Star Wars: O Livro de Boba Fett 1×02 – As Tribos de Tatooine
Star Wars: O Livro de Boba Fett 1×02 – As Tribos de Tatooine
Após epílogo no presente, série mostra como o caçador se tornou um Tusken.
Atenção: Alerta de Spoilers!
A breve aparição de Boba Fett nos cinemas criou uma das maiores lendas do universo de Star Wars. Todo mundo conhecia a fama deste imbatível caçador de recompensas, mesmo que ninguém o tenha visto em ação. E isso acabou estagnando sua evolução como personagem: afinal, para onde poderiam levá-lo quando ele já estava no topo? Para entregar uma história interessante, Star Wars: O Livro de Boba Fett precisa se distanciar deste legado para construir um novo futuro para o personagem — e é isto que vemos no segundo episódio da série.
A trama de “As Tribos de Tatooine” reflete a necessidade de transformação do personagem para funcionar no novo cânone. Novamente, a história acompanha dois momentos distintos da vida de Boba Fett, mas que acabam se complementando de forma mais orgânica desta vez. O presente põe em dúvida sua capacidade de mudança — de um respeitado caçador de recompensas no promissor daimyo de Tatooine. Enquanto o passado, vivendo entre os Tusken, comprova que ele tem certa experiência em se reinventar. Foi esta capacidade de se adaptar que o manteve vivo nas areias do mesmo planeta.
Ancorar toda a trama nos desertos de Tatooine foi uma decisão ousada que traz novos frutos neste episódio. Muitos fãs clamam por visitar diferentes planetas em toda produção de Star Wars, mas O Livro de Boba Fett não parece interessado em deixar as areias escaldantes de Tatooine. Desta forma, os produtores conseguem construir uma figura mais completa e viva deste mundo, mostrando detalhes dos costumes locais que enriquecem bastante a história. Estamos vemos o cotidiano de Tatooine, como nunca antes se viu.
O presente revela as relações de poder das cidades e a pluralidade de raças deste cantinho afastado da galáxia, mostrando um lado exuberante que contrasta com a dura realidade do Povo da Areia, que domina as dunas.
Novamente, acompanhar a relação de Boba Fett com a tribo Tusken é de longe a parte mais envolvente do episódio. Não só pelo modo como esta dinâmica enriquece o personagem, que exercita humildade e habilidades únicas ao conviver com esta cultura, mas também pela ação mais crua que só poderia acontecer neste núcleo tão primal. Desta vez, o destaque fica para o mini-filme de assalto que rola quando Boba Fett põe seu plano para interceptar o trem em ação. Uma sequência muito bem feita que prova que o roteiro de Han Solo: Uma História Star Wars poderia ter funcionado se tivesse sido melhor executado.
Diferente do polêmico filme, O Livro de Boba Fett tem tudo para conquistar o público, pois exala carisma. Muito disso é um reflexo da relação mais intimista e direta da série com Temuera Morisson, o homem por baixo do capacete do anti-herói. Além de entregar uma atuação cheia de expressões sutis, em sincronia com o perfil do personagem, o ator incluiu muito de suas influências maori para lapidar esta figura vazia que era Fett em algo mais único. E isso está contagiando outros aspectos da série, refletindo um ar de novidade que renova a originalidade deste universo, como pudemos ver nas tradições de iniciação da tribo Tusken.
Outro fator que promete empolgar nos futuros episódios são os desdobramentos da ascensão de Fett ao trono de Jabba, que aproveita para introduzir personagens promissores. O primeiro episódio deixou bem estabelecido que muita gente não está tão satisfeita com a nova posição do anti-herói. Mas não serão os diferentes chefes do crime deste planeta que vão ameaçar o futuro de Fett. Suas ações são reflexo do medo de superiores muito mais impetuosos que o herói renascido: a própria raça Hutt.
O final do breve segmento no presente introduz os Gêmeos como os legítimos sucessores de Jabba, adversários bem mais dignos e imponentes para o reinado de Fett. Em O Retorno de Jedi, o caçador de recompensas nunca precisou enfrentar um Hutt. Ele apenas reinvidicou o trono anos depois de seu verdadeiro dono estar morto, assassinando o seu mero mordomo. Desta vez, ele vai precisar derrubar parte do Sindicato Hutt com as próprias mãos se quiser conquistar o reconhecimento que merece. E isso não é tudo!
O segundo episódio também trouxe ameaças de outros cantos do cânone de Star Wars! Contratado pelos irmãos do crime, o gladiador Black Krrsantan, um velho conhecido dos leitores dos quadrinhos da franquia (o wookie da capa), faz sua estreia em live-action. E se ele já não fosse um oponente digno o suficiente, por ter interrompido seus esquemas de contrabando nos trens de Tatooine, tudo indica que o novo daimyo também vai ter que encarar o Sindicato Pyke, uma das máfias mais poderosas de toda a galáxia, temida por todos na animação The Clone Wars.
Por isso, mesmo que cause um estranhamento inicial, O Livro de Boba Fett está conseguindo honrar o legado deixado por The Mandalorian. Apesar de trazer um ritmo mais lento do que o público está acostumado a ver em Star Wars, este segundo episódio preparou um solo fértil para um futuro promissor para a série. Alimentando um cenário político tenso no presente, que só se intensifica com as ações de Boba Fett no passado e com os novos personagens do universo expandido, os próximos episódios tem tudo para serem cada vez mais incríveis.
Para os fãs menos dedicados da franquia, assistir uma série sobre a crise de meia idade de um caçador de recompensas que decidiu mudar de carreira pode ser um tanto anticlimático, mas se toda essa preparação feita neste início de temporada der frutos, O Livro de Boba Fett pode ser uma das produções mais marcantes de Star Wars.
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