Wong: Tudo que você precisa saber sobre o personagem de Doutor Estranho
Wong: Tudo que você precisa saber sobre o personagem de Doutor Estranho
Saiba tudo sobre Wong, o parceiro do Doutor Estranho
Silencioso, centrado, misterioso. A persona do Wong na Marvel segue uma das extremidades do que é ser uma pessoa amarela nos quadrinhos. Enquanto o Mandarim foi construído em cima do estereótipo do “Perigo Amarelo”, Wong é o ajudante e empregado perfeito. Obediente e silencioso, sempre está pronto para ajudar o seu mestre, Stephen Strange. Mas, se por um lado Wong se tornou mais uma propaganda dos estereótipos presentes no cinema de Hollywood, a nova versão em live action do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) subverteu toda a concepção original do personagem.
Entre mestre e ajudante
Criado por Stan Lee e Steve Ditko, a sua primeira aparição nos quadrinhos se deu em Strange Tales #110, na história de introdução de Stephen Strange como o Feiticeiro Supremo da Marvel. Mas, apenas lhe foi dado um nome nove edições depois e mesmo assim, seu passado ganhou permaneceu um mistério por um bom tempo, principalmente quando pensamos que um de seus melhores desenvolvimentos ocorreu na minissérie Doutor Estranho: O Juramento, em 2013.
Nela, se prova que os laços construídos entre Stephen e Wong vão muito além do mestre e ajudante. Há um carinho latente entre ambos, que até mesmo faz Strange ir contra as suas convicções místicas e fazer o possível e o impossível para salvá-lo de um tumor cerebral. Na história escrita por Brian K. Vaughan e com arte de Marcos Martin, o Doutor Estranho precisa lidar com moralidade e medicina, deixando um pouco da arrogância de lado e mostrando um lado bem mais afetuoso do feiticeiro.
E essa reciprocidade foi construída através de tantos anos que compartilharam no Sanctum Sanctorum. Enviado pelo Ancião para os Estados Unidos, com o intuito de atender às necessidades de Strange, o passado de Wong se monta numa linhagem de monges que vivem em Kamar-Taj, uma comunidade isolada no Himalaia.
Descendente direto de Kan, um monge chinês que estudo ocultismo, em Doctor Strange #44, Wong explora e explica o significado de seu ancestral para ele. De acordo com o monge, Kan foi manipulado por um vilão de uma dimensão alternativa, Vung, que planejava deixar o domínio opressor dos Reis Magos tomar todo o reino. A conclusão bem sucedida do vilão levou a Kan, com intuito de impedir erros como os dele, a fazer um pacto para que, todo filho primogênito de sua linhagem passasse a servir aos místicos que usassem suas forças para o bem.
Relação de Wong e Strange
E esse aspecto de “servo” de Wong se tornou um problema para os roteiristas do filme Doutor Estranho. As dúvidas levantadas eram tantas que até mesmo cogitaram retirar o personagem do filme. A oportunidade para Wong ser interpretado por Benedict Wong se deu quando Tilda Swinton foi escalada como A Anciã. Mesmo com as problemáticas ao redor do yellowface sofrido pelo personagem do Ancião, tê-la no elenco foi um incentivo para remodelar a concepção original de Wong.
“Eu com certeza não vou ser o servo fazedor de chá. Estamos indo em uma direção diferente. Aqui temos algo mais próximo de um sargento. Não existe uma arte marcial específica para Wong em Doutor Estranho, ele é mais como um sargento do Kamar-Taj. Ele é um dos mestres da magia”, disse Benedict Wong sobre ser escalado como Wong para a Den of Geek.
Mas, essa não foi a primeira vez que Wong se viu adaptado para outra mídia. Além de George Takei ter dado voz ao personagem na série animada do Homem-Aranha em 1990, Clyde Kusatsu deu vida ao personagem na adaptação de 1978. Nesse momento, já se podia perceber algumas mudanças nele. Diferente dos quadrinhos, o Wong desse filme conjura magias, não se comporta de forma servil e usa um terno no lugar de um kimono.
Esse movimento foi algo que, aos poucos, foi incorporado nos quadrinhos do Doutor Estranho. Durante um tempo, por exemplo, Wong, ao lado da secretária Sara Wolfe, tornou-se o administrador do Instituto Stephen Strange, uma instituição de pesquisa do oculto. Na época, ambos acreditavam que Strange estava morto. Mesmo com a situação revertida, Wong se viu possuindo mais autonomia em sua vida, precisando lidar com uma esposa prometida e os sentimentos que nutria por Wolfe.
Entre idas e vindas com seu parceiro, Strange, Wong finalmente começou a estabelecer uma vida própria. Mas, mesmo assim, apenas recentemente, quando os leitores viram mais um embate entre os ideias de Stephen contra os de Wong. No ocorrido, Zelma Stanton, que havia começado a aprender a usar magia, estava doente após utilizar seus dons para salvar o Feiticeiro Supremo. Sua recuperação causou danos irreparáveis a ela, fazendo Wong questionar o bem que Stephen estava fazendo.
Morte da noiva
Diferente da cisão anterior de Wong, dessa vez o monge não decidiu matar o seu mestre. Mas, a exceção à regra sobre Wong ficar com raiva de Strange e querer matá-lo teve um motivo sólido: a morte de sua noiva prometida, Imei Chang. Quando a mulher estava na idade de casar com Wong, o monge descobriu que ela estava possuída por um demônio. No fim da história, não era Imei, porém a mulher já se encontrava morta.
Pela primeira vez, Wong estava completamente frustrado com as atitudes de Strange em relação aos seus problemas. Transtornado, se aliou ao demônio Xaos para que o mesmo ressuscitasse Imei caso Wong ajudasse a matar o Doutor Estranho. Entre diversas tentativas frustradas, o monge acabou encontrando alguma forma de perdoar Stephen. Enquanto o feiticeiro descobriu um irmão em Wong.
O futuro de Wong no MCU
E por muito tempo, essa era a função de Wong na Marvel. Um mordomo com conhecimentos de artes marciais. Mesmo com o treinamento do Ancião, Wong não possui super poderes. Por outro lado, é um grande oponente na luta corpo a corpo, sabendo utilizar diversas armas brancas para se defender.
Enquanto isso no filme, de servo, o homem se tornou um professor para Stephen. Recebendo o título de Feiticeiro Supremo com a ausência de Strange após o blip criado por Thanos, Wong, mesmo não possuindo tanto tempo de tela, possui uma grande relevância para a trama, fugindo do estereótipo do “monge que serve chá”.
Agora, em Multiverso da Loucura, uma nova fase se abre para o personagem. Uma que não promete deixar de lado sua atitude severa e seus avisos para Stephen, mas que pode ter uma influência ainda maior na trama. Mas isso, apenas o tempo dirá.
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