Review: Obi-Wan Kenobi – Parte VI
Review: Obi-Wan Kenobi – Parte VI
Com participações especiais, último episódio da série conclui a jornada de Obi-Wan Kenobi em sua busca pela aceitação do passado
Atenção: Alerta de Spoilers!
Desde os primeiros instantes de Obi-Wan Kenobi, reencontramos o tão amado Mestre Jedi de um jeito que nunca tínhamos visto antes. Desolado, frágil e atormentado por seus erros, Ben estava diante de um desafio no qual ele ainda não estava preparado para vencer: conseguir fazer as pazes com seu passado. Uma tarefa difícil, mas não impossível — na Parte VI, sexto e último episódio da minissérie lançado nesta quarta-feira (22), Obi-Wan finalmente aceita o ontem para abraçar o hoje e encarar o amanhã com toda a sua Força.
Dando continuidade aos eventos dramáticos da Parte V, o último capítulo nos leva de volta a Tatooine, enquanto Reva, após descobrir o paradeiro do jovem Luke Skywalker, resolve ir atrás do garoto em busca daquilo que ela chama de “justiça”. Paralelamente a isso, temos Ben e a sua vontade de se redimir por ter passado tantos anos na sombra de sua própria solidão.
É esse propósito recém (re)descoberto que o leva a enfrentar Darth Vader novamente. Entretanto, desta vez, o Jedi não está em estado de choque e nem um pouco fragilizado. Depois de se recuperar do escaldante embate no terceiro episódio, Kenobi já vinha resgatando suas habilidades gradativamente, algo que alcançou seu ápice neste sexto capítulo.
A conclusão da série não perde tempo em entregar aquilo que queríamos ver desde o anúncio da produção: um confronto eletrizante entre Vader e Obi-Wan. Com visuais deslumbrantes, as sequências do conflito vão ganhando cada vez mais tensão a cada choque dos sabres de luz. De um lado, o vilão de armadura preta segue demonstrando seu aterrorizante poder. De outro, o Jedi só quer dar um fim àquele pesadelo.
Por mais que, em determinado momento, Vader conquiste uma certa vantagem em relação ao antigo Mestre, assim como no flashback do episódio anterior, Kenobi mais uma vez comprova o ponto de que o fracasso iminente de Anakin sempre será uma consequência de sua insistente necessidade de vitória.
Mas é só quando Obi-Wan é praticamente “enterrado” vivo por Vader que ele finalmente mostra o porquê é um Mestre. Assim como acontece com um time que está perdendo e que, de repente, retoma a vantagem de um jeito impressionante, Ben ressuscita (no sentido mais metafórico possível) ainda mais forte, chegando a danificar a máscara de Vader em suas novas investidas.
É neste instante que Kenobi deixa as emoções falarem mais alto. Dirigindo-se ao aprendiz pelo seu nome de batismo, o emocionado Jedi pede desculpas a Anakin, já que acredita que, por ter falhado com o antigo Padawan, ele é o responsável pela criação de Darth Vader. Porém, Skywalker logo trata de absolvê-lo de qualquer culpa ao dizer que ele mesmo matou Anakin, não Kenobi.
Com uma única conversa, Obi-Wan finalmente faz as pazes com seu passado e aceita que, de fato, Anakin não existe mais. É um diálogo doloroso e que nos faz imaginar de que forma os tristes eventos de Mustafar, em A Vingança dos Sith, poderiam ter sido diferentes.
Deixando essa batalha de lado por um momento, partimos para falar um pouco sobre Reva e sua busca por Luke, em Tatooine. Ainda em conflito com o ataque sofrido pelas mãos de Vader, a (ex)Inquisidora vai atrás do garoto como uma forma de vingança. Afinal, por que Obi-Wan se dedicou tanto a proteger essa criança quando no passado deixou a pequena Reva e os outros padawan para morrer?
Lá, ela encontra Owen e Beru preparados para proteger o sobrinho, custe o que custar. Embora as sequências em Tatooine não sejam tão bem executadas e fiquem em segundo plano diante do confronto entre Vader e Kenobi, foi interessante ver a forma como Reva, após escolher não matar Luke, alcançou seu próprio arco de redenção.
Infelizmente, pela limitação da estrutura da série, o desenvolvimento da vilã não chegou a atingir um clímax tão satisfatório assim. Claro que isso pode mudar futuramente, já que ainda há muito espaço para trabalhar a história da personagem na franquia. Ainda assim, a sensação que fica é de que faltou alguma coisa no meio do caminho e que a trama de Reva acabou sendo ofuscada por “algo maior”. A personagem é interessante, só não teve tempo para mostrar todo seu potencial.
Não dá para deixar de comentar também sobre as surpresas desse último episódio. Com direito ao retorno de Ian McDiarmid como o temível Imperador Palpatine e Liam Neeson como o tão esperado Fantasma da Força de Qui-Gon Jinn, a Parte VI não teve medo de contar com a ajuda de um bom (e talvez não tão necessário assim) fan service para concluir a temporada. Até o famoso “Hello, there” de Obi-Wan ganhou seu momento de destaque.
Por fim, Obi-Wan Kenobi finaliza sua saga com uma emocionante despedida daqueles que jurou proteger: Leia e Luke. A cena com a jovem Princesa é ainda mais especial depois de tudo que a dupla enfrentou ao longo dos episódios, conseguindo demonstrar com apenas poucos minutos todo o carinho mútuo entre os dois.
No final, depois de tantas mágoas, sacrifícios e traumas, Ben parte em busca de um novo começo. Ele finalmente está pronto para ver, nas palavras de Qui-Gon. E a série foi bastante eficaz em mostrar o desenvolvimento de um dos personagens mais famosos de Star Wars, garantindo um enredo envolvente e uma nova abordagem psicológica do Mestre. Com alguns pequenos erros aqui e acolá, mas ainda assim uma produção que foi capaz de entregar uma boa aventura.
Talvez uma outra mensagem que fique de tudo isso é que, assim como Obi-Wan, talvez seja hora da franquia também deixar o passado um pouco de lado e ter a coragem de contar novas histórias. Afinal, na imensidão da galáxia, há outros mundos que também merecem ser explorados.
Obi-Wan Kenobi está disponível no Disney+.
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