Review: The Dark Pictures Anthology guarda o melhor para o final com The Devil in Me

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Review: The Dark Pictures Anthology guarda o melhor para o final com The Devil in Me

Por Leo Gravena

O quarto jogo da antologia The Dark Pictures, e o último da primeira temporada, The Devil in Me apresenta mais um drama interativo de horror da Supermassive Games, dessa vez focado em uma equipe de documentaristas que está presa em uma mansão que recria o hotel de H.H. Holmes, considerado o primeiro assassino em série dos Estados Unidos.

Com muitos sustos, cenas incríveis, novas ferramentas e um elenco excelente de personagens e atores, o novo jogo da franquia apresenta um Serial Killer inspirado por H.H. Holmes que não fica nem um pouco atrás de outros assassinos do horror e que possui tudo para se tornar um dos maiores assassinos dos games.

Ficha Técnica:

Título: The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me

 

Data de Lançamento: 18 de novembro de 2022

 

Desenvolvedora: Supermassive Games

 

Distribuidora: Bandai Namco Entertainment

 

Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Microsoft Windows

 

Gênero: Drama interativo, horror

 

Modos: Single-player e multiplayer

The Devil in Me é um prato cheio para os fãs de slasher

Em The Devil in Me conhecemos uma equipe de documentaristas que trabalham em uma série sobre assassinos famosos, porém, diferente do que você estaria esperando, eles não são famosos e o programa é visto como uma piada até por eles mesmos. Com mais um programa ruim em mãos, a equipe recebe uma oportunidade de ouro: pouco antes de finalizarem uma edição focada no serial killer H.H. Holmes, eles recebem uma chamada do Sr. DuMet, que possui uma grande coleção sobre o assassino, herdada de um tio distante, e que está em uma mansão que recria o hotel em que Holmes assassinava suas vítimas. O que poderia dar errado?

Na equipe temos o diretor Charlie Lonnit (Paul Kaye), a repórter e apresentadora Kate Wilder (Jessie Buckley), o câmera Mark Nestor (Fehinti Balogun), a técnica em iluminação Jamie Tiergan (Gloria Obianyo) e a interna Erin Keenan (Nikki Patel), que também trabalha com o som. Cada um dos personagens possui habilidades específicas e equipamentos que os ajudam a desvendar os mistérios por trás da misteriosa figura do Sr. DuMet e também a sobreviver ao assassino que está os caçando.

Os personagens de The Devil in Me

Com uma mistura de slasher clássico e armadilhas no melhor estilo de Jogos Mortais, The Devil in Me é um prato cheio para qualquer fã do gênero que gosta de dramas interativos. Em termos de história e personagens ele está muito próximo à Until Dawn e é disparado o melhor da franquia The Dark Pictures até o momento, se utilizando da melhor forma possível de todos os clichês desse tipo de história ao mesmo tempo em que traz uma trama excelente, personagens profundos e um assassino incrível.

Enquanto de começo alguns personagens como Charlie e Jamie podem ser bastante irritantes, o jogo sabe muito bem trabalhar esses personagens e, não importa qual caminho você siga com eles (seja para deixá-los mais legais, ou mais babacas) eles ainda possuem motivações bastante válidas e interessantes.

Em vários jogos desse tipo é fácil não se importar com os dramas pessoais dos personagens, basta lembrar do título anterior da antologia, House of Ashes, e como quase todas as interações entre os personagens eram simplesmente descartáveis já que você não conseguia criar uma conexão emocional com nenhum deles.

Cada personagem possui equipamentos e “lanternas” próprias

Existem dois tipos de filmes slasher, esse gênero em que um assassino em série sai matando várias pessoas, uma a uma, que se destacam: o primeiro é aquele em que o público espera apenas a próxima cena para uma morte interessante e divertida, como Jogo Mortais e Premonição, já outros tentam fazer com que você realmente se importe com os personagens e se eles vão sobreviver até o fim, como Pânico, O Massacre da Serra Elétrica de 2003 e até mesmo Abismo do Medo.

O que The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me consegue fazer é unir muito bem esses dois estilos do horror em uma narrativa excelente e muito, muito divertida de se jogar. Em seus melhores momentos, o jogo evoca o mesmo sentimento de assistir Noite do Terror (1974) pela primeira vez: um grupo de pessoas que se conhecem e não necessariamente se gostam, mas que precisam se unir para sobreviver, ao mesmo tempo em que o ambiente em que estão faz parte dessa trama e quase se integra ao elenco.

