a Bruxa do 71 em Chaves
A misteriosa personagem esconde uma atriz ainda mais intrigante
Chaves era um programa de TV tranquilo, feito em uma época mais simples em que fãs não ligavam muito para spoilers ou teorias. Ainda assim, uma personagem despertava a curiosidade de todos com seu ar misterioso: Clotilde, a Bruxa do 71. Mas ninguém poderia imaginar que por debaixo da cara amargurada da personagem, existia uma belíssima atriz igualmente enigmática — a talentosa Angelines Fernández, que escondia um passado doloroso, marcado pela ditadura (via Semana).
Dona Clotilde contra o fascismo
Apesar de ser um sucesso no Brasil, Chavez é uma produção mexicana. Assim, a grande maioria do seu elenco também nasceu no México, mas esse não era o caso de Angelines — ela foi parar no país como imigrante.
Angelines Fernández foi nascida e criada em Madrid, na Espanha. Quando tinha cerca de 14 anos, a Guerra Civil Espanhola chegou ao fim e o país mergulhou em uma ditadura fascista sob o comando de Francisco Franco. Mas isso não significa que toda a população aceitou pacificamente este regime.
Como demonstrado no filme O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro, haviam grupos de guerrilheiros que enfrentavam o exército nacional. E Angelines se tornou uma dessas combatentes. Ela já estava se estabelecendo como um nome no teatro e observar a miséria de seu povo a levou a lutar ao lado de republicanos, antifascistas, sindicalistas e comunistas.
Porém, Franco conseguiu apoio bélico de Benitto Mussolini, na Itália, e de Adolf Hitler, na Alemanha, e começou a perseguir todos os intelectuais alinhados com a esquerda. Depois de ser descoberta pelos militares, em 1947, a atriz precisou fugir para não ser morta. Com 23 anos, procurou nas nações latino-americanas, que desafiavam abertamente os governos fascistas da Europa, um novo lar (via BBC México).
A namoradinha do México
Apesar de Cuba estar em seus planos iniciais, a atriz foi abraçada pelo México. Angelines despontou como um dos principais nomes do cinema mexicano, atuando ao lado de lendas como Arturo de Córdova.
Não só o seu talento extraordinário, mas também a sua beleza estonteante conquistaram o público e chamaram a atenção de Ramón Valdés. Ele interpretava o Seu Madruga e convenceu Chespirito a chamá-la para o programa. A partir de 1972, após aparecer no episódio “Quem canta, seus males espanca”, Angelines foi eternizada como a Dona Clotilde, a Bruxa do 71.
O próprio nome da personagem parece ser uma alusão à beleza da atriz. Era comum, na época, que as mulheres tidas como as mais belas serem batizadas de musas do ano. Assim, como ironia, ao invés de ser declarada a musa do ano, a personagem foi eternizada como a Bruxa de 1971, tido como o ano de sua criação.
Ramón e Angelines logo se tornaram melhores amigos, até o fim de suas vidas. Valdés morreu em 1988, agravando o quadro de depressão de sua colega. Em 1994, a eterna Bruxa do 71 também acabou partindo, com exatamente 71 anos.
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