Quem é a atriz que anunciou aposentadoria aos 33 anos e acusou o cinema francês de acobertar assediadores?

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Quem é a atriz que anunciou aposentadoria aos 33 anos e acusou o cinema francês de acobertar assediadores?

Por Jaqueline Sousa

Quando o diretor Roman Polanski (Chinatown, O Bebê de Rosemary) ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Prêmio César de 2020, considerado o Oscar do cinema francês, a atriz Adèle Haenel (Retrato de Uma Jovem em Chamas) saiu da cerimônia revoltada com o ocorrido, uma atitude que acabou viralizando em um vídeo nas redes sociais. Este foi o estopim para que ela tomasse a decisão de se aposentar da carreira como atriz aos 33 anos, em 2022, acusando o cinema francês de acobertar agressores sexuais em uma carta aberta que foi divulgada pela revista Télérama (via Terra) nesta terça-feira (9).

Para entender as ações de Haenel, vale lembrar que o diretor Roman Polanski foi preso em 1977 por ter abusado sexualmente de Samanha Geimer, que na época tinha apenas 13 anos de idade. Polanski, que morava nos Estados Unidos na época, fugiu do país e, até os dias de hoje, segue proibido de retornar ao território norte-americano.

É por esse motivo que a polêmica edição do Prêmio César de 2020, que consagrou Polanski na cerimônia, indignou tanto a atriz Adèle Haenel. Além disso, poucos meses antes da premiação, Haenel tinha acusado Christophe Ruggia, um diretor francês, por assédio sexual.

Retrato de Uma Jovem em Chamas é um grande destaque da carreira de atriz de Adèle Haenel.

A artista tem uma longa trajetória de trabalhos no cinema francês, e ganhou bastante atenção do público internacional quando estrelou o drama Retrato de Uma Jovem em Chamas (2019). Contudo, a edição de 2020 do César e o acúmulo de problemáticas na indústria cinematográfica fez com que ela anunciasse sua aposentadoria para se dedicar ao ativismo político.

Em sua carta aberta, Adèle afirma que a aposentadoria é um ato político, acusando o cinema francês de acobertar agressores sexuais. De acordo com a artista, a indústria prefere que as vítimas “morram em silêncio” ao invés de tomar alguma atitude para mudar esse cenário. Haenel também diz que “eles estão prontos para fazer qualquer coisa para defender seus chefes estupradores”, acusando profissionais da área de objetivar mulheres para demonstrar superioridade.

Haenel também cita, em sua declaração, outros casos de investigações sobre violência sexual, como o do ator Gerard Depardieu, que foi acusado de abuso sexual por 13 mulheres. Além disso, ela afirma que “não tem outra arma além do corpo e da integridade” para lutar contra tais problemáticas. “Parto, faço greve, junto-me aos meus camaradas, cuja busca de sentido e dignidade prevalece sobre o dinheiro e o poder”, Haenel completou.

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