Nada de Rhaenyra ou Alicent: Por que você deveria apoiar Rhaenys Targaryen em A Casa do Dragão?
Nada de Rhaenyra ou Alicent: Por que você deveria apoiar Rhaenys Targaryen em A Casa do Dragão?
Rhaenys Targaryen merece o Trono de Ferro e você deveria apoiá-la!
Cerca de 200 anos antes dos eventos narrados em Game of Thrones, a dinastia Targaryen vivia o auge de sua glória. Dragões poderosos voavam pelos céus, príncipes e princesas de cabelos prateados caminhavam pelos corredores do reino, e reis e rainhas da família de Fogo e Sangue comandavam os Sete Reinos. Tudo isso graças ao pioneirismo de Aegon, o Conquistador que, com a ajuda de Rhaenys e Visenya, uniu Westeros a partir de seu comando.
É nesse ápice da história dos Targaryen que a série A Casa do Dragão se insere, mas não por muito tempo. Isso porque a premissa do spin-off da HBO é mostrar os eventos que resultaram na Dança dos Dragões, a guerra civil que praticamente destruiu a família e ainda preparou o terreno para a extinção dos dragões no futuro.
O conflito ficou marcado pela disputa entre os Verdes, grupo que apoiou o lado de Alicent Hightower, e os Pretos, aqueles que se aliaram à Rhaenyra Targaryen, para decidir quem assumiria o Trono de Ferro após a morte de Viserys I Targaryen. Ambas possuem torcidas acaloradas entre os fãs da obra de George R. R. Martin, mas existe uma integrante da Casa do Dragão que foi extremamente injustiçada nessa história toda: Rhaenys Targaryen.
Antes mesmo de Rhaenyra e Alicent pensarem em vir ao mundo, Rhaenys poderia muito bem ter assumido o Trono de Ferro. É por isso que, neste artigo, argumento sobre o porquê Rhaenys Targaryen deveria estar com uma coroa na cabeça e como o seu reinado poderia evitar a destruição de sua dinastia em Westeros.
Vale ressaltar que a análise leva em consideração apenas a série da HBO e não usa como base o livro Fogo e Sangue, de Martin, obra na qual a produção se inspira para contar a história. O motivo é simples: por ser uma adaptação, o seriado possui divergências em relação ao que é descrito no livro. Assim, é natural que A Casa do Dragão tenha se tornado um projeto único e independente.
O injusto Conselho de Harrenhal
O primeiro episódio de A Casa do Dragão já escancara uma grande injustiça na vida política de Rhaenys Targaryen. Isso porque seu direito ao Trono de Ferro foi ignorado durante a escolha de um sucessor para o rei Jaehaerys I depois que Aemon e Baelon, seus dois herdeiros, morreram antes dele.
Foi assim que o Conselho de Harrenhal aconteceu. Com o comparecimento em peso dos lordes de Westeros, a reunião extraordinária tinha como grande objetivo decidir quem receberia uma coroa na cabeça, e os dois candidatos favoritos – de acordo com o episódio – para assumir a tarefa eram Viserys e Rhaenys.
Se pararmos para analisar a árvore genealógica dos Targaryen e levarmos em consideração a tradição do universo de Game of Thrones que diz que são os primogênitos que têm o direito ao Trono na linha de sucessão, Rhaenys poderia ter levado certa vantagem em relação a Viserys.
Sendo a primogênita – e única filha – do príncipe Aemon Targaryen, o primeiro filho de Jaehaerys com a rainha Alysanne, Rhaenys automaticamente teria seu direito ao Trono de Ferro garantido. Mas não foi isso que aconteceu já que, após a morte precoce de Aemon, Jaehaerys mudou a linha de sucessão quando escolheu Baelon como seu herdeiro, já que mulheres não eram sequer consideradas no debate ao redor da sucessão (já chegaremos nesse ponto).
