Review – Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion é a ponte bela e trágica entre o Remake e o Rebirth
Review – Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion é a ponte bela e trágica entre o Remake e o Rebirth
Remasterização do adorado prelúdio de Final Fantasy VII é a preparação perfeita para o próximo capítulo da nova trilogia da saga
Os últimos anos tem sido maravilhosos para os fãs da franquia Final Fantasy; além do sucesso estrondoso de FFXIV e suas expansões, o lançamento do aguardado FFVII Remake e vários remasters dos games clássicos, teremos muito em breve um capitulo inédito da saga, com FFXVI, e a continuação da nova história do Cloud, nomeada “Rebirth”.
Sobre o último, a Square resolveu preparar terreno para as revelações e reviravoltas da aventura com o remaster de um game muito querido pelos fãs: Crisis Core: Final Fantasy VII. Com lançamento marcado para o dia 13 de Dezembro, a Legião já teve acesso ao jogo para avaliar se o relançamento foi bem feito ou não.
Vem comigo conhecer o principal fantasma do passado do Cloud.
FICHA TÉCNICA
https://www.youtube.com/watch?v=65lCz22aopY
Título: Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion
Distribuidora: Square Enix
Gêneros: Ação, JRPG
Lançamento: 13 de Dezembro de 2022
Plataformas: PlayStation, Switch e PC
Tradução para o PT/BR: Não
A história do herói interrompido
Crisis Core é um dos meus jogos favoritos de todos os tempos – possivelmente meu Final Fantasy favorito. Quando joguei pela primeira vez, 15 anos atrás, foi um game que me impactou por sua proposta e execução: na superfície, ele segue todas as características de uma jornada do herói clássica, com o próprio Zack afirmando que é seu sonho se tornar um; em seu núcleo, no entanto, esta é uma tragédia que se alimenta de boas intenções.
Se você não conhece, Crisis Core: Final Fantasy VII é um jogo de PSP, lançado em 2007, que apresenta um prelúdio para o clássico Final Fantasy VII. Nele, você entra na pele de Zack Fair, o SOLDIER que “inspira” a persona do Cloud na primeira parte do game original, quando suas memórias ainda estão turvas pelo Mako e pelos traumas dos eventos de Nibelheim e além. O título possui um sistema de batalha e progressão únicos, expande o mundo de FFVII, mostra o passado de vários personagens e ressignifica a base sombria dessa história.
Agora, especialmente com o encerramento de Final Fantasy VII Remake e as primeiras informações sobre o Rebirth, o remaster de Crisis Core é mais do que bem-vindo: é necessário. Zack deve se tornar uma figura ainda mais importante na aventura e o jogo clássico não dá muitas informações sobre quem é esse personagem (ainda que ele marque presença em todas as produções derivadas da saga, como Advent Children, Kingdom Hearts, etc).
Dessa forma, peguei esse game com um olhar mais crítico que o normal. Na época, Crisis Core foi revolucionário para a franquia em vários sentidos, mas muitas mecânicas ficaram datadas e os gráficos pedem um upgrade monstruoso, se considerarmos que ele precisa fazer uma ponte entre o Remake e o Rebirth. Felizmente, a Square conseguiu criar um remaster quase perfeito em jogabilidade e visuais, ainda que tropece uma vez ou outra.
Existem dois problemas em Reunion que não deixam o game ser um 10 e ambos tem como base a fidelidade; no esforço de tornar a experiência mais próxima do original, a produção apenas retocou as CGs do game, as deixando com um visual estranho, discrepante e com os designs antigos da maioria dos personagens. Também, o sistema de missões continua tão chato quanto no original.
No caso das CGs, a situação é bizarra. Todo o design de Crisis Core foi refeito, se utilizando de assets do Remake e possivelmente de Rebirth, para criar uma narrativa coesa entre os games. Midgar, a Shinra, o Cloud, a Aerith, todos foram recriados. Você consegue ver até os bancos de descanso e save e as máquinas de venda inclusos em FFVIIR. Isso funciona perfeitamente e os visuais são sensacionais, especialmente por ser um retrabalho de algo lançado em 2007.
