Assassinos da Lua das Flores: A chocante história real por trás do novo filme de Martin Scorsese
Assassinos da Lua das Flores: A chocante história real por trás do novo filme de Martin Scorsese
Com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro no elenco, o longa-metragem vai te apresentar uma história impressionante inspirada em fatos
Aos 80 anos, Martin Scorsese está prestes a colocar no mundo mais uma obra cinematográfica que promete roubar todos os holofotes nas principais premiações do cinema. É claro que estamos falando de Assassinos da Lua das Flores, seu novo épico longa-metragem que foi extremamente elogiado pela crítica especializada em sua primeira exibição no conceituado Festival de Cannes.
Estrelado por Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone e Robert De Niro, Assassinos da Lua das Flores é um filme ambientado na década de 1920 que acompanha as investigações de misteriosos assassinatos de membros da tribo indígena osage, em Oklahoma (EUA), uma terra que chamava atenção por sua riqueza de petróleo. Tudo parece estar no campo da ficção, mas o que muita gente não sabe é que isso aconteceu de verdade e acabou se tornando uma das conspirações mais sombrias da história norte-americana.
- Petróleo, morte e a criação do FBI
- A voz do sangue: o que foi o Reinado do Terror?
- A primeira grande investigação do FBI
- O filme de Martin Scorsese
Petróleo, morte e a criação do FBI
Inspirado no livro Assassinos da Lua das Flores: Petróleo, morte e a criação do FBI, do jornalista David Grann, o filme homônimo de Martin Scorsese explora um dos períodos mais sinistros e até mesmo surreais da história dos Estados Unidos. A partir de uma reconstrução detalhada, Grann expõe uma série de acontecimentos perturbadores cujos culpados passaram anos e mais anos impunes até serem descobertos.
Tudo aconteceu na década de 1920, no estado de Oklahoma, nos EUA. Era ali que ficava situado o Condado de Osage, uma tribo indígena que, naquela década, era composta pelas pessoas mais ricas do mundo. Isso graças a um acordo que garantia a cada membro osage o direito de participar dos fundos mineiras do local, um direito que não podia ser vendido a terceiros, pois ele só podia ser “transmitido” como uma herança entre os habitantes do Condado.
Quando uma reserva de petróleo foi encontrada no local, então, a riqueza dos osages aumentou ainda mais. Consequentemente, isso acabou atraindo olhares invejosos de empresários (em sua esmagadora maioria, homens brancos) e vigaristas que cobiçavam a fortuna da tribo, uma realidade que resultou em um verdadeiro massacre quando misteriosos assassinatos de osages começaram a assombrar o local, dando início ao que, mais tarde, seria denominado como Reinado do Terror.
A voz do sangue: o que foi o Reinado do Terror?
Existe uma passagem, no final do livro escrito por David Grann, em que Mary Jo Webb, uma professora aposentada que dedicou anos de sua vida para tentar descobrir o que aconteceu com seu avô, morto durante o Reinado do Terror, diz ao repórter que “a terra está empapada de sangue” (p. 332, edição da editora Companhia das Letras), referindo-se ao local onde os terríveis assassinatos aconteceram. E é exatamente isso que resume o que ocorreu em Oklahoma durante os anos 20.
Ao todo, estima-se que 24 membros da tribo osage morreram naquele período (via Oklahoma Historical Society), sendo que as primeiras vítimas eram da família de Mollie Burkhart (no filme de Scorsese, é Lily Gladstone quem a interpreta), uma integrante da tribo que viu suas irmãs e parentes serem assassinados de maneiras brutais sem que as autoridades locais se movimentassem para investigá-los.
Tiros ou envenenamento eram os métodos mais utilizados pelos criminosos, e as vítimas seguiam o mesmo padrão: povos nativos ricos. Logo, o Condado se viu diante de um terror sem precedentes, já que os xerifes não pareciam muito interessados em tentar descobrir o que realmente estava acontecendo ali, uma atitude que fez com que vários assassinatos nunca fossem devidamente solucionados.
