Review: The Boys 3×04 – O Glorioso Plano de Cinco Anos
Review: The Boys 3×04 – O Glorioso Plano de Cinco Anos
Você é time Homelight?
Atenção: Alerta de Spoilers!
Se na semana passada vimos o início de uma guerra fria entre os “Garotos”, a Vought, Capitão Pátria e Victoria Neuman; Agora, cada personagem parece estar movendo suas peças para proteger a sua rainha. Mas, quem está na vantagem nesse jogo de xadrez? Talvez, a resposta certa seja nenhum deles.
Todos parecem estar despertando após o baque sofrido com a morte de Tempesta. Não apenas a oficial, mas a sua “saída” de cena ocorrida ao fim da segunda temporada. Essa breve “queda”, deu um gosto de vitória para Hughie e os outros, assim como fez com que Pátria saísse do personagem e compreendesse que “ser autêntico é a melhor política”. Algo que é recorrente para o personagem nos quadrinhos.
Porém, as certezas dos “Garotos” não passavam de enganos e o posicionamento de Pátria o coloca em lugar bem diferente do qual ele tem sido apresentado desde então. Antes, se mostrando como um personagem mimado que faz o que lhe dá na telha, agora, ele parece ter um plano ao qual está seguindo. O objetivo parece óbvio — controlar tudo e todos ao seu redor — mas ele não espera que seus adversários tenham algumas cartas na manga.
Não apenas isso, mas se o “herói” acredita ser poderoso o suficiente para manter o controle de tudo ao seu redor, não é algo que todos ao seu redor concordem. Todas essas situações parecem pequenas diante da trama, mas forçam os personagens a entender que a situação que estão é bem mais complexa do que imaginavam. Pátria está enfrentando as mesmas questões de Hughie e Luz Estrela, porém sob uma perspectiva diferente.
“Eu sou Malcom Jordan, não o Malcom X”
Assim como Trem-Bala — que diferente das demais temporadas, saiu de seu pequeno mundo de autodepreciação, piadas e o constante “poxa, fiz besteira de novo” — o personagem interpretado por Jessie Usher pode ter sido o estopim para o início da série com a morte da antiga namorada de Hughie, mas aos poucos seu enredo foi sendo soterrado pela Vought e Os Sete.
Aparecendo apenas para ser escorraçado pela nazista ou rebaixado por Capitão Pátria, acompanhamos Trem-Bala cair em uma espiral pouco instigante. Mas, nessa maratona, o jogo parece estar prestes a mudar. A inserção de Blue Hawk e sua postura racista contra bairros periféricos está despertando uma postura diferente no herói negro.
É curioso pensar que os roteiristas viram a possibilidade de utilizar pautas sociais para construir debates internos apenas agora. Em uma época onde se posicionar pode garantir engajamento do público, é irônico concluir que foi preciso chegar na terceira temporada para levantarem o fato de que nem toda empresa está preocupada com o mês do Orgulho LGBT+ ou com o Black Lives Matter.
Mas, é como dizem, antes tarde do que nunca. Pelo menos, esse novo caminho de Trem-Bala parece que irá levá-lo para um aprofundamento real do personagem, com a possibilidade de vermos atitudes que não se resumem ao seu clássico “foi mal, tava doidão”.
“Uma decepção lamentável”
Talvez a maior questão desse episódio é que todos estão enfrentando – ou pelo menos ouvindo – quais foram as consequências de seus atos. Seja Vic, Pátria, Trem-Bala ou até Butcher, que está em uma saga capaz de derrubar qualquer um de seus escrúpulos. Todos estão sendo obrigados a compreender que podem estar tomando decisões certas para eles, porém, tudo sempre está a um triz de ir por água abaixo.
Seguindo essa trilha de decisões acertadas e erros previsíveis, talvez o mais claro seja o de Edgar Stan e a Vought. Descrevendo os “supes” como um “produto falho”, uma “decepção lamentável”, percebemos que The Boys é uma comédia de erros. Uma sequência ininterrupta de pessoas tomando decisões questionáveis e levando a morte de inocentes.
Essa temporada ecoa de forma fascinante o propósito de Garth Ennis em seu quadrinho. Um que não se resume apenas a fazer piada com a Marvel e DC, mas que faz paródia com o circo de horrores que é a política internacional. Como boa parte dos líderes de estado não passam de piadas vazias e sem graça alguma.
Concluindo com uma cereja no bolo chamada “masculinidade frágil”. Hughie e Luz Estrela parecem estar fadados a um embate sobre como o rapaz se sente desconfortável por não ter poderes como sua namorada. E isso nos leva por dois caminhos: (1) Hughie sendo insuportável e (2) Luz Estrela indo além do papel de “queridinha da América”.
Com tantos pontos positivos, The Boys parece ter retornado uma subida depois de sua leve queda na temporada passada. Aprofundando seus personagens e lhes entregando desafios que vão além de super poderes, é possível que esse terceiro ano seja não apenas o mais chocante, mas também o mais interessante.