Isso nos leva a Viserys, o filho mais velho de Baelon, que disputou um lugar no Trono durante o Conselho contra Rhaenys. Ele foi o grande escolhido para assumir a posição de Jaehaerys I, pois o Conselho optou por dar sequência ao reinado a partir da linhagem masculina e daquele que era o descendente homem mais velho do rei em atividade.
Mais uma vez, a tradição patriarcal falou mais alto, pois Rhaenys poderia ter sido nomeada como herdeira, afinal seu pai era o primogênito de Jaehaerys I. Foi assim que ela ganhou o infame apelido de Rainha Que Nunca Foi, em uma disputa injusta e regida por um sistema opressor que desconsiderou sua linhagem legítima.
Ela foi uma vítima do sistema patriarcal
É chover no molhado dizer que desde tempos antigos, vivemos em uma sociedade extremamente patriarcal. Avanços foram feitos graças aos movimentos feministas, mas as mulheres ainda são vistas como meros objetos hoje em dia.
Rhaenys é apenas um exemplo de como o sistema opressor silenciou mulheres constantemente ao longo dos séculos. E não adianta usar a justificativa da tradição da época – a de que apenas primogênitos homens deveriam assumir o Trono de Ferro – porque discursos podem ser revertidos. Com muito esforço e trabalho coletivo, claro, mas não é impossível. É só olharmos para Rhaenyra Targaryen, que foi escolhida como herdeira por Viserys, mesmo diante do descontentamento dos lordes de Westeros.
O fato é que Rhaenys foi descartada por Jaehaerys I apenas pelo simples fato dela ser uma mulher. Apenas por sexismo, o rei mudou a linha de sucessão e continuou bebendo da fonte que privilegia homens em posições de poder. Afinal, mulheres poderosas sempre amedrontaram o sexo masculino. Aquelas que ousam demonstrar ambição, então, são vistas como a própria escória da humanidade.
Você até pode ter pensado em algum momento que, por ser uma história medieval, é comum encontrarmos esse tipo de representação no audiovisual. Sim, isso é verdade. Mas até que ponto ainda precisamos insistir nessa questão em pleno século XXI?
A Casa do Dragão já mostrou que quer dar voz às mulheres e também aproveita certos diálogos entre os personagens para mostrar como o sistema patriarcal é cruel e opressor. No começo da série, por exemplo, Rhaenys expõe, durante uma conversa com Rhaenyra, como ela teve que silenciar seus desejos para servir à ordem masculina que rege Westeros. Ao alertar a princesa sobre os desafios de ser uma mulher e ir contra à tradição, a Rainha Que Nunca Foi demonstra seu desprezo por ter sido humilhada pela própria família.
A união com a Casa Velaryon fortaleceria o reino
Com Rhaenys Targaryen no Trono de Ferro, muita coisa poderia ter sido diferente. Para começar, seu casamento com Corlys Velaryon garante uma adição muito bem-vinda ao governo. Isso porque, assim como os Targaryen, a Casa Velaryon é uma das mais antigas do universo criado por Martin, e suas origens também estão enraizadas na antiga Valíria.
Assim, ter esse apoio fortaleceria o reino de uma forma extraordinária. Além disso, o governo de Rhaenys também teria domínio sobre Derivamarca, já que Corlys era o comandante do local. A prosperidade e as relações políticas proporcionadas pelo lugar também trariam muitos benefícios ao reinado de Rhaenys.
Sem contar que ter alguém como Corlys Velaryon ao lado para governar é outro ponto pra lá de positivo. O Serpente do Mar é um homem inteligente, estratégico e corajoso, apenas três características que, sem dúvida, ajudariam Rhaenys em seu governo. Afinal, não é à toa que ele é conhecido como o maior marinheiro dos Sete Reinos.
Basta também analisar a dinâmica entre Rhaenys e Corlys, que sempre se mostram bastante unidos e dispostos a ajudar um ao outro no que for preciso. Não é difícil imaginar, então, que um possível reinado da Targaryen poderia elevar ainda mais a posição de prestígio da Casa do Dragão e proporcionar relações interessantes com os lordes, juntamente com a Casa Velaryon.
