Review: The Quarry te transporta para um delicioso slasher dos anos 80

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Review: The Quarry te transporta para um delicioso slasher dos anos 80

Por Leo Gravena

O sucessor espiritual de Until Dawn, The Quarry acompanha um grupo de diversos adolescentes no último dia de acampamento, que após ficarem para trás quando todos vão embora, precisam lutar por suas vidas quando começam a ser atacados por serem sombrios na escuridão.

Ficha Técnica:

Desenvolvedora: Supermassive Games

Distribuidora: 2K Games

Diretor: Will Byles

Plataformas: Microsoft Windows, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S

Lançamento: 10 de junho de 2022

Gênero: Drama interativo, Terror

Tradução para o Português: Sim

Modos: Single-player, multiplayer

Em The Quarry o jogador controla nove personagens diferentes que precisam sobreviver a uma noite bastante assustadora, fugindo de monstros sanguinários que estão atrás deles enquanto também devem lidar com seus próprios problemas e decisões.

Personagens carismáticos

A maior força de The Quarry está em seu grande elenco de personagens, formados por nomes como Justice Smith (Detetive Pikachu), David Arquette (Pânico), Ariel Winter (Modern Family) e até mesmo Lin Shaye (Franquia Sobrenatural). Sendo uma “evolução” de Until Dawn, além de mais personagens jogáveis, aqui eles também possuem muito mais personalidade, mesmo sendo estereótipos de filmes de terror, cada um tem algo a oferecer e não ficam presos aos clichês do gênero.

É importante lembrar também que as escolhas influenciam – até certo ponto – como cada personagem vai agir e o futuro que os espera. Particularmente, os meus favoritos na história, tanto de trama quanto de personalidade, foram Dylan (Miles Robbins), Emma (Halston Sage) e Jacob (Zach Tinker) – e fiquei muito triste cada vez que um deles acabava morrendo.

Cada um desses três personagens também dá uma boa resumida em como o jogo brinca com os estereótipos do gênero e traz algo a mais para eles. Enquanto de início eles parecem ser apenas figuras carimbadas de filmes de terror: o palhaço, a “menina má” e o atleta burro, eles vão ganhando bastante profundidade e se tornando personagens bastante carismáticos,

The Quarry também traz um sistema muito divertido de “replay”, cada vez que um personagem morre você pode usar uma de três vidas para o trazer de volta, voltando alguns segundos e fazendo uma decisão contrária que iria salvá-los.

Dylan (Miles Robbins) e Kaitlyn (Brenda Song) são os personagens mais carismáticos do título

Escolhas que importam

Assim como em Until Dawn, todas as escolhas importam quando o assunto é salvar ou não um personagem e também para onde a trama vai dar, são vários finais diferentes que podem ser atingidos, porém o jogo pode acabar se tornando bastante maçante quando você joga ele mais de algumas vezes em um período curto de tempo, já que não é possível avançar cenas repetidas e muitas vezes você acaba em situações iguais ou muito semelhantes.

A melhor forma de jogar The Quarry é a cada um ou dois meses, fazendo escolhas diferentes e vendo o caminho para o qual elas vão dar.

Começo parado

Talvez um dos maiores problemas do jogo é que após o prólogo o jogo passa um bom tempo desenvolvendo seus personagens e sem trazer muita ação ou sustos. Para quem gosta de se aprofundar mais na trama e conhecer os jovens, o início do jogo é um ótimo momento, porém é certo que aqueles que preferem algo mais frenético vão se entediar rapidamente.

O maior problema dessa parte é justamente na segunda ou terceira vez que você joga o jogo, já que as escolhas aqui não possuem tantas ramificações e tudo é apenas para te levar até a noite, quando os jovens que ficaram no acampamento fazem uma fogueira, acreditando que não há perigo ao seu redor.

Ainda assim, a partir desse momento, tudo começa a dar errado na vida dos instrutores e você deve fazer de tudo para tentar salvá-los, ou os condenar a um destino violento e cruel.

Jacob (Zach Tinker) é o clássico “himbo” com um bom coração

Final frenético

Porém, o que falta no início em termos de ação e emoção, a parte final compensa com um ritmo frenético e tenso. Após o grupo se reunir novamente após a fogueira, dessa vez nas barracas próximas à rádio, temos um festival de momentos excelentes que nenhum fã de horror pode criticar, com capítulos e tramas muito boas, que envolvem desde uma mina abandonada, perseguição em um ferro velho e até mesmo uma casa muito assustadora com caçadores maníacos.

