Review Ms. Marvel 1×03: Destinada
Review Ms. Marvel 1×03: Destinada
Ms. Marvel tem tudo para ser não apenas a melhor série da Marvel Studios, como também uma das melhores obras do MCU
Exatamente na metade de sua temporada, Ms Marvel entrega seu episódio mais fraco até agora, o que não quer dizer muita coisa, já que o ele também teve alguns dos melhores momentos e diálogos do Universo Cinematográfico da Marvel, provando é possível entregar uma trama fiel aos quadrinhos, dinâmicas familiares excelentes e boas cenas de ação sem deixar de lado o ponto principal: trazer para o espectador uma boa história.
Vamos por partes?
A boa
Começando pelas melhores partes do terceiro episódio de Ms. Marvel, temos Kamala indo para o casamento do irmão após descobrir suas origens junto de Najma (Nimra Bucha), a mãe de Kamran. E aqui é onde o roteiro permite que toda a família Khan brilhe sem igual. Ver toda a família e comunidade de Kamala se unindo para esse evento é algo muito bonito, porém é justamente nos momentos mais calmos que envolvem a loucura de um casamento que vemos a importância de termos uma série como Ms. Marvel sendo exibida.
A conversa de Aamir (Saagar Shaikh) com seu pai, Yusuf (Mihan Kapur), mostra muito do relacionamento entre a família Khan e sua dinâmica, mas principalmente deixa claro o amor dos pais de Kamala por seus filhos e como eles acreditam neles. A conversa da jovem heroína com a sua mãe, Muneeba (Zenobi Shroff), em que ela fala das dificuldades e como encontrou uma família e comunidade na Mesquita após se sentir muito solitária, também explica muito de todas as motivações dessa personagem e a tornam ainda mais relacionável.
Outro momento que é impossível não deixar de lado é quando Kamala conversa com Sheikh Abdullah, que lhe diz a frase clássica dos quadrinhos da heroína, porém tanto a dublagem quanto a legenda a traduziram de uma forma péssima.
“Bem não é algo que você é, é algo que você faz”.
Mesmo já sabendo, ou sentindo, que a frase em algum momento seria dita na série, aqui temos ela sendo utilizada em uma cena tão boa, com Kamala questionando se realmente deveria ou não ser uma heroína, que é impossível qualquer fã da Ms. Marvel dos quadrinhos não lacrimejar um pouco.
Ainda sobre as boas partes do episódio – que formam a maioria dele – temos uma excelente cena de luta com armas antigas e Kamala usando seus poderes de uma forma ofensiva pela primeira vez. É nisso também que Nakia (Yasmeen Fletcher) acaba descobrindo sobre os poderes da amiga, isso após uma cena rápida, mas bastante interessante em que elas conversam sobre os problemas trazidos pela heroína.
É outro momento rápido, mas a maneira como Nakia simplesmente joga vários termos e situações já conhecidas não apenas pela população muçulmana como também de outras minorias mostra como é importante não ter apenas pessoas ligadas à cultura de um personagem dirigindo os episódios, como também escrevendo e colocando suas vivências e opiniões ali.
A ruim
Não, não é aqui que farei as já esperadas reclamações sobre a origem dos poderes de Kamala, o “Clã Destino” e o fato dela ser uma Djinn. Aqui vamos falar sobre a trama que, pelo menos para mim, estava sendo completamente ignorada, já que honestamente não queria pensar neles pois até agora apenas um sentimento poderia descrever cada vez que o pessoal do Controle de Danos aparecia em tela: “meh”.
A versão falsificada (e possivelmente racista) da S.H.I.E.L.D. apareceu desde a cena pós-créditos do primeiro episódio indo atrás da nova heroína que surgiu no MCU, com o Agente Cleary (Arian Moayed) e a Agente Deever (Alysia Reiner) tendo a relevância e presença de tela de um biscoito que você havia jogado no lixo mas seu gato ou cachorro de alguma forma conseguiu tirar de lá, mas você já havia esquecido dele então apenas se pergunta: “de onde esse bicho tirou isso?“.
Assim como em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, a agência tem zero relevância dentro do grande esquema do Universo Marvel e os personagens não tem carisma o bastante para você se interessar por eles e nem é possível sentir um pingo de antipatia, já que toda essa trama é simplesmente desnecessária e maçante até agora.
A única coisa boa que pode acabar saindo disso é uma discussão um pouco mais aprofundada do conceito explicado por Nakia ainda no começo desse episódio: o dilema do “bom muçulmano” contra o “mau muçulmano”, já que Moayed, que dá vida ao Agente Cleaty, é um ator de origem iraniana.
A feia
E por fim, a parte mais complexa de Ms. Marvel. Desde o começo sempre fui uma das pessoas que odiou a mudança nos poderes da heroína e ainda acredito verdadeiramente que essa foi uma péssima decisão criada por pessoas que não se importam de verdade com a personagem e o que ela representa – e caso você seja um dos defensores dessa aberração, só se pergunte se você iria gostar do Homem-Aranha tendo os poderes do Homem de Gelo em uma adaptação e conversamos mais tarde.
Mas, mesmo com essa mudança, a série ainda mantém o espírito de Kamala e suas histórias nos quadrinhos – assim, possivelmente eles usarão e trarão uma conexão com os Kree (já vimos um braço azul). Mesmo que em momento nenhum ela seja chamada de “Inumana”, Najma utiliza diversos nomes para se referir à raça da qual Khan descende, inclusive “Clã Destino”, algo que veio diretamente dos quadrinhos da Marvel.
No fim, a série não se afasta completamente da origem de Kamala nos quadrinhos, mas é estranho como ela se aproxima muito da de Shang-Chi, inclusive tendo uma pequena referência aos Dez Anéis nos primeiros minutos de episódio. E ai temos mais um problema nisso tudo…
Esta pode ser uma problematização que será desconstruída em breve, mas o MCU realmente vai fazer com que todos os seus heróis “diversos” venham de reinos mágicos e realidades alternativas? A mãe de Shang-Chi veio do Reino de Ta-Lo, America Chavez é de outra realidade e até mesmo o Pantera Negra vem de Wakanda, que é um reino avançado e tecnológico que possui ligações com um mundo espiritual. Agora a Ms. Marvel é, supostamente, de outra dimensão. Até agora isso não aconteceu com nenhum novo herói caucasiano após a Fase 2, salvo os Eternos – e mesmo na equipe, metade dos integrantes é formada por pessoas não-caucasianas.
No fim, mesmo com esses pequenos problemas, o episódio traz várias interações excelentes de Kamala com sua família, amigos e inimigos, provando que não as vezes uma história simples e divertida é a melhor aposta para um público que está saturado de produções desse tipo.
E semana que vem, as raízes de Kamala serão ainda mais exploradas com a jovem indo para Karachi!
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