Blaxploitation: o que é e 6 filmes indispensáveis para conhecer
Blaxploitation: o que é e 6 filmes indispensáveis para conhecer
“Bateu de frente é só tiro, porrada e bomba”
Com trilhas sonoras incríveis, atuações marcantes e histórias intensas, o Blaxploitation se tornou um dos mais importantes movimentos da cultura pop. Misturando black (“negro”) e exploitation (“exploração”), esse subgênero se debruçou na difícil tarefa em dar espaço e voz a negritude americana nos cinemas em uma época recheada de racismo. Mas, além do quesito representatividade, você sabe o que é o Blaxploitation?
O que é Blaxploitation?
Os anos 70 foram uma década complicada para os Estados Unidos, o mundo e a indústria cinematográfica. Com o aumento de movimentos sociais, como a segunda onda feminista, a Revolta de Stonewall e o crescimento do Partido dos Panteras Negras, a sociedade e cultura prometiam sofrer mudanças irreparáveis.
Seguindo um desses movimentos revolucionários, o Blaxploitation surgiu nos cinemas como uma forma de dar voz a histórias negras em uma época onde a comunidade lutava pelos direitos civis. O foco produtivo do Blaxploitation foi entre 1972 e 1975 e os filmes desse subgênero incluíam uma forte representatividade negra; Trazendo desde os cabelos afro, roupas coloridas e gírias populares até histórias com foco em violência policial e vingança.
De certa forma, o Blaxploitation surge como uma forma de luta contra o sistema que condena, mata e prejudica o corpo negro. Aqui, indivíduos negros tem a oportunidade de fazer justiça com suas próprias mãos, uma vez que a sociedade falhou com eles. Tudo isso, priorizando pessoas negras nas produções.
Infelizmente, após uma grande repetição de elenco e histórias, o gênero acabou caindo em desuso, mas não deixou de inspirar diversos produtores contemporâneos, desde Quentin Tarantino até Spike Lee. Mas, melhor do que explicar um gênero com termos difíceis, é trazer exemplos. Abaixo, confira 6 filmes que são Blaxploitation do início ao fim!
Foxy Brown (1974)
Em Foxy Brown, temos um dos principais rostos do Blaxploitation, Pam Grier. Dirigido e escrito por Jack Hill, o longa segue a história de Foxy, uma mulher negra que busca vingança pelo assassinato de seu namorado, o policial Dalton Ford. Assim como o seu falecido amado, a mulher decide se infiltrar na quadrilha responsável.
Com uma música e visual marcante, Foxy Brown é a pedida certa para entender as principais características desse movimento cinematográfico. O sucesso da produção foi tanto que serviu de influência para Quentin Tarantino produzir Jackie Brown, filme de 1997, também protagonizado por Pam Grier.
Blacula (1972)
E se o Drácula fosse negro? É a partir dessa premissa que o filme Blacula é construído. Nele, o príncipe africano Manuwalde é transformado em vampiro pelo próprio Drácula. Após perder sua esposa e mortalidade, o homem passa séculos adormecido. É então que acorda em Los Angeles e recebe o apelido de Blacula (“Black Drácula”, o Drácula Negra).
A partir daí, a história clássica de Bram Stoker retoma o controle. Blacula espalha um rastro de sangue e pânico da cidade, enquanto se apaixona por Tina, a reencarnação de sua esposa, Luva. O filme é uma divertida sátira que mostra uma das principais abordagens do subgênero no mundo do horror.
A Vingança dos Mortos (1974)
Ainda sobre o Blaxploitation se aventurando pelo mundo do horror, temos Sugar Hill, também conhecido como A Vingança dos Mortos. Protagonizado por Marki Bey, o filme explora a mesma ideia de assassinato e vingança de Foxy Brown, mas desta vez com zumbis no meio.
Nele, Diana “Sugar” Hill, uma fotógrafa de Houston, tem seu namorado assassinado pelo chefão do crime, Morgan. Para se vingar pela morte de seu amado, Sugar decide pedir ajuda de Mama Maitresse, uma espécie de bruxa vodu. A trama fica ainda mais interessante quando Mama invoca a entidade haitiana Barão Samedi, que oferece zumbis a Sugar para matar Morgan e seus homens.
Cleópatra Jones (1973)
Tamara Dobson é outro rosto que fez história no movimento Blaxploitation. Em Cleópatra Jones, a atriz vive uma agente que combate o tráfico de drogas na fronteira entre os Estados Unidos e o México. É depois de confiscar o suprimento de drogas de uma temida traficante, que a mulher precisa lidar com uma jura de morte.
Cleópatra Jones não oferece nada de novo para o gênero, mas tudo que entrega é com maestria. Espere por um figurino de cair o queixo, momentos que vão do drama à ação em questão de minutos e muito “tiro, porrada e bomba”.
Ganja & Hess (1973)
Retornando ao gênero dos vampiros e a um dos principais nomes do horror, Duane Jones, temos Ganja & Hess. Dirigido e escrito por Bill Gunn, o filme estrelava Marlene Clark e o protagonista de A Noite dos Mortos-Vivos. Aqui, os dois vivem antropólogos que, após o encontro de uma adaga amaldiçoada, precisam lidar com um vírus vampírico.
O mais interessante de Ganja & Hess é como o longa trabalha outros aspectos da figura do vampiro. Indo além da exposição caricata de Blacula, aqui temos uma história intensa, que consegue misturar ternura, horror e muito talento negro. O filme ainda recebeu um remake em 2014, A Doce Sede de Sangue, dirigido por Spike Lee.
Shaft (1971)
É impossível falar em Blaxploitation sem comentar de Shaft. O filme de ação de 1971 ganhou uma grande franquia, que inclui O Grande Golpe de Shaft, Shaft in Africa, um remake protagonizado por Samuel L. Jackson em 2000 e um revival em 2019.
Estrelado por Richard Roundtree, o primeiro longa mistura ação com aspectos do gênero noir. Nela, seguimos a história do detetive negro, John Shaft, que viaja através do Harlem, se envolvendo com a máfia italiana e tentando encontrar a filha desaparecida de um mafioso negro.
Um dos destaques de Shaft é a sua trilha sonora, que ganhou um Oscar em 1972. Porém, é impossível não notar a influência estética e narrativa do longa em produções como Luke Cage, Luther e, até mesmo, Lupin.
Aproveite e leia também: