Queen Stars Brasil: Pabllo Vittar e Luísa Sonza contam tudo sobre o novo reality drag da HBO Max

Capa da Publicação

Queen Stars Brasil: Pabllo Vittar e Luísa Sonza contam tudo sobre o novo reality drag da HBO Max

Por Gabriel Mattos

As drag queens dominaram a cultura pop! Espalhando mensagens de orgulho e aceitação, essas artistas se tornaram sinônimo de sucesso: estampam capas de álbuns, histórias em quadrinhos e lideram seus próprios programas de TV. Mas como a jornada para o estrelato não é fácil, a HBO Max resolveu dar uma ajudinha com seu novo programa, Queen Stars Brasil, apresentado por Luísa Sonza e Pabllo Vittar.

Para entender melhor o que esperar deste novo reality de competição, a HBO Max convidou a Legião dos Heróis para uma coletiva de imprensa, onde as divas contaram tudo sobre a nova queridinha da comunidade queer.

Da esq. para dir.: Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Diego Timbó

Queen Stars Brasil chega para suprir uma carência muito grande do público brasileiro — o tão sonhado programa nacional de competição de drag queens. A proposta faz muito sucesso lá fora há anos e chega ao país repaginada com um novo formato que combina mais com a história da cultura drag do Brasil.

No nosso país, drag é sinônimo de diva pop, então nada mais justo que uma competição para descobrir as próximas estrelas da nossa música. Mas não basta só saber cantar, as vinte competidoras vão precisar mostrar garra, identidade e talento se quiserem chegar a grande final. Afinal, como diria Linn da Quebrada, para ser tão viado assim precisa ter muito, mas muito talento.

E não existem personalidades mais talentosas na comunidade LGBTQ+ para comandar esse show do que Luísa Sonza e Pabllo Vittar. As rainhas, que dividem a apresentação do programa, ficaram muito animadas com o convite da HBO Max para participar do projeto. “Eu me senti honradíssima,” declarou Pabllo. “Vejo nisso uma plataforma para me comunicar com meus fãs e com as pessoas que gostam do meu trabalho além da música,” explica a cantora.

“Eu também fiquei muito muito honrada de pensarem no meu nome para estar ao lado da Pabllo, principalmente,” conta Luísa, “Ela é a Queen do nosso mundo. A maior.”

Luísa garante que Pabllo, sua colega apresentadora, não é a maior só na altura.

Durante a coletiva, a dupla demonstrou ter uma dinâmica muito leve e muito pautada em uma admiração mútua. E foi essa admiração que atraiu Luísa para este projeto. “Quando eu vi que a Pabllo estaria, eu falei ‘Vou me jogar.’ Eu mandei mensagem pra ela na hora: ‘Amiga, vamo arrasar…,’” lembra.

Mas por ser um projeto tão único no Brasil, pensado para alavancar representatividade e protagonismo LGBTQ+, o anúncio de uma mulher cisgênero¹ como co-apresentadora foi acompanhado de alguma polêmica. Alguns fãs questionaram se a cantora não estaria ocupando um lugar que deveria pertencer a um membro da comunidade. Mas as críticas não abalaram Luísa: “Desde quando eu tenho medo de recepção do público?”

A cantora infelizmente precisou criar uma casca grossa após se tornar um constante alvo de ataques misóginos e covardes em sua carreira. Hoje, ela consegue rir da situação, esbanjando confiança. “Eu sempre me senti confortável, sempre me senti acolhida neste lugar. Eu faço parte disso, sabe?”

Muitos podem não saber, mas Luísa Sonza já declarou fazer parte da comunidade LGBTQ+. Ao ser perguntada mais uma vez sobre em que lugar se encontra sua sexualidade, a cantora dispara sem hesitar “O B.” Entre risadas, ela reforça, se referindo a sua bissexualidade como “O B de Boca Rosa.”

Diego Timbó lidera o elenco de jurados

Mas a dupla, conhecida pelo hit Garupa, não está sozinha na missão de escolher as melhores drag queens do país. O programa conta com diