Coordenadora de efeitos visuais fala sobre condições de trabalho “desumanas” na Marvel
Coordenadora de efeitos visuais fala sobre condições de trabalho “desumanas” na Marvel
Após anos trabalhando em condições precárias, profissionais de VFX do MCU votaram a favor de sindicalização histórica na última semana
Os trabalhadores de efeitos visuais e de computação gráfica do Marvel Studios fizeram história na última semana após votarem a favor da sindicalização. A medida acontece depois que uma série de relatos sobre condições de trabalho precárias e exploratórias impostas pelo estúdio por trás do MCU vieram à tona ao longo do último ano. Em entrevista ao IndieWire, a coordenadora de VFX Alexandra Rebeck desabafou sobre a rotina “desumana” que a equipe de efeitos visuais enfrentava com produções da franquia.
De acordo com Rebeck, que coordenou a área de VFX na vindoura segunda temporada de Loki, na época em que ela começou a trabalhar com o Marvel Studios, na série Falcão e o Soldado Invernal (2021), os funcionários trabalhavam por cerca de 75 dias seguidos, ganhando uma folga apenas quando “tinham um colapso psicológico”. A coordenadora reforça que não acredita que esse cenário seja exclusivo da Marvel, mas que as condições de trabalho ali eram “inaceitáveis”.
“Não sei como isso pode ser aceitável”, disse Alexandra Rebeck ao IndieWire sobre as condições de trabalho na equipe de VFX do MCU. “Não sei como você consegue tratar pessoas assim. Foi o meu primeiro programa da Marvel, e aconteceu durante a pandemia de Covid-19, então muitas coisas não agiam a nosso favor… Não me impediu de retornar para outros programas da Marvel, e esses foram bem melhores. Não acho que seja uma coisa da Marvel, mas, de série para série, as coisas podem dar terrivelmente erradas. Não quero que alguém que entre na área de VFX acabe fazendo o que eu tive que fazer naquela série porque isso não é humano. Não é normal.”
Alexandra também comentou sobre a hesitação inicial dos profissionais em falar publicamente sobre as péssimas condições de trabalho no Marvel Studios. Segundo a coordenadora, havia um medo generalizado de que, se eles revelassem algo comprometedor, não iriam conseguir novos empregos na indústria:
“Quanto mais as pesquisas e os artigos saiam, mais pessoas sentiam que ‘Isso é real. Acho que realmente podemos fazer isso’. Às vezes, era difícil convencer as pessoas a falar, e eu acho que era mais por causa do medo do que por querer mudanças. Todo mundo quer mudar, mas há um medo: ‘Se eu falar algo, isso vai me colocar na lista do ódio da Marvel e eu nunca mais vou conseguir um emprego?’.”
Marcando a primeira sindicalização de trabalhadores de VFX na indústria cinematográfica, os funcionários de efeitos visuais e CGI do Marvel Studios agora formam uma união com o IATSE, a Aliança Internacional de Teatro e Funcionários de Palco. A votação foi assegurada pelo National Labor Relations Board (NLRB), agência do governo federal americano que protege trabalhadores de iniciativa privada, e garante o cumprimento de exigências trabalhistas, como pagamentos justos por horas trabalhadas e assistência médica.
Vale ressaltar que a expectativa é de que outros profissionais do setor, como os trabalhadores de efeitos visuais da Disney, também se sindicalizem em um futuro próximo.
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