Porém, as CGs do original foram mantidas. Naquela época, os designs de personagem eram diferentes da direção que a franquia segue agora. Os rostos eram mais finos, os olhos maiores, cortes de cabelo mais malucos e o filtro utilizado nessas cenas é basicamente um blur para esconder baixa resolução. Não foi a melhor das escolhas manter esses visuais, seja por nostalgia ou por tempo de produção. Adicione aí uma nova dublagem questionável e o game perde um pouco seu brilho em alguns momentos.
Além disso, um problema que também é herança do original está no sistema de missões. Lá atrás, enfrentar a tonelada de quests secundárias, repetitivas, enjoativas e desnecessárias, já era chato – ainda mais considerando que é ali que estão os melhores itens, matérias e o boss secreto do jogo. Isso foi trazido sem mudanças para o remaster e, bom, se não funcionava há 15 anos, definitivamente não funciona agora.
Mas não desanime: eu disse que Reunion acertou e não estava brincando. Com exceção desses pontos acima, a remasterização de Crisis Core é ótima. O resultado final é um jogo fluido, com sistemas únicos, absolutamente divertido, crítico e emocional ao ponto de quebrar o coração do jogador.
Como apontado, os visuais remasterizados ficaram sensacionais e o jogo se encaixa perfeitamente nessa nova fase de Final Fantasy VII. Seja o mundo, as batalhas, as invocações e ataques especiais, as cenas de interação, tudo é moderno e brilhante. Inclusive, você verá algumas das summons mais legais de toda a franquia aqui.
Outro aspecto do original que foi traduzido perfeitamente é a trilha sonora. A música de Crisis Core é icônica, é quase um personagem fantasma do game e vai se fixar na sua mente para sempre. Ouvir isso em alta qualidade é de arrepiar e mostra como a Square sabe muito bem o valor de suas trilhas.
Para os novatos, deve haver algum estranhamento com o sistema de batalha. Não com a luta em si, que é surpreendentemente atual, feita em arena, mas com ação em tempo real (algo que influi até hoje nos combates de JRPG), mas o DMW, ou Digital Mind Wave. Essa é a roleta que fica rodando no canto superior esquerdo da tela e rende buffs, invocações, evoluções e ataques especiais.
Pessoalmente, o DMW sempre foi muito divertido para mim, adicionando um aspecto de “sorte real” para a batalha. É algo divisivo, no entanto, mas não afeta o game de uma maneira que te fará abandoná-lo caso não goste. No fim, ele não é totalmente aleatório e evoluções, por exemplo, funcionam com medidores invisíveis de experiência – a roleta apenas “anuncia” o resultado quando você atingir o valor necessário.
Mas o principal de Crisis Core é sua história. É um game que pode funcionar como introdução ao universo de Final Fantasy VII, sim, mas é melhor apreciado se você já jogou o original. Isso porque essa é uma aventura subversiva, que coloca o Zack inicialmente como um soldado cego da Shinra e o desconstrói, questionando ideais de heroísmo, o que uma guerra significa, honra, conexões, controle, imperialismo e o preço do avanço tecnológico.
No passado, esse já era um game corajoso e polêmico pela forma como desenvolvia seus personagens. Além da jornada do Zack, você vê lados do Cloud, da Aerith e do Sephiroth que não aparecem no FFVII original, mas que, além de fazer perfeito sentido, enriquecem esses personagens ainda mais. É um jogo crítico, trágico, mas que, apesar dos pesares, é belíssimo. O humor do protagonista contrasta com o mundo e o mundo o quebra de forma bruta.
Crisis Core é um dos melhores jogos de PSP e sua nova versão faz jus ao seu legado. É um game feito para os fãs do Final Fantasy VII clássico, do Remake e, em especial, para quem jogou no portátil tantos anos atrás. Tem, sim, suas falhas, mas, no geral, é bem sucedido em apresentar Zack Fair para toda uma nova geração e entrega uma aventura marcante para qualquer jogador.
Por tudo isso, Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion é um 9 para a Legião dos Heróis. Como fã, estou mais do que satisfeito e mal posso esperar para que todo mundo conheça o Zack.
E você, já conhecia Crisis Core antes do remaster? Não esqueça de comentar!
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