Foi só quando as mortes começaram a aumentar gradativamente que o Federal Bureau of Investigation, conhecido popularmente apenas como FBI, resolveu intervir. O problema é que a organização ainda estava dando seus primeiros passos de vida quando assumiu aquele que se tornaria seu primeiro grande caso de investigação de homicídios.
A primeira grande investigação do FBI
Criado em 1908, o FBI ainda estava longe de conquistar o prestígio que tem hoje em dia quando pegou o caso. Isso porque, nos anos 20, a organização ainda não tinha nem duas décadas de existência, e seus agentes também não possuíam um preparo muito bom. Em vista disso, as investigações eram mal conduzidas o tempo inteiro, o que despertou um certo receio de J. Edgar Hoover, diretor do FBI que permaneceu no cargo por 37 anos, além de ter sido uma peça essencial na fundação da organização policial.
Assim, para solucionar o caso dos assassinatos de osages, Hoover contou com a ajuda de Tom White, um agente texano que assumiu o controle das investigações com o apoio de uma equipe secreta que se infiltrou no Condado indígena de Oklahoma para coletar evidências que poderiam trazer os culpados à tona.
Dito e feito: a equipe de Tom White vasculhou o local por meses até descobrir que William Hale, o tio do marido de Mollie Burkhart — Ernest Burkhart — era o mandante de uma conspiração que queria eliminar os osages, inclusive os próprios familiares de Mollie, como um meio de tomar a fortuna da tribo para si. A tática do magnata era contratar criminosos para fazer o serviço sujo em seu lugar.
Hale, assim como Ernest, foi preso em 1926, ano em que as mortes começaram a diminuir, e permaneceu encarcerado por 18 anos em uma prisão do Kansas. Já Burkhart, que testemunhou contra o tio durante o julgamento, saiu da prisão em 1937, mas acabou voltando para o encarceramento depois de tentar roubar um banco.
Apesar disso, muitos assassinatos de osages permanecem sem respostas até hoje, conforme é dito por David Grann no livro que inspirou o filme de Scorsese:
“Nos casos de crimes contra a humanidade em que os criminosos escapam à justiça de seu tempo, é frequente que a história acabe fazendo algum tipo de acerto de contas, documentando os crimes e desmascarando os transgressores. Contudo, muitos dos assassinatos de osages foram tão bem dissimulados que esse desfecho já não é possível. Na maior parte dos casos, falta firmeza às famílias das vítimas. Muitos de seus descendentes encaminham suas próprias investigações, que não levam a nada. Vivem cheios de dúvidas, suspeitando de parentes, velhos amigos da família, curadores – alguns dos quais devem ser culpados, e outros, inocentes.” (p. 327)
O filme de Martin Scorsese
Dirigido por Martin Scorsese, que também assina o roteiro ao lado de Eric Roth, Assassinos da Lua das Flores é o resultado de uma intensa pesquisa da equipe por trás do filme (inclusive Scorsese), que dedicou boa parte de seu tempo para ouvir historiadores e membros da tribo osage durante o processo de criação do longa-metragem. Foi isso que fez Scorsese e Roth descartarem o primeiro rascunho do roteiro, mudando o foco da criação do FBI para a Nação Osage, que passou a ser o centro do debate a partir de então (via IndieWire).
Assim como no livro de David Grann, o filme de Martin Scorsese vai acompanhar o que aconteceu na tribo indígena em Oklahoma nos anos 20, onde uma série de assassinatos de osages assombrou a região até que o FBI entrou em cena para desvendar o mistério. O elenco está repleto de grandes estrelas, como Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Lily Gladstone, Jesse Plemons e Brendan Fraser.
Assassinos da Lua das Flores estreia exclusivamente nos cinemas brasileiros no dia 19 de outubro.
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