Review: Sonic Frontiers é um jogo ambicioso que muda completamente a franquia do ouriço

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Review: Sonic Frontiers é um jogo ambicioso que muda completamente a franquia do ouriço

Por Leo Gravena

Antes de tudo, uma confissão: Fazia um bom tempo desde que não chegava perto de um título inédito de Sonic. Claro, como toda criança passei horas e horas fazendo o ouriço azul correr e pegar todas as moedas no caminho, dei uma olhada na franquia vez ou outra depois disso – admito que fiquei um pouco melancólico e nostálgico com Sonic Origins, mesmo sendo algo que sempre gostei, ainda era mais do mesmo – mas ao começar a jogar Sonic Frontiers fiquei surpreso em como tudo parecia diferente e aos poucos ia se tornando familiar. Frontiers é um grande risco para a Sega e Sonic; e é exatamente disso que a franquia estava precisando.

https://www.youtube.com/watch?v=CuTcBAkyNL4&ab_channel=SonictheHedgehog

Ficha Técnica:

Título: Sonic Frontiers

 

Lançamento: 8 de novembro de 2022

 

Desenvolvedora: Sonic Team

 

Distribuidora: SEGA

 

Gêneros: Ação e aventura

 

Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Windows, Xbox One e Xbox Series X/S

 

Tradução: Apenas legendas em português-BR

Cena de Sonic Frontiers

Sonic Frontiers é um jogo bem diferente do resto da franquia

Já de início, Sonic Frontiers parece um jogo bem diferente do que os fãs mais antigos estão acostumados. Sonic, Tails e Amy estão indo para um arquipélago desconhecido na tentativa de encontrar uma Esmeralda do Caos que está transmitindo um sinal bem estranho, mas quando chegam lá, eles são separados e cabe ao jogador, como o Sonic, encontrar seus amigos e descobrir os mistérios das ilhas.

Quase cinco anos desde seu último grande jogo, o Sonic está diferente. O título parece ser um pouco mais adulto, complexo e (algumas vezes, ainda mais) difícil, ao mesmo tempo temos uma certa inocência e momentos bobos que deixariam qualquer “adultão” que gosta apenas de jogos violentos e cheios de sangue um com um sorriso no rosto.

Essa dicotomia gera dois fatores que podem deixar alguns jogadores incomodados: como um adulto jogando, muitos podem achar as missões e história bobas demais, porém é importante lembrar que esse é um jogo para todas as idades e com um foco grande no público infantil. Por outro lado é meio complicado explicar para uma criança uma mãe e filho Koco terem se reencontrado, feito um estranho “pacto suicida” e suas “energias azuis” terem ascendido aos céus, deixando suas carcaças sem vida para trás em uma cena bastante comovente que bruscamente leva para uma cutscene do Sonic dançando após ganhar uma esmeralda – tudo isso em uma das primeiras missões disponíveis no título.

Sonic precisa coletar chaves para desbloquear as Esmeraldas do Caos

Mesmo com a estranheza causada pela situação, Sonic Frontiers possui uma boa história, que é bastante complexa dado o histórico da franquia. Nas ilhas, Sonic precisa salvar seus amigos enquanto compreende a conexão do local com o “Cyberespaço”, tudo isso com a presença do Dr. Eggman e Sage, uma figura misteriosa que possui uma ligação bastante interessante com o vilão clássico e dá uma boa dose de humanidade para ele.

No geral, a história é muito bem amarrada e você chega a torcer para que tudo dê certo no final, toda a jornada do Sonic e as revelações por trás da antiga sociedade que vivia na ilha, as Esmeraldas do Caos e o Ciberespaço são muito bem trabalhadas e se unem perfeitamente no que parece ser um novo capítulo para os jogos do ouriço, tanto em termos de história quanto de jogabilidade.

E falando nela, a jogabilidade de Sonic Frontiers é, assim como o jogo, bastante diferente de tudo o que veio antes na franquia. Aqui, de começo, somos jogados em uma ilha que funciona como um pequeno mundo aberto que vai se expandindo gradualmente. Nela encontramos monólitos que, com ferramentas coletadas de inimigos caídos, abrem portais para o ciberespaço e ali temos várias fases clássicas de Sonic, em que você precisa correr o mais rápido possível, conseguir pontuações altas e assim adquirir as esmeraldas e prosseguir na história.

