[Review] Em Stray, viver como um gato é bom demais – mesmo em um futuro sombrio

Capa da Publicação

[Review] Em Stray, viver como um gato é bom demais – mesmo em um futuro sombrio

Por Márcio Jangarélli

Em épocas onde proporções megalomaníacas já não atraem tanto, talvez a melhor aposta esteja em aventuras mais singulares, que usam as limitações do mundo ou do protagonista para enriquecer a experiência. É isso o que Stray, novo game da BlueTwelve Studios com a Annapurna, prova de forma exemplar.

Se você está um mínimo ligado no universo dos games, provavelmente viu algo sobre o “jogo do gato”, apresentado em um showcase da PlayStation, onde o player controla um felino laranjinha e seu amigo robô por uma cidade futurista. Depois de alguma espera e muita expectativa, o game chega oficialmente para PS4, PS5 e PC no dia 19 de Julho.

Aqui na Legião, nós já jogamos Stray! Por isso, posso garantir que, além de superar expectativas, esse game vai te marcar mais do que qualquer garra de gato.

FICHA TÉCNICA

Data de lançamento: 19 de julho de 2022

Desenvolvedora: BlueTwelve Studio

Estúdio: Annapurna Interactive

Modo: Single player

Gêneros: Aventura, Plataforma

Plataformas: PS4, PS5 e PC

O futuro está em suas patas

A grande jornada do laranjinha e seu amigo robô já está entre nós.

É difícil imaginar um jogo com mais apelo de público que Stray. Mesmo sendo o projeto de um estúdio muito pequeno, desde que o game do gato laranjinha foi mostrado, esse é o título que gera o maior consenso de curiosidade e afeição. Afinal, não é todo dia que você pode jogar com um gato comum como protagonista, mesmo que o cenário da história passe longe da banalidade.

Agora, com o game em mãos, fica claro que esse era exatamente o ângulo dos criadores: contrastar a simplicidade desse herói com um mundo futurista e em completa desordem. São duas direções conflitantes, mas que funcionam; você quer ser e viver como um gato, derrubando tudo que está pela frente, arranhando tapetes e cortinas, dormindo em lugares nada práticos. Mas você também quer entender essa realidade de robôs simpáticos e pitorescos, descobrir o que aconteceu com o mundo e onde os humanos – ou macios, como são chamados no jogo – foram parar.

O charme de Stray está em ter uma premissa simples, um protagonista inesperado, que rouba seu coração automaticamente, e um mundo rico, belo (da maneira que coisas decadentes podem ser) e fácil de decifrar. O game tem seus desafios, claro, mas está mais preocupado em te fazer entrar de cabeça nesse universo e te dar a possibilidade de viver como um gato em uma sociedade de robôs, seja lá o que isso significa.

Já pensou em levar seu gato pra balada? Para o bar? Para uma fábrica suspeita? Pois é, Stray te dará essas e outras oportunidades.

De forma mais direta, o game mistura plataforma e aventura, se aproveitando dos visuais noturnos, do néon, dos miados do seu herói, da linguagem dos robôs e de uma trilha sonora maravilhosa para compor uma jornada relaxante, divertida e imersiva. Nem mesmo quando os sintetizadores pesam, o clima envolvente e levemente soturno é quebrado. Você se sente livre como um gato na noite e isso é maravilhoso.

Claro, Stray tem outros personagens além do gatinho herói. Você conhece uma sociedade de robôs humanoides, de design fofo, que vivem ameaçados por uma praga que cresce fora dos locais habitados. Eles podem te dar sidequests e recompensar seu protagonista com bottons, mas o mais interessante e divertido é notar as formas como os androides tentam simular um cotidiano humano que não existe mais.

Além disso, seu gatinho encontra um amigo na cidade murada: o B12. Ele é o robozinho que comunica o mundo para o protagonista felino, dando direções, conversando com os robôs e traduzindo informações. Quem não gostaria de entender um gato assim, não é verdade?

O heróis felino não é a única fonte de charme e fofura do game: os robôs companheiros e o B12 também ganharão seu coração.

É com o B12 que temos a visão geral do mundo de Stray, enquanto o gato está ali para provocar os instintos de exploração e caos do jogador. Eles formam uma dupla muito bonita, eficiente e é muito divertido ver como o robozinho trata o protagonista como um igual, debatendo ideias, revelando informações e pedindo ajuda.

Essa é uma análise complexa. Ainda que o game seja bem simples em mecânicas e até visualmente, é inegável que ele entrega mais do que promete, é divertido, relaxante, impactante e atinge tudo isso mesmo sem um orçamento titânico. 

Na verdade, eu ficaria feliz se tivesse mais Stray; mais missões, mais áreas para explorar, mais robôs para conhecer. Porém, o que o game entrega já é o suficiente para você se apaixonar por esse mundo, por esses personagens e, principalmente, pela vida de gato futurista.

Nota: 9,5/10

Stray é mais que um acerto: é um momento de alívio dentro da indústria de jogos cada vez mais saturada. Veja bem, não é uma história revolucionária, uma mecânica original ou uma experiência megalomaníaca. É aplicar uma visão e uma forma inesperadas a conceitos populares

 

Cidades cyberpunk, robôs simulando vida humana, protagonistas felinos, nós já vimos tudo isso, de uma forma ou de outra, diversas vezes. O que nós não vimos foi essa abordagem, com um gato comum encarando um mundo que nós não conhecemos – e talvez nem cheguemos a conhecer.

 

Por tudo isso, Stray leva merecidíssimos 9,5 da Legião dos Heróis. Com certeza é competição para Jogo do Ano em todas as premiações (inclusive nosso LHAMA).

E aí, o que você espera de Stray? Não esqueça de comentar! O game entrará já no lançamento para o catálogo da PlayStation Plus, então corre jogar.

Veja agora nossa lista com lançamentos de 2022: