Review Ms. Marvel 1×02: O Crush
Review Ms. Marvel 1×02: O Crush
Visuais incríveis, a descoberta dos poderes e o carisma de milhões. Ms. Marvel tem tudo para se tornar a melhor série da Marvel Studios até agora.
Mais uma semana, e o sentimento de que Ms. Marvel é a “anti-Cavaleiro da Lua” continua, ambas as séries utilizam-se de muito humor, possuem bons protagonistas e alteram de uma forma quase ofensiva o cânone das HQs, mas de alguma forma, tudo isso está funcionando muito bem na série protagonizada por Kamala Khan.
Até o momento, todas as alterações feitas ao material base foram em termos de visual e histórias, o grande mérito de Ms. Marvel é como a série consegue se manter muito fiel não apenas às raízes de Kamala, como também a sua personalidade, quem a personagem é no fundo de seu cerne. Isso é algo que muitas poucas adaptações de personagens do MCU conseguiram fazer até agora.
Já no segundo episódio da série somos apresentados a Kamran, o interesse amoroso de Kamala que possui alguns mistérios que não conhecemos de primeira – enquanto nos quadrinhos ele é um Inumano, sabemos que essa palavra é o demônio da paralisia do sono de Kevin Feige e ele não quer a Ms. Marvel associada a eles, então provavelmente ele terá uma história semelhante às HQs, porém não tanto.
Por lá, Kamran não é um cara tão legal quanto ele parece ser, mas aqui é bem fácil entender Kamala, já que assim como boa parte do elenco dessa série, Rish Shah, que dá vida ao jovem, esbanja carisma. Inclusive, uma das melhores cenas do episódio vem justamente após Kamala chegar apaixonada em casa enquanto “Be my Baby” das The Ronettes começa a tocar.
E o episódio continua com o melhor efeito narrativo do primeiro episódio, as visões de Kamala que trazem seus sentimentos à vida em sequências excelentes. Além da cena da jovem heroína completamente apaixonada e com um filtro rosa semelhante aos dos vídeos de casais shipper em 2010, outro ótimo elemento da série são as mensagens de celular que se moldam no ambiente.
Toda vez que Kamala e Bruno estão trocando mensagens, é impossível não abrir um sorriso para como as frases de cada um deles vai aparecendo na tela e a série também sabe muito bem utilizar esse recurso, não é repetitivo e sempre que surge, é excelente.
Ainda sobre o episódio, temos aqui a clássica montagem de treinamento de herói, com diversas cenas icônicas de Kamala e Bruno, que formam uma dupla tão fofa que é impossível já não torcer por eles como um casal. Aqui temos também o primeiro feito heroico de Kamala, que em uma festa de sua mesquita precisa salvar um jovem que estava tirando selfies em uma torre gigante por motivos desconhecidos até mesmo pelo próprio.
Mas além de Kamran, o episódio também dá um bom destaque para Nakia, a melhor amiga de Kamala que também é muçulmana. A jovem traz uma cena belíssima em que explica sua motivação para usar o hijab e em sua relação com sua religião. Claro que outras séries já fizeram isso, e melhor (Skam com a Sana por exemplo), mas a questão aqui é que temos uma grande série da Disney trazendo essa discussão de forma bastante didática e compreensiva.
Além disso, me desculpem os fas, mas em dois episódios de série, Nakia já é bem mais interessante e carismática do que sua contraparte dos quadrinhos; assim como Aamir, o irmão de Kamala que na maior parte do tempo serve apenas de alívio cômico, mas também é bastante divertido e não é apenas controlador e chato.
No fim, contudo, a série deve se manter em um território confortável, trazendo uma história sobre ancestralidade; Por mais que tenha sido ótimo conhecer a história da família de Kamala e ver esse tipo de representação na série, com os personagens falando sobre a Partição e sua origem, existe um grande problema aí.
Tudo isso deveria estar sendo abordado independentemente de ser sobre os poderes de Kamala ou não, a origem dela, sua família, seus amigos – eles formam quem ela é e a família da heroína deveria ser importante não porque eles possuem uma ligação com um poderoso artefato que deve ser explicada. A história da família de Kamala deveria ser abordada por ser a família dela.
Em uma apresentação, G. Willow Wilson falou sobre a criação da personagem, ao explicar sobre como queria que ela fosse inovadora, ela disse que decidiu dar para a jovem uma das coisas mais raras nas histórias de quadrinhos: “pais vivos”. E os pais de Kamala são de extrema importância para suas histórias por, nada além, serem pais dela.
No fim, mesmo estando com medo do futuro e do que pode acontecer, Ms Marvel continua surpreendendo, trazendo uma história verdadeiramente boa. E com todos os seus tropos e clichês e cenas bobinhas e divertidas, Ms. Marvel consegue inovar nesse nicho que já teve sua boa cota de piadas forçadas e visuais cinzas ou sombrios entediantes.
Confira também os easter eggs e referências do episódio abaixo: