Review: Kirby and the Forgotten Land explora a mitologia e possibilidades da franquia

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Review: Kirby and the Forgotten Land explora a mitologia e possibilidades da franquia

Por Junno Sena

Kirby é como um desses personagens que todos conhecem, mas poucos realmente entendem. Por trás da bolinha rosa gulosa, se esconde uma mitologia complexa com deuses cósmicos, viagens dimensionais e ameaças intergalácticas. Mas, em Kirby and the Forgotten Land viajamos para o mundano, em rumo de uma aventura que reúne tudo que esse personagem da Nintendo é e mais um pouco. 

FICHA TÉCNICA

Título: Kirby and the Forgotten Land

Desenvolvedora: HAL Laboratory

Distribuidora: Nintendo

Plataformas: Nintendo Switch

Lançamento: 25 de março de 2022

Gênero: Ação e Aventura, Plataforma

Idioma: Japonês, Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Coreano, Holandês, Chinês

Legendas em Português: Não

Expandindo as fronteiras do 3D

Kirby é colocado em mundo completamente diferente do seu habitual

E, para honrar seu protagonista, mas trazendo novidades em seu encalço, a desenvolvedora HAL Laboratory decidiu seguir um sistema muito similar ao de Super Mario Galaxy. Ao invés de uma estrutura baseada apenas em plataforma, somos catapultados para um novo planeta e junto, uma nova forma de jogar com Kirby.

Na história, após uma catástrofe a níveis cósmicos, a bolinha rosa é sugada para um novo mundo. Separada de seus amigos, sua única salvação para entender o que está acontecendo é se juntar ao misterioso Elfilin. Aos poucos, como quem não quer nada, Forgotten Land vai inserindo conceitos já conhecidos do mundo de Kirby, mirando em um final eletrizante.

Um que não é necessariamente um fim. Assim como Metroid Dread e Pokémon: Legends Arceus, o novo jogo da franquia explora todo o diferencial de seu personagem, construindo nele, toda a força de Forgotten Land. E quando tratamos de Kirby, isso é sinônimo de transformação.

Se adaptando ao novo

Novas transformações compõem o jogo

Ela começa no desapego de Kirby ao planeta Pop Star e parte para as novas habilidades adquiridas do bichinho. Muito mais do que se esticar, engolir seus inimigos e voar por aí, Kirby agora consegue assimilar habilidades diversas e utilizá-las contra seus inimigos. Fazendo desse, o ponto certeiro para colocá-lo afastado de outros jogos de plataforma. Não só do gênero, da franquia, mas da própria Nintendo.

Nos últimos anos, o mercado foi introduzido a esta curiosa forma de se jogar, que investe em exploração e construção de mundo. Fazendo referência as habilidades do protagonista desse jogo, Forgotten Land é o resultado de Kirby ao engolir todos os seus concorrentes de mercado.

E no topo desses concorrentes e colegas, está Super Mario Galaxy. Com uma estrutura similar, somos apresentados a um hall de entrada, onde interagimos com outros personagens – a vila dos Waddle Dees –, através dela somos colocados diante de diversas fases – transportados por uma estrela – e nelas, encontramos diferentes modalidades de jogo para conseguir novas recompensas.

A vila dos Waddle Dees é um dos destaques

Porém, existem dois fatores que fazem a vida útil de Forgotten Land se estender em comparação a Galaxy e é a versatilidade do personagem em combate,  Além de diversos espaços para explorar, Kirby possui 12 habilidades desbloqueáveis com o decorrer da história. Com elas em posse, é possível evoluí-las, fazendo com que o “repeteco” das fases sempre tragam algo de novo.

Isso sem contar as missões, possibilitando que, através delas, o jogador liberte mais dos Weedle Dee presos ou colecionáveis.

Mais do que um jogo para toda família

Com essa breve descrição, Forgotten Land mais parece uma aventura para se relaxar e não prestar atenção na história. Mas não se resume a isso. O game proporciona pouco desafio inicial. Para desbloquear o confronto com os chefes de cada área, é necessário libertar um número pequeno de Waddle Dees, fazendo do avanço do jogo ser algo simples de se atingir.

Aos poucos, enquanto o jogador se habitua com cada habilidade do personagem, alguns novos desafios vão sendo inseridos, mas nada que impeça a sua conclusão. Mais do que uma aventura sobre navegar uma bolinha rosa pelo mapa “aberto”, o novo jogo de Kirby tem uma narrativa que consegue conquistar até o mais duro dos corações.

Amizade é a linha narrativa do jogo

Com base no “poder da amizade”, vemos alguns possíveis amigos de Kirby sendo mentalmente manipulados para escravizar os Waddle Dees e controlar esse estranho planeta. Esse curioso enredo que pode ser encontrado em outros games da franquia é usado aqui para expandir as fronteiras de Kirby, seja através de uma mecânica que investe na exploração ou o colocando diante de novos e antigos inimigos.

Entre acertos e derrapadas

Vale lembrar que está é a primeira vez que o personagem é colocado sobre um mundo “aberto”, como foi anunciado. Entre entradas secretas e formas únicas de encontrar colecionáveis, o jogador tem certa liberdade para se mover pelo mapa.

O pecado fica em serem espaços limitados para isso. Enquanto avançamos nos níveis de determinada fase, é impossível retornar, tornando a jogatina mais frustrante do que deveria. Além disso, a própria exploração de mundo é prejudicada, uma vez que o encontro das fases é menos “procure e ache” e mais “agora você desbloqueou esta área”.

Um novo mundo de possibilidades se abre para Kirby

Outro ponto que pode se estender para qualquer jogo da Nintendo é a falta de uma adaptação para o português. Kirby and the Forgotten Land é um jogo simples e direto, podendo atingir qualquer público, mas a falta de uma adaptação regional prejudica o intuito do game.

É como se todo o trabalho em construir um design de nível simples repleto de aprendizagem fosse jogado fora por falta de uma tradução. Sem contar a modalidade multiplayer, que se beneficiaria de uma mecânica que incluísse não-falantes de língua inglesa. Nesse parâmetro, mesmo que Kirby não seja o carro chefe da empresa, seria interessante o cuidado que tiveram com Mario Party SuperStars.

Uma nova forma de se conhecer o Kirby

Mas, para quem já está acostumado, Kirby and the Forgotten Land é um prato cheio. Repleto de conteúdo, o jogo consegue te fazer querer mais desse mundo. E, de certa forma, entrega.

Além do enredo principal, que já oferece diversos níveis, o game possui uma dimensão paralela que promete contar uma nova história e entregar um novo final para o jogador. Essa dimensão espelho, ou Isolated Isles: Forgo Dream, apresenta um resumo dos níveis principais, mas com novos desafios.

Junto da arena e minijogos, Kirby consegue ir além na sua vida útil

Para os não tão chegados a descobrir mais da história, Forgotten Land ainda conta com uma arena, em que o jogador desafia os chefes de cada nível e minijogos ao redor da cidade dos Waddle Dees. Entre pescaria e um trabalho como garçom, o jogo oferece um leque de possibilidades.

E essa é a palavra que consegue resumir o rumo da Nintendo neste ano: possibilidades. Mesmo com a sequência de Breath of the Wild, a empresa está entregando novos conteúdos que, em síntese, prometem trazer novas formas de se jogar com esses clássicos personagens.

Nota: 9,5/10

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