Review: Nintendo Switch Sports diverte mesmo em pacote caro e bastante limitado
Review: Nintendo Switch Sports diverte mesmo em pacote caro e bastante limitado
Mais de 15 anos depois, sucessor de Wii Sports continua sendo uma experiência mágica – se você não pensar no preço ou na falta de variedade, claro
Se você já chegou perto de um Nintendo Wii na sua vida, há grandes chances de que foi para jogar Wii Sports. O game com título autoexplicativo vinha junto com o console, e serviu como o melhor demonstrativo da capacidade dos controles de movimentos da plataforma.
Em 2006, jogar com movimento parecia revolucionário, a próxima etapa na evolução dos games. Hoje sabemos que não é bem assim, e a indústria amplamente passou a rejeitar tecnologias do tipo. Em um cenário muito diferente, Nintendo Switch Sports surge para lembrar que sua diversão é atemporal – mesmo em um pacote que deixa muito a desejar.
Da quadra às pistas – em casa ou na internet
O novo game da franquia promete retomar a experiência clássica com a adição de disputas online. Há um total de seis modalidades para curtir, seja pela internet ou com amigos: boliche, tênis, futebol, vôlei, peteca e luta de espadas. Logo de cara, o primeiro problema já se torna visível com uma lista tão modesta de opções. O título original, de 16 anos atrás, tinha cinco modalidades.
Apesar da pouca variedade, modos clássicos continuam tão divertidos quanto nunca. É possível passar uma tarde inteira tentando a sorte no boliche sem nem ver o tempo passar. Ou então procurar brigas online na luta de espadas, uma das modalidades mais competitivas do pacote. É o videogame em seu estado mais puro, feito sob medida para entreter e facilitar brincadeiras da vida real.
Das novidades, o destaque fica para o futebol. Não espere nada como Fifa, mas sim algo mais caricato a lá Rocket League, em que é preciso correr atrás de uma bola gigante e fazer diversos gestos com os controles na tentativa de emplacar gols. Parece que não deveria funcionar, mas é um dos mais divertidos modos do game como um todo.
A adição do modo online também é muito bem vinda. Um sistema de progressão de ranking garante que os demais jogadores estejam à altura de suas habilidades, ainda que nenhum dos mini-games seja particularmente desafiador – salvo pelo boliche em níveis mais altos, com pistas com obstáculos e variações para complicar a sua vida. Quando você eventualmente cansar de só cair com gente que não erra um strike, há a opção de desligar o competitivo e curtir apenas partidas casuais.
Em essência, Nintendo Switch Sports funciona tão bem quanto Wii Sports funcionava em 2006. Na prática, as coisas são um pouco mais decepcionantes. O atual console da Nintendo tem como foco transitar entre a TV e o portátil, e seus controles de movimento são apenas uma função secundária em meio a outras funcionalidades. Assim, a jogabilidade é um pouco menos lapidada que o título original, que foi feito em um console em que a movimentação era prioridade máxima.
O preço da diversão
Lembra daquela estranha barrinha que você precisava botar na frente da TV para jogar no Wii? Era uma forma de mapear os comandos que eram dados pelo jogador com mais precisão. Já no Switch, os Joycons têm sensores de movimento internos – os famosos giroscópios – que resultam em uma experiência muito mais imprecisa.
É fácil aplicar efeitos na bola de boliche sem querer, por exemplo, unicamente porque o console não entende exatamente onde o jogador está posicionado na sala. Aqui tudo vira uma questão de tentativa e erro.
Ainda que movimento não seja o foco do Switch, uma das características mais legais do console é o fato de já vir com dois controles por padrão. Com os dois Joycons padrões é possível curtir quase tudo do pacote em tela dividida. Agora, se você quiser aproveitar partidas de futebol ou uma modalidade específica da luta de espadas na mesma sala que seus colegas, precisará desembolsar uma bolada em outro par de controles, já que estes te obrigam a usar um em cada mão.
Pode parecer que pouco se perde, mas se torna um pouco mais drástico quando se leva em conta que há apenas seis modalidades no game. Algumas ausências como boxe, baseball e golfe são especialmente sentidas aqui, dando a sensação de que o game é um passo atrás de seu antecessor de 16 anos.
Nos dias de hoje, há espaço para expansões e atualizações online – e golfe, por exemplo, já está confirmado para o futuro – mas isso só reforça a impressão de um lançamento precário. Talvez comparar com o Wii Sports de 2006 seja injusto, mas o clássico teve continuação em 2009 com Wii Sports Resort. Esse, por sua vez, vinha com 13 modalidades entre tiro com arco, basquete, arremesso de frisbee e muito mais.
Em um momento em que os jogos da plataforma são investimentos consideráveis, não há espaço para promessas esperançosas. Basta olhar o salgado preço do lançamento para entender que decepções como a pouca variedade, e a injustificável e indefensável falta de tradução para português do Brasil começam a pesar bastante.
Muitas das frustrações com Nintendo Switch Sports passam quando se está dando suas melhores jogadas nas pistas de boliche, ou então cansando os braços em uma luta de espadas ou partida de futebol. Até mesmo criar seu avatar digital e liberar roupinhas virtuais para ele é bastante satisfatório e viciante.
Jogar videogame com movimento pode não dar o mesmo brilho no olhar que nos anos 2000, e a tecnologia perdeu em precisão ao deixar de ser o foco da Nintendo, mas com certeza segue algo mágico e muito divertido. Logo, por que o título mais atual passa por uma avaliação mais cética e criteriosa que o clássico? Simples: Wii Sports vinha junto com o console. E isso faz toda a diferença.
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