Mulher-Hulk 1×04 – Não é Magia de Verdade?
Mulher-Hulk 1×04 – Não é Magia de Verdade?
Nem feminista de verdade?
Assim como o título desse episódio, Não é Magia de Verdade? é sobre mentiras. As inofensivas, as grandiosas e as que não importam. Que contamos para nós mesmos para nos sentirmos melhor. Que nos faz rir de nervoso quando descobrem a verdade.
E, o mais curioso entre pequenas grandes mentiras e Jennifer Walters é que, como advogada, ela precisa, diariamente, lidar com elas. E, às vezes, precisa criar suas verdades. Cada trama judicial é uma história inventada, usada para convencer o júri.
Porém, a personagem também se encontra em um mundo de “mentirinha”. Mesmo com seu trabalho dependendo da personalidade da Mulher-Hulk e, ao se olhar no espelho, se deparar com uma mulher verde de dois metros de altura, Jenn não acredita que ser uma Hulk faça diferença para sua vida.
E, nesse ponto, entre descrença e auto aceitação, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis tem sido a série da Marvel que melhor tem trabalhado esses pontos. Alguns ainda dirão que é a produção corre a esmo por aí, sem noção para onde está indo. Porém, assim como How I Met Your Mother tinha uma história por debaixo das fantasias de Ted Mosby e Friends desenvolvia seus personagens apesar do problema que era lidar com Ross Geller, Mulher-Hulk também tem muito para contar.
Diferente do resto do Universo Cinematográfico da Marvel, Mulher-Hulk não é uma história de amadurecimento como Ms. Marvel, nem a superação de desafios como Capitão América ou Homem de Ferro. É simplesmente sobre alguém precisando lidar com suas expectativas em relação às dos outros.
E Jennifer Walters entrega tudo isso junto de munição para o Twitter se distrair por mais uma semana. Pessoalmente, não fazia ideia o quanto a quebra da quarta parede fez falta no mundo dos heróis nos últimos anos. Entre Deadpool dando uma pausa nos cinemas e Gwenpool se tornando uma reclusa nos quadrinhos, encontrar uma personagem que é consciente do caos que é a comunidade nerd é, por falta de palavras, “incrível”.
Não é a primeira vez que me vejo na necessidade de elogiar o roteiro de Jessica Gao e, provavelmente, não será a última. A roteirista tem conseguido conciliar a “Jenn nerd” presente nos quadrinhos de Slott, mas sem esquecer a versão moderna e sarcástica de Charles Soule. Sem contar que Gao ainda consegue apontar todo tipo de questões sobre feminismo e relacionamento moderno com algumas simples falas e atitudes.
Em contrapartida, algumas direções parecem destoar do panorama geral do MCU. Wong, por exemplo, se torna um coringa na mão de Gao. Para outro roteirista, ele se torna um mago competente e centrado; enquanto para Jessica, Wong caiu no “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Algo que, de certa forma, é maravilhoso. Depois do primeiro filme do Doutor Estranho, o personagem foi se apagando para dar mais espaço a Stephen Strange. Se deparar com essas incongruências de personagem é um agrado. Colocá-lo ao lado de uma personagem como Madisynn — dois n’s e um y, mas não onde você acha que é —, o desafia a mostrar uma nova faceta.
A longo prazo, não tenho certeza se essas escolhas irão funcionar. O plano de Feige de manter todo o universo coeso pode acabar indo por água abaixo caso cada roteirista decida dar um “tom autoral” para os personagens com os quais trabalha.
Mas, a verdade é que isso não importa no momento. Chega a ser chato escrever sobre Mulher-Hulk, pois, até as críticas que levanto sobre a série são apagadas pelo sorriso luminoso de Tatiana Maslany. E, após a trilha sonora ter inserido de forma tímida a música ZOOM de Jessi, só consigo pensar em como seria maravilhosa uma nova cena de Jenn rebolando ao lado da cantora coreana.
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