Babilônia: Entenda o contexto histórico do filme
Babilônia: Entenda o contexto histórico do filme
Novo longa de Damien Chazelle mergulha nos Loucos Anos 20!
Em cartaz nos cinemas, Babilônia é o mais novo filme de Damien Chazelle, diretor reconhecido por La La Land: Cantando Estações, Whiplash: Em Busca da Perfeição e O Primeiro Homem. O filme nos guia pelas extravagâncias e excessos da Hollywood dos anos 20, enquanto acompanhamos a vida de diversos artistas que tentam seguir uma carreira no mercado cinematográfico e artístico.
O longa vai gerar muitos debates e discussões, mas uma coisa que chama bastante atenção é a sua ambientação. Aqui, somos jogados de cabeça na década de 20, um período de grande efervescência cultural e social nos Estados Unidos e no mundo inteiro. No cinema, começávamos a ver os primeiros filmes sonoros, e tudo isso trouxe várias mudanças na forma como as pessoas consumiam a sétima arte.
Pensando nisso, aqui você vai descobrir um pouco mais do contexto histórico por trás de Babilônia!
Os Loucos Anos 20
A década de 1920 foi marcada por uma profunda euforia cultural, graças à prosperidade econômica que se seguiu ao período da Primeira Guerra Mundial. Enquanto alguns países da Europa tentavam se reerguer após o conflito, o resto do mundo entrava em júbilo com uma série de melhorias nos campos político, artístico e tecnológico, criando a sensação de que “o mundo estava melhorando”. Assim, a década ficou conhecida como Os Loucos Anos 20.
Economicamente falando, o mundo passava por uma grande mudança de status quo, e tudo a partir dos EUA, que se tornavam uma das maiores potências mundiais. A chegada da eletricidade e seu uso em vários locais fez com que a vida nas fábricas mudasse drasticamente, enquanto a produção em massa se tornava um modelo industrial mais vantajoso e em rápida ascensão.
Foi nessa época, por exemplo, que os carros e automóveis se tornaram um bem comum que podia ser adquirido até por pessoas da classe média, já que antes disso, era um produto destinado apenas às elites. Socialmente, foi um período de muita efervescência cultural em grandes centros urbanos, como Nova York, Chicago, Londres, Paris e até mesmo Berlim – mesmo com a cidade ainda se recuperando dos efeitos da Primeira Guerra.
No campo político, também havia novidades. O movimento sufragista tinha feito um grande barulho ao redor do mundo, lutando pelos direitos de votos das mulheres. Isso seria consolidado na década de 20 nos EUA, com as leis que permitiam que mulheres acima dos 21 anos pudessem votar. Porém, nem tudo eram flores: muitos ainda se viam traumatizados e pessimistas em relação ao mundo, sobretudo os veteranos da guerra…
O rádio e a música
Nos anos 1920, o rádio ganhou o mundo e se tornou o primeiro meio de comunicação em massa da história. Essa difusão acabou sendo importantíssima para o surgimento do que conhecemos como cultura de massa, já que pessoas de diferentes lugares do mesmo país podiam acompanhar, em um intervalo de tempo relativamente pequeno e próximo, notícias, programas serializados e, é claro, a música.
O período trouxe uma grande mudança na forma como as pessoas consumiam música, já que operetas, orquestras e a música clássica lentamente foram sendo substituídas por canções melodiosas e dançantes. Isso fez com que a dança se tornasse uma expressão artística muito proeminente nesse período, com concursos sendo sediados ao redor dos Estados Unidos e no restante do mundo.
Em termos de gêneros musicais, os anos 20 foi onde o jazz tomou conta de tudo. Parte disso se deve a um fator bem incômodo nos Estados Unidos, já que a música considerada “negra”, que surgiu em bairros habitados por negros, foi pouco a pouco sendo apropriada e difundida entre pessoas brancas. Ainda assim, grandes astros da música na época eram negros, como Louis Armstrong, Sidney Bechet e James P. Johnson.
Outros gêneros começaram a despontar nesse período, como a música country, representada por nomes tais quais Jimmy Rogers e The Carter Family, e também o blues, uma variante do jazz que teve como grandes expoentes artistas como Ma Rainey e Bessie Smith. A década de 20 também trouxe uma grande novidade com as primeiras gravações elétricas, o que resultou na criação do gramofone.
A arte e a arquitetura
A Europa e a América tinham visões bem diferentes sobre a arte no início do século 20. Enquanto o “Velho Mundo” explorava movimentos como o surrealismo e o expressionismo, através de nomes como Max Ernst, Salvador Dalí, Pablo Picasso e Joan Miró, o “Novo Mundo” logo passou a se expressar através da art déco, movimento que tinha se iniciado na Europa na década anterior, mas logo tinha se espalhado para a América.
A art déco era um fenômeno arquitetônico e plástico que se baseava em formas puras e geométricas, com um caráter mais voltado para o decorativo. Uma das obras mais famosas do movimento é o topo do Edifício Chrysler, que só foi inaugurado em 1930, mas já vinha sendo construído desde setembro de 1928. O déco, no entanto, não marcou só as construções e edifícios, mas a arte como um todo.