Sage não gosta muito das piadas do Sonic

No mapa da ilha, temos vários pequenos desafios que podem ser feitos para conseguir itens de memória que ajudam Sonic a prosseguir em suas missões, existem também marcos que possuem pequenos “quebra-cabeças” e desbloqueiam o mapa, além de vários inimigos espalhados pelo local que dão moedas e itens de melhoria ao serem derrotados.

O jogo também traz várias opções de personalização, principalmente de velocidade e ajustes de sensibilidade – porém mesmo mudando as opções algumas vezes, elas nunca parecem realmente fazer muita diferença. O maior problema no PS5, para mim, foi a sensibilidade em algumas fases específicas (a 1-2 simplesmente não tinha a necessidade de ser tão difícil daquele jeito) que acaba atrapalhando muito na hora de tentar finalizá-las com o menor tempo necessário.

Essas fases, que são acessadas através destes portais, são bastante divertidas e trazem algumas homenagens à momentos clássicos da franquia, tanto 3D quanto os de plataforma 2D. O título consegue unir todas essas fases distintas da história do ouriço e as colocar de uma forma simples e divertida, que nunca parece forçada ou apenas “nostalgia pela nostalgia”.

Acredite: essa fase é muito mais difícil do que o necessário!

A franquia do Sonic, assim como Mario e outros jogos de plataforma que conquistaram o público, sempre tiveram as fases como principal atrativo: a fase das planícies, florestas, espaciais ou as temidas fases aquáticas. O grande acerto aqui é transformar cada uma das ilhas em uma grande “fase” diferente. Cada local no arquipélago possui um visual único com suas ruínas, florestas e até mesmo um deserto; esses locais não possuem um visual realista e elegante, mas em sua simplicidade eles conseguem ser belos e aconchegantes.

Em diversos momentos você se encontra no topo de alguma montanha ou plataforma e é impossível não admirar a beleza gráfica da ilha em que você se encontra naquele momento, o jogo também inspira você a tomar um tempo e parar de correr às vezes, seja em missões específicas ou pescando ao lado do Big the Cat – o que é algo bem mais legal do que parece, já que além de peixes você ganha fichas que podem ser trocadas por vários itens importantes e também ganhar alguns presentes especiais.

Pescaria permite que jogador tenha um tempo para respirar

Ainda sobre os gráficos, vários dos inimigos também possuem visuais muito bonitos; em Kronos, a primeira ilha, temos os Squids, que são seres que lembram arraias voadoras e se tornaram meus favoritos, além de terem um design lindo, enfrentá-los é bastante divertido e gera alguns ótimos momentos e visuais, com o Sonic correndo na cauda neon deles enquanto precisa desviar de bolas de fogo e atacar o ser quando ele cria um tipo de escudo.

Ainda assim, os inimigos menores acabam se tornando irritantes depois que você já está poderoso o bastante e algumas vezes é mais fácil ignorá-los ou apenas matá-los usando sua habilidade de Cyloop, na qual Sonic deixa um rastro de energia que explode ao formar um círculo fechado e também pode ser usado para descobrir objetos escondidos no mapa.

No fim, Sonic Frontiers pode ser definido como um bom jogo estranho, ele se afasta bastante de tudo o que vimos da franquia até o momento e mesmo trazendo elementos dos games antigos, parece que temos aqui uma nova direção para o ouriço. Se ela vai trazer bons frutos para a Sega, não há como saber, porém é bom que eles estejam preocupados em entregar algo diferente para os fãs, deixando de lado ideias seguras para tentar algo novo e ambicioso.

Esse não é um jogo perfeito, ele refaz de forma simples vários elementos vistos em outros títulos melhores e não consegue torná-los melhores ou próprios, mas mostra que a franquia está no começo de uma nova jornada e tem tudo para chegar lá – caso seja para essa direção que a Sonic Team pretende levar o ouriço azul mais amado do mundo.

Nota: 8/10

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