Diretores de documentário sobre DC Comics revelam o que novo DC Studios precisa fazer para um futuro de sucesso
Diretores de documentário sobre DC Comics revelam o que novo DC Studios precisa fazer para um futuro de sucesso
Estudando o passado da empresa, Leslie Iwerks e Mark Catalena imaginam caminho para o futuro
Após uma série de fracassos no cinema, a pressão para que o planejamento de James Gunn e Peter Saffran para o futuro da DC Studios funcione é maior que nunca. Entretanto, pode haver um caminho secreto garantido para o sucesso caso eles conheçam bem a história da empresa. Pelo menos é o que pensam Leslie Iwerks e Mark Catalena, diretores do documentário Superpoderosos: A História da DC, que estreou no HBO Max no dia 20 de julho.
Histórias que importam
Em entrevista à Legião dos Heróis, a dupla de renomados cineastas conversou sobre as lições que aprenderam sobre a empresa após entrevistarem mais de 60 profissionais do mundo criativo que fizeram parte da história da DC Comics. E para Leslie, analisar com calma exatamente os erros e acertos dessa trajetória da empresa nos cinemas será crucial para acertar o tom do novo Universo DC.
“Para mim é entender de onde a DC veio e o que funcionou ao longo do tempo e o que não funcionou e o porquê. Realmente entender isso. E também sempre ver mudança como algo bem-vindo, em relação ao mundo ao nosso redor e vendo como esses personagens refletem a cultura e como a cultura impacta esses personagens nas histórias,” reflete Iwerks.
No documentário, a dupla mostrou como uma resistência inicial em incorporar diversidade e questões relevantes a sociedade levou a DC Comics a perder espaço no mercado para a Marvel Comics e, posteriormente, até para rivais menores como a Image Comics, de Jim Lee. Com o tempo, a editora acabou abrindo espaço para mais talentos negros, com a Milestone Comics do Super Choque, e trouxe Lee como principal editor, com um olhar mais amplo para a empresa.
“Tudo começa com pessoas diferentes crescendo nos bastidores, sabe? E o grande nome é Jim Lee. Ele dizia ‘Eu quero fazer disso uma prioridade’ E todas as pessoas que eles recrutaram, eu acho que foi uma grande missão para eles. [Seguir o lema:] ‘O mundo é um grande lugar. Vamos incluir todo mundo. E não apenas representar, mas deixar que vozes autenticas sejam quem vão contar essas histórias’,” revela Catalena.
Para o diretor, a melhores entrevistas do projeto envolvem criadores negros contando as suas experiências na DC Comics. Iwerks ainda acrescenta que a próprio política sempre moldou as histórias que eram contadas pela DC Comics, o que não pode ser ignorado pela nova gestão.
“A história de personagens marginalizados e das pessoas representadas nessas páginas têm sido importantes para eles o tempo inteiro. E você começa a ver meio que durante a [Segunda] Guerra, depois da guerra, a Guerra do Vietnã, toda a era dos direitos civis… Você vê nos quadrinhos da Vertigo, The Invisibles, a primeira heroína drag queen nos anos 90… As pessoas conseguem se enxergar nas páginas desses quadrinhos e isso era o necessário e importante para a DC enquanto cresciam,” relembra Iwerks.
Mark Catalena comenta ainda que essas mudanças sempre acabam irritando uma parte pequena e vocal dos fãs, mas que Gunn deveria continuar seguindo a política que a DC Comics empregou ao longo dos anos.
“Eu sinto que a DC não cede. Eles não ligam. Eles não escutam esse barulho. Eles sabem qual é o lado certo da história e vão continuar. O que eu acho admirável,” confessa. “Esses personagens sempre estiveram envolvidos em questões sociais. Eles sempre foram políticos. Não é algo novo. Contudo, sempre dá para fazer mais. Eu acho que há muito que melhorar e eles não tem medo de seguir por esse caminho, o que eu acho ótimo.”
Escolher os personagens certos
Considerando os nomes anunciados para o elenco de Superman: Legacy, podemos ver algum nível de reflexão social com a introdução de Isabela Merced, uma atriz latina, como Mulher-Gavião. Ela é apenas uma das heroínas confirmadas no primeiro filme desta nova saga e, para Leslie Iwerks, escolher os personagens certos para essa nova etapa também é algo que pode fazer a diferença.
“[Ver] quais personagens estão mais populares e os personagens que podem encontrar um novo público que talvez não tenham encontrado seu nicho antes. Usar tecnologia e novas formas de efeitos visuais, mas no final do dia, garantir uma boa história e coração. Isso que realmente conecta com as pessoas,” diz.
Nesse sentido, ambos concordam que James Gunn é o nome certo para encontrar a harmonia certa entre as diferentes histórias da primeira fase do DC Studios, chamada Gods and Monsters, devido à sua experiência com a trilogia Guardiões da Galáxia.
“Se tem alguém que consegue é o James Gunn… E [Peter] Saffran.” concorda Mark, “Conseguiu mostrar isso nos seus filmes da Marvel, equilibrando o humor, os sentimentos, a ação, sabe? É isso que precisa. E outra coisa que ele vem fazendo, que nunca foi feita antes… Ele está mergulhando no fato de que essas histórias, essas personagens, todas vieram dos quadrinhos. Ele está apontando a gente de volta para os quadrinhos. O que eu acho que foi uma grande oportunidade perdida no passado que ele está abraçando porque também é um fã.”
Ao anunciar os primeiros filmes e séries que fariam parte do Universo DC, James Gunn também divulgou a lista exata dos quadrinhos que serão cruciais para entender suas histórias. Não é algo completamente inédito na indústria — o próprio Matt Reeves não escondeu suas influências para Batman — mas certamente Gunn é quem fez isso com maior transparência, sem medo de assumir que estas histórias surgiram e ganharam vida nos quadrinhos.
Para entender um pouco melhor o que rolou nos quase 80 anos da editora, vale a pena conferir a série documental de três episódios Superpoderosos: A História da DC, disponível no HBO Max.
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