Rhaenys é uma líder exemplar
Mais um motivo para que Rhaenys Targaryen se sente no Trono de Ferro é que ela já provou que poderia ser uma líder exemplar. Além de ser mais experiente do que Rhaenyra, por exemplo, Rhaenys é uma pessoa que está mais do que disposta a fazer sacrifícios pelo bem maior, e sua posição como esposa do chefe de Derivamarca, sem dúvida, garante um ponto de vista ainda mais apurado.
Embora seja uma pessoa mais contida, talvez seja essa característica que falte em um governante de Westeros. Rhaenys sempre demonstra ter o controle de suas ações e nunca deixa que seu passado – e o infame apelido de Rainha Que Nunca Foi – a diminua perante os outros. Não é isso que vemos no governo de Viserys, já que ele sofria para tomar conta do reino e parecia querer se livrar de tarefas obrigatórias para qualquer rei.
Rhaenys tem plena consciência de sua posição no reino, algo que ela deixa transparecer durante o diálogo com a jovem Rhaenyra no segundo episódio. Ela sabe quais são “as ordens das coisas” e que “os homens prefeririam queimar o reino do que deixar uma mulher governar”, mas isso não faz com que ela abaixe sua cabeça e seja submissa a essa realidade cruel.
Pelo contrário, Rhaenys usa isso como motivação para se posicionar e mostrar ao povo que ela é digna de respeito. Sabemos que ela carrega consigo certo ressentimento por não ter sido considerada na linha de sucessão, mas ela nunca deixa que isso tire o controle de suas mãos.
São essas qualidades que a ajudaram a lidar com a questão da sucessão de Derivamarca no oitavo episódio, por exemplo. Com Corlys ausente, é Rhaenys quem assume uma posição de liderança, mostrando como ela tem uma mente ágil e que sabe jogar o jogo dos tronos de maneira estratégica.
Outro momento decisivo de Rhaenys foi quando ela invadiu o septo durante a coroação de Aegon II Targaryen. Por mais que seja uma cena controversa, Rhaenys demonstra misericórdia e sabedoria quando decide não queimar a família de Alicent Hightower com seu dragão. Além disso, ela mostra que não é uma mera marionete na disputa entre Pretos e Verdes, e que é capaz de muito mais do que as pessoas pensam.
O fim da dinastia Targaryen poderia ser evitado
Outra consequência de um possível reinado de Rhaenys envolve a Dança dos Dragões. Quem é fã assíduo da saga épica de Martin sabe que a guerra civil foi o começo do fim da dinastia Targaryen, uma situação que já vinha tomando forma desde que Viserys nomeou Rhaenyra como sua sucessora.
Mas e se Rhaenys tivesse sido nomeada como herdeira de Jaehaerys I? É bem provável que, além de termos um governo mais consistente, o conflito nem veria a luz do dia. Com Viserys fora do Trono, Rhaenyra só reinaria caso se casasse com Laenor Velaryon, o primogênito de Rhaenys com Corlys, que possivelmente seria designado como herdeiro.
Logo, um governo nas mãos de Rhaenys seria mais equilibrado, graças à personalidade estratégica da Targaryen, e ainda impediria o início de uma guerra civil. A linha de sucessão seria mantida e nenhum erro de interpretação causaria o fim da dinastia Targaryen em Westeros. Sem esquecer que até mesmo os dragões se beneficiaram, já que eles foram praticamente extintos depois do sangrento conflito.
Mas não é só isso. Se Rhaenys assumisse o Trono no meio da intriga entre Rhaenyra e Alicent, ainda assim seria possível evitar um grande derramamento de sangue. A Rainha Que Nunca Foi é firme em suas opiniões e, sem dúvida, usaria seu poder para evitar maiores estragos. A cena em que ela invade o septo foi apenas um exemplo de como, mesmo diante de situações em que ela facilmente poderia perder o controle por vingança, ela sempre se mantém fiel a seus princípios.
A primeira temporada de A Casa do Dragão está disponível na HBO Max.
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