Tudo isso embalado nos Eventos de Ações Rápidas que já ficaram marcados no Until Dawn: além de ter que apertar um botão rapidamente para se salvar do perigo, você também precisa segurar a respiração e fazer escolhas rápidas, como correr ou se esconder. O título cria uma sensação de imersão bem grande, principalmente quando você está fugindo de um monstro assustador em uma casa na árvore.

Os monstros são mantidos em segredo por um bom tempo

Caça aos tesouros

Outro fator que pode trazer um apelo interessante para alguns jogadores são as coleções que o jogo trás. Desde o começo você pode coletar evidências, que vão provar que os eventos que ocorreram no acampamento eram algo real, pistas de um dos três mistérios que estão interligados, ou então cartas de tarô espalhadas pelo jogo, que te dão pistas de um futuro possível.

As cartas possuem um papel bastante importante na narrativa e a cada capítulo você se senta frente a uma cartomante (Grace Zabriskie), que lhe dá dicas e também te ajuda a prever o futuro, dando pequenas cenas do que as suas ações podem fazer aos personagens que ainda estão vivos.

Procure pelas cartas de tarô, elas são importante!

Um jogo longo

Um dos maiores atrativos do The Quarry é como o jogo também possui um modo multiplayer local que permite que mais de um jogador controle as ações de diferentes personagens, porém dificilmente você conseguirá fazer uma “festa do Slasher” em que você e seus amigos jogam de uma só vez já que este é um jogo bem longo.

Com cerca de 10 horas de duração em um jogo normal, você ainda pode perder um bom tempo fazendo escolhas, procurando as cartas e os mistérios, além de ter que pausar vez ou outra. Enquanto ao jogar sozinho isso não é um problema e você pode finalizar o título bem rápido, a funcionalidade de jogar com mais pessoas se torna algo mais difícil de utilizar, principalmente já que, como dito, ele não avança cenas que você já viu em jogos anteriores.

Laura Kearney (Siobhan Williams) personifica perfeitamente as “final girls” dos anos 80

A terrível dublagem

Agora, o maior problema do jogo, atualmente, sem dúvidas é a dublagem. Pelo menos no PlayStation 5 não existe a opção de jogar The Quarry no áudio original, o que torna toda a experiência bastante irritante. Além de traduções ruins, várias frases são simplesmente deixadas de lado e é possível ver o personagem mexendo a boca, a legenda indicando o que ele está dizendo, mas nada sai de lá. Em outros momentos, a frase dublada é dita, porém o personagem já parou de falar 5 segundos atrás.

A dublagem de Abigail (Ariel Winter) é particularmente insuportável, assim como a de Ryan (Justice Smith), que além de não transmitir nenhuma emoção ainda consegue deixar os personagens bem menos simpáticos do que poderiam ser.

Tirando a parte dublada, contudo, o jogo possui um trabalho de som muito bom, seja nos cenários ou até mesmo na trilha sonora; além disso, ele traz uma opção que substitui músicas licenciadas (o jogo literalmente começa tocando Ariana Grande) por uma trilha original para quem quer fazer streaming.

“O que não te mata, te fortalece”.

Quem tem medo de acampamento?

No fim, The Quarry é sim um jogo muito bom, cheio de personagens interessantes, sejam eles jogáveis ou não, e uma ambientação incrível e cheia de locais diferentes para explorar. Trazendo um grupo diverso e grande, o jogo também faz com que seja impossível não se identificar e torcer pelos instrutores.

Quem não é tão aprofundado aqui são os monstros que caçam os jovens, enquanto em Until Dawn a história e origem dos Wendigos é muito bem trabalhada, aqui os seres monstruosos apenas existem, você até possui uma mitologia menor sendo abordada em um momento ou outro, mas no geral eles são apenas elementos narrativos usados para criar mortes violentas. Mas no fim, The Quarry é sim um jogo muito divertido e gostoso de se jogar, tanto para os fãs de horror quanto os de aventuras interativas.

Mesmo com as diversas comparações com Until Dawn, e os outros jogos do estúdio, é impossível negar como The Quarry é superior ao seu antecessor em diversos pontos, seja nos visuais, construção de personagens, ambientação e até mesmo as escolhas, que aqui parecem muito mais perigosas e interessantes.

Nota: 7/10

*Para a crítica foi jogada a versão do PlayStation 5.

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