Em um dos momentos mais tensos, você precisa seguir barulhos atrás da parede com as luzes apagadas

A mansão é assustadora e sombria, a ilha na qual ela fica é quase que como um grande quintal cheio de armadilhas prontas para te dar sustos e, no fim, tudo é um grande labirinto em constante movimento. Com as paredes mudando a cada hora, seria fácil transformar a exploração em algo frustrante, mas o que temos aqui é uma ótima forma de criar tensão no jogador.

Logo no início, um dos momentos mais tensos é quando temos o controle de Erin – a pobre estagiária que sofre o pão que H.H. Holmes amassou – que capta sons estranhos através das paredes e decide segui-los com seu equipamento de som. Quando as luzes se apagam e ela acaba se perdendo nos corredores, apenas com um microfone, não existe um caminho se não adiante, mas a maneira como o título consegue criar tensão faz com que você tenha um misto de curiosidade e medo que te força a continuar.

As armadilhas também são excelentes e trazem assassinatos incríveis, uma das minhas favoritas envolve uma parede de vidro e um desfecho bastante surpreendente, que me fazem questionar onde estava toda essa originalidade, inteligência e humor nos outros três jogos da antologia.

Caso esse tivesse sido o primeiro título da franquia, não tenho dúvidas de que o Sr. DuMet teria se tornado um grande ícone e o jogo teria tudo para ser considerado um dos melhores slashers interativos pelo público. Infelizmente após três jogos medianos (eles não são ruins, mas nenhum deles é ótimo), The Devil in Me deve ficar apagado e sem todo o amor que merece dos fãs de games de terror.

E sim, eu sei… ouvir o nome “Sr. DuMet” não inspira nem um pouco de medo ou pavor. Porém ele possui um dos melhores visuais vistos em slashers nos últimos anos, sua história é muito interessante e em nenhum momento é desenvolvida na história principal, ficando apenas nos “extras” e “mistérios” que você encontra no caminho e tudo o que você precisa saber sobre ele é que ele ama H.H. Holmes, armadilhas mortais, manequins e assustar o jogador toda vez que aparece em tela.

O Sr. DuMet já chega como um dos melhores serial killers dos games

Na verdade, não é apenas o Sr. DuMet que traz esse sentimento de que estamos assistindo um slasher clássico dos anos 70/80. Seja com sua jaqueta estilosa ou a camiseta simples escrita “CREW”, Jamie (Gloria Obianyo) tem a atitude, inteligência e o visual de uma final girl de respeito, o que é engraçado já que o título deixa claro que a protagonista é a Kate Wilder de Jessie Buckley (Estou Pensando em Acabar com Tudo e Men: Faces do Medo).

Mas no fim, pelo menos nas horas finais do jogo, o protagonista se torna o Sr. DuMet. Ele é uma figura misteriosa e que simplesmente gosta de assassinar pessoas. É o slasher na sua forma mais pura e bela com um bicho-papão assustador e personagens interessantes fazendo decisões difíceis enquanto lidam com problemas internos e um maníaco os matando.

Tendo crescido assistindo filmes como Pânico, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado e O Dia do Terror, The Devil In Me não fica nem um pouco atrás dessas outras histórias, inclusive conseguindo fazer sequências de perseguição e assassinatos tão boas quanto as desses filmes.

Jogo traz ótimas cenas de perseguição e exploração

Já sobre a jogabilidade em si, a franquia ainda continua com alguns problemas: existe um ou outro bug visual, mas o principal continua sendo na hora de controlar os personagens enquanto eles andam de um lado para o outro. Ainda assim, o título faz um bom esforço em trazer novidades como o fato de agora você poder correr e pular pelo cenário.

O mais interessante, porém, é como cada personagem possui habilidades realmente úteis e únicas. Com seu prendedor de gravata e um cartão, Charlie pode abrir gavetas, enquanto Mark utiliza seu tripé para alcançar locais altos e Jamie pode mexer em sistemas elétricos e possui a melhor lanterna no jogo.

Sr. DuMet é estiloso e ama dar um bom susto no jogador

No geral, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é a excelência slasher que há muito não era representada no mundo dos games. Claro, sempre temos monstros e fantasmas, mas a maneira crua, visceral e bastante divertida que o jogo consegue fazer uma batida história de serial killer, utilizando-se de todos os clichês do gênero em uma ambientação deliciosamente sinistra, vai deixar qualquer fã de slasher bastante feliz.

E assim como a primeira temporada desta antologia, o melhor fica bem no final. Enquanto o começo de The Devil in Me toma um tempinho apresentando esses personagens e o ambiente – o que não deve agradar muito quem já quer começar no meio da ação -, o final frenético e empolgante deixa qualquer fã de um bom terror simples e bem-feito completamente satisfeito.

Nota: 9/10

*Para a review foi jogada a versão do PS5 no modo Performance do jogo.

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