David Fincher diz que “não é responsável” por movimentos de extrema direita usarem Clube da Luta como símbolo
David Fincher diz que “não é responsável” por movimentos de extrema direita usarem Clube da Luta como símbolo
Clássico cult do diretor se tornou símbolo de grupos de extrema direita ao longo dos últimos anos
O clássico cult Clube da Luta (1999) é um marco da carreira do diretor David Fincher (Garota Exemplar), mas o longa vem recebendo uma atenção controversa nos últimos anos após se tornar símbolo de determinados movimentos extremistas. Em entrevista ao The Guardian, o cineasta opinou sobre a questão, afirmando que “não se responsabiliza” pela maneira como as pessoas interpretam seus filmes.
Adaptação do livro homônimo de Chuck Palahniuk, Clube da Luta já recebeu diversas análises por trazer um olhar sobre a masculinidade tóxica através de personagens como Tyler Durden, figura imortalizada no cinema pela performance de Brad Pitt. Devido ao contexto de sua premissa, ao longo das últimas décadas o filme acabou se tornando um símbolo para homens brancos de movimentos de extrema direita, incluindo supremacistas, incels, neonazistas e outros.
Após ser questionado acerca da controvérsia, Fincher frisou que não era a sua intenção fazer uma obra destinada a esse tipo de movimento, mas que não pode controlar a maneira como as pessoas interpretam seus trabalhos. “Não sou responsável pela maneira como as pessoas interpretam as coisas”, o diretor afirmou. “Não fizemos [o filme] para eles [movimentos de extrema direita], mas as pessoas enxergam aquilo que querem ver em uma pintura de Norman Rockwell, ou no Guernica [de Pablo Picasso]”.
Fincher completou sua declaração dizendo que não entende como certos indivíduos não entendem que Tyler Durden é uma péssima influência:
“É impossível para mim imaginar que as pessoas não entendam que Tyler Durden é uma influência negativa. Pessoas que não entendem isso… Não sei como responder e não sei como posso ajudá-las.”
Lançado em 1999, Clube da Luta acompanha a história de um homem sem nome, interpretado por Edward Norton, que sofre de insônia e é completamente infeliz. Até que ele conhece o estranho Tyler Durden, que o leva para dentro de um clube secreto onde homens se reúnem para extravasar suas angústias em violentos combates corporais.
Conhecido por suas regras rígidas (mesmo quem nunca assistiu ao filme provavelmente já ouviu falar sobre a tal primeira regra do Clube da Luta), o longa de David Fincher acabou parando nas mãos de movimentos de extrema direita nas últimas décadas — principalmente devido ao comportamento radical de Tyler Durden — cujos integrantes excluem todo e qualquer outro tipo de subtexto da produção que não se adequam aos ideais misóginos, racistas e preconceituosos disseminados por eles.
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