Review The Boys 3×6: Herogasm
Review The Boys 3×6: Herogasm
Era melhor ver o filme do Pelé!
Sexo. Dinheiro. Fama. Poder. The Boys tenta brincar com a possibilidade de ter todas essas coisas na mão de pessoas despreparadas. Com a moralidade corrompida de indivíduos que se equiparam a divindades. Em como uma nova linha para o “aceitável” é traçada e o limite se torna, desconhecido. E, nenhum evento, melhor representa isso do que o Herogasm.
Não por se tratar do puro desejo sexual frustrado sendo liberado pelos “heróis”, mas pela forma como é apresentado e construído nos quadrinhos. Na história de Garth Ennis, vemos essa “Liga da Justiça às avessas” marcando uma grande orgia, mas dizendo publicamente que é apenas mais um vilão para derrotar. Com isso, Ennis tira sarro da política internacional, dos grandes eventos de editoras como Marvel e DC Comics e usa o sexo como moeda de troca entre seus personagens.
Já na série, é apenas um encontro, puritano em diversos níveis, em que encontramos alguns pênis “meia-bomba”, bundas de personagens conhecido e peitos. Também não podemos esquecer dos fluidos corporais para deixar o público enojado com as possibilidades de ser “super” e ter uma vida sexual ativa.
Talvez tenha sido toda a campanha ao redor do episódio ou a forma como Jensen Ackles, que interpreta o Soldier Boy, comentou do “cheiro” que o set de filmagens ficou no dia seguinte. Mas, tanto em concepção quanto em execução, o Herogasm foi decepcionante.
Como disse um amigo, nudez de figurante pode parecer algo grandioso e desbravador para o público americano, mas em qualquer fim de semana em São Paulo, se encontra vinte eventos maiores do que isso.
O pior é sentir que não é uma adaptação ruim por falta de cenas fortes, mas é uma adaptação meia boca por não compreender a importância deste arco. É nesse lugar que deveríamos ver que todo o poder concedido pelo Composto V se tornar algo mínimo para esses personagens.
Pois, mais do que lançar raios dos olhos e poder voar, existe poder no sexo. Na forma como Capitão Pátria usa da sua fama para fazer o que deseja com todos que encontra, inclusive o Soldier Boy, sem precisar recorrer aos seus poderes.
Fora os pesares
Deixando essa extensa análise do Herogasm de lado, o episódio não deixaria um gosto tão ruim se não fosse a publicidade evidenciando que esse seria o grande episódio +18. Pois, queira ou não, o sexto episódio de The Boys trouxe algumas reviravoltas e interpretações incríveis.
Anthony Starr, mais uma vez, mostra que conhece o personagem que está interpretando. O ator consegue fazer um monólogo com o espelho ser desconfortável e fascinante.
Outros momentos que ficariam ótimos em qualquer outro episódio que não tivesse o nome “Herogasm” foram a luta entre Butcher, Soldier Boy, Capitão Pátria e Hughie. Aqui, vemos um embate que parece equilibrado, que não se perde em artifícios de roteiro para fazer com que todos os personagens importantes saiam vivos.
Até mesmo Annie January consegue entregar mais nesse episódio. Entre sua discussão com Hughie e o “Vou revelar tudo sobre a Vought!”, Luz Estrela parece brilhar e promete algumas mudanças no decorrer da temporada.
Mas tudo isso é diluído frente ao desperdício que foi usar o evento Herogasm como base para o episódio. Talvez tenha sido a falta de coragem de tornar alguns personagens bissexuais ou o medo de expor seus atores, mas no fim, essa adaptação é como a primeira experiência sexual de um adolescente: caótica, desconfortável e decepcionante.
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