Yu-Gi-Oh: Como o anime mudou fortemente a história do mangá original
Yu-Gi-Oh: Como o anime mudou fortemente a história do mangá original
Yu-Gi-Oh! poderia ter tomado um caminho bem diferente
Como uma das franquias mais populares quando se trata de card game, a verdade é que Yu-Gi-Oh! tinha um plano bem diferente para sua história no mangá. Originalmente publicado entre 1996 e 2004, a adaptação de 2002 ignorou boa parte do plot inicial de seu material fonte e seguiu um caminho mais seguro, que pudesse, de alguma forma, atrair o público fora da bolha japonesa.
E a mudança tornou o sucesso inevitável. Com várias temporadas, games e novas cartas sendo lançadas até hoje, Yu-Gi-Oh! foi uma febre por todo o mundo. Enquanto a “Hora do Duelo” se tornou essencial para o desenvolvimento de todos os arcos do anime; no mangá, apenas dois arcos incluíam o jogo de cartas Duelo de Monstros. E se isso já não é motivo para estranhamento, apenas a partir do Capítulo 60 que o jogo ganha espaço de fato na história.
Antes disso, o mangá era centrado em Mutou Yugi e o Puzzle do Espírito do Millenium ou, como é chamado, o Dark Yugi. Nele, com uma crítica a violência na escola e bullying, essa versão sinistra do protagonista fazia apostas com vilões através de jogos psicológicos e mortais, também conhecidos como o Jogo das Sombras.
O curioso é como esses momentos de partida podiam ser centrados em qualquer tipo de jogo. Não muito diferente do anime Kakegurui, vemos um Yugi transformar o seu rosto em uma feição, até mesmo, demoníaca, e colocar seu adversário em uma situação desconfortável que poderia envolver dinheiro, a perda de algum sentido ou a morte dele.
As diferenças entre mangá e anime
É fácil perceber por que os criadores não viram no mangá o potencial criativo que poderia criar um fandom similar ao de Pokémon. Vale lembrar que, após o sucesso de Yu-Gi-Oh!, outros card games acabaram pipocando no mundo das animações, como foi o caso de Chaotic, Bakugan e até a recente franquia WIXOSS.
Para tornar o anime vendável, e também direcioná-lo para o público infanto-juvenil, os desenvolvedores decidiram focar no jogo de cartas e colocá-lo junto de outro popular arquétipo dos animes: os torneios.
Todo bom anime de shounen possui um arco de torneio. Pode ser apenas um teste, como em Kimetsu no Yaiba, ou um torneio oficial, como em Yu Yu Hakusho. Mas, colocar o protagonista sempre contra um personagem novo engaja o público e facilita no momento do desenvolvimento de enredo.
Dessa forma, diminuíram o foco na “possessão” de Yugi, nas mortes que esse espírito acarretava e deram maior espaço para várias características que fizeram o anime popular: Yugi tentar encontrar o vilão Kaiba, o “Poder da Amizade” e, claro, as cartas.
Mas isso não impediu que a produção ainda sofresse algumas críticas. Mesmo que apenas o mangá se beneficiasse de mais narrativas ligadas ao redor do terror, o anime ainda assim foi visto como algo “satânico” e ruim. Os famosos “Pontos de Vida” do jogo de cartas, a obsessão do Yugi em invocar o Exódia e tantos trambiques ao redor de prender a alma de personagens em cartas foi o suficiente para deixar diversos pais preocupados.
Entre críticas e elogios, a verdade é que o sucesso de Yu-Gi-Oh! veio, mesmo quando de forma negativa.
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