Star Wars: O Livro de Boba Fett 1×01 – Um Estranho Numa Terra Estranha
Star Wars: O Livro de Boba Fett 1×01 – Um Estranho Numa Terra Estranha
Primeiro episódio resolve dúvidas sobre o passado para preparar o caminho para o futuro.
Atenção: Alerta de Spoilers!
Em quatro décadas de filmes, Star Wars nunca deu ao Boba Fett o destaque que ele merece. O caçador de recompensas roubou a atenção dos fãs desde sua primeira aparição cinematográfica, em O Império Contra Ataca, somente para morrer no filme seguinte de maneira vergonhosa. Por muito tempo, os fãs esperaram um longa solo do guerreiro, que pudesse aproveitar todo o seu potencial, mas ele nunca veio. No final, a redenção do anti-herói vem da forma mais inesperada: por uma série no Disney+ chamada O Livro de Boba Fett.
Estreando na última quarta-feira do ano, a nova produção continua a tradição iniciada por The Mandalorian de contar boas histórias em uma galáxia muito, muito distante com um roteiro enxuto, uma fotografia estonteante e um protagonista bruto, mas carismático. Só que desta vez, parece que a narrativa será mais linear. Enquanto desenrola lentamente o novo caminho de Boba Fett no submundo do crime de Tatooine, a série toma seu tempo para preencher as lacunas deixadas no passado misterioso deste personagem.
No capítulo um, “Um Estranho Numa Terra Estranha“, já começamos respondendo as perguntas mais urgentes que os fãs do caçador de recompensas se cansaram de fazer: “Como Boba Fett sobreviveu ao Poço de Sarlaac? E o que ele fez antes de encontrar Djin Djarin?” A resposta pode ser simples, mas finalmente é condizente com a fama de durão do personagem. Ele passou por maus bocados para sobreviver a morte iminente e a série não poupa detalhes a mostrar uma sequência ameaçadora e visceral dentro do monstro.
A história prossegue preenchendo cada lacuna na história do personagem, mostrando como ele perdeu sua icônica armadura e como ele aprendeu as tradições do povo da areia. Focar nestes pormenores poderia ter destruído o ritmo do episódio, com uma inundação de cenas expositivas, porém o diretor sabiamente optou por entregar a história de um jeito empolgante que muito se assemelha aos melhores filmes do Mad Max.
Tatooine sempre foi retratado como um planeta pobre e hostil. E usando ao máximo as ameaças do planeta, o diretor consegue construir uma constante atmosfera de perigo que deixa o público vidrado, sempre esperando o pior. Nestes flashbacks, quase não existem diálogos e toda a história é carregada pela ação, ou a inação, de seus personagens. É um jeito bruto de contar sua narrativa que muito combina com o imaginário construído em volta de Boba Fett, que acumulou poucas falas em suas aparições no cinema.
Quando volta ao tempo presente, acompanhando o início da carreira do personagem como o novo lorde do crime de Tatooine, o gênero da série muda completamente. O tom mescla características de filmes de faroeste com a maquinação de filmes de máfia, resultando em uma complexa representação de como seriam os desafios de um mafioso em uma terra sem lei.
Lançando-se como um candidato para substituir Jabba, o Hutt, Boba está determinado forjar seu próprio caminho — trocando o medo, por respeito. Por si só, isto seria difícil para um forasteiro, mas o caçador de recompensas parece estranhamente generoso após sua breve jornada ao lado de Grogu. Este lado compreensivo, compassivo e centrado de Fett é uma grata novidade ao personagem, que não destoa com sua personalidade, mas parece conflitante com seus objetivos. Resta saber como isto vai se refletir em sua jornada.
Fennec Shand, por outro lado, continua afiada como sempre. A assassina serve como principal conselheira de Boba Fett nesta empreitada e seu lado mais prático também. Constantemente ela sugere o caminho mais efetivo a se seguir, mesmo que ele envolva matar, torturar ou extorquir quem entra em seu caminho. A mercenária continua sendo um deleite de se assistir, especialmente nas lutas: uma cortesia da excelente atuação de Ming-Na Wen.
Esta dinâmica acaba se equilibrando e pode se mostrar crucial para lidar com os demais chefes deste submundo que estão avidos para tomar o lugar que era de Bib Fortuna. Neste primeiro momento, somos introduzidos brevemente a algumas destas forças do crime, que prometem mostrar as suas garras nas próximas semanas. Mas uma coisa é certa: finalmente teremos uma maior presença de alienígenas no centro da trama.
Enquanto Fett se recupera de um ataque misterioso de uma destas facções, cuja identidade só descobriremos em um episódio futuro, somos agraciados com mais um longo flashback — o melhor do episódio. Até então, as ações presentes do Fett deixavam em dúvida se ele conseguiria conquistar os demais apenas pelo respeito, mas seu passado mostra que ele já havia feito isso em condições muito mais adversas.
Nesta sequência final, novamente calada e introspectiva, somos lembrados do porquê reverenciamos tanto este caçador de recompensas: o cara é simplesmente fod*. Mesmo pego de surpresa e desarmado, ele consegue derrotar sozinho uma perigosa (e muito bem feita) criatura das areias. A cena acaba mostrando como Boba Fett conseguiu aprender com o Povo da Areia como ser ainda mais durão, algo que deve ser desenvolvido nas próximas semanas em novos flashbacks.
Por enquanto, sem pressa de impressionar, O Livro de Boba Fett conquista em sua abordagem madura. Ao mesmo tempo que a série promete entregar aos fãs respostas sobre o passado deste elusivo personagem, a história não deixará de entregar uma envolvente conspiração criminosa em seu presente. No fim, o jeito como lembraremos de Boba Fett no futuro será determinado pelos próximos episódios. E parece que haverão muitos motivos para ficar bastante animado.
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