A cidade de Nova York, por exemplo, se tornou uma vitrine para que vários artistas pudessem fazer suas esculturas e obras de arte, muitas vezes exibidas ao ar livre. Inicialmente, a art déco se baseava em linhas curvas e mais fluidas, mas isso logo foi sendo substituído por linhas retas que, quando traças em sintonia, formavam figuras bem bonitas e complexas.
A título de curiosidade, o Brasil tem uma grande obra de art déco no coração de uma das cidades mais populares. O Cristo Redentor, inaugurado em 1930, começou a ser construído em 1922, em Paris, em um esforço conjunto dos artistas brasileiros Carlos Oswald e Heitor da Silva Costa, bem como os franceses Paul Landowski e Albert Caquot.
A moda e o estilo
A moda nos anos 20 veio para quebrar o modelo rígido e pudico da Era Vitoriana. Boa parte das influências vieram de Paris, mas logo conquistaram o mundo pela beleza e pela modernidade das roupas utilizadas. Em todo o período, as mulheres começaram a usar vestidos mais soltos e leves, livrando-se de espartilhos e outros acessórios que faziam o corpo ficar mais rígido.
Os vestidos diurnos eram adornados por uma faixa colocada na cintura baixa, e foi uma época de popularização para o “tomara-que-caia”, vestido que não trazia mangas. Ainda assim, os braços femininos eram cobertos com luvas que chegavam até o meio do bíceps, algo que trazia um ar sofisticado para as composições. Joias eram essenciais e indispensáveis, especialmente colares de pérola.
Para os homens, havia um certo tom de sobriedade, sobretudo para aqueles que trabalhavam em setores financeiros e econômicos – o tal “colarinho branco”, como é chamado até hoje. Os ternos eram a regra, mas podiam vir em vários estilos e estampas, desde o xadrez ao listrado. As camisas usadas por baixo dos ternos deviam ser brancas e um acessório passou a fazer parte do guarda-roupa masculino com ainda mais frequência: as gravatas.
O cabelo também era um ponto importante, sobretudo para as mulheres. Logo se popularizaram os cortes curtos e cheios de movimento, com ondulações e, em alguns casos, armações. Quem quisesse se destacar também usava um tipo específico de gel para deixar o cabelo bem colado à cabeça. Outro destaque foram as tiaras e chapéus, que vinham em diversos formatos, estilos e cores.
O cinema e Hollywood
Criado em dezembro de 1895, o cinema se tornava uma das artes em maior expansão no mundo todo, em boa parte graças aos avanços tecnológicos, que permitiam a descoberta de uma nova linguagem e forma estilística. Porém, engana-se quem acha que os filmes eram homogêneos, já que cada lugar do mundo experimentava com coisas bem diferentes.
Na República de Weimar – país que antecedeu a Alemanha – o Expressionismo Alemão tomava conta, através de filmes que brincavam com o fantástico e com o horror, além de tocar na ficção científica. No Brasil, surgiam os primeiros melodramas mudos, enquanto a União Soviética avançava em suas experimentações com montagem e discurso propagandista.
Nos Estados Unidos, Hollywood havia se tornado o centro das produções cinematográficas. Boa parte dos estúdios e artistas haviam se mudado para Los Angeles, onde deram início ao mercado como conhecemos hoje, por volta dos anos 1910. Na década de 20, Hollywood já era um centro cultural para qualquer aspirante a ator, roteirista, diretor ou quaisquer outros cargos da indústria cinematográfica.
Uma curiosidade: em 1923, foi erguida a placa com o nome da cidade, que hoje é famosa no mundo todo. Contudo, na época, podia-se ler “HOLLYWOODLAND” em vez de Hollywood. O “Land” só foi removido a partir dos anos 40.
No entanto, um grande abalo logo viria para chacoalhar a vida dos artistas de cabeça para baixo. Em 1927, a Warner lançava O Cantor de Jazz, o primeiro filme com áudio sincronizado da história. A partir dali, o cinema mudo caía em decadência, enquanto o cinema falado se tornava uma novidade chamativa e muito procurada – tanto é que, em 1929, apenas dois anos após o primeiro filme sonoro, cerca de 51% da produção em Hollywood já tinha som.
Não perca Babilônia!
E se você quer conhecer um pouco mais da Hollywood dos anos 20, não deve perder Babilônia, que está em cartaz exclusivamente nos cinemas. O filme segue um grupo de artistas nesse período, enquanto tentam lidar com todas as mudanças sociais e culturais na indústria cinematográfica, tudo em meio a um turbilhão de excessos.
O filme será um forte candidato da temporada de premiações e pode despontar em algumas categorias bem curiosas no Oscar de 2023, e você com certeza não vai querer perder essa experiência. Caso tenha interesse, já pode adquirir os seus ingressos aqui mesmo!
Babilônia está em cartaz exclusivamente nos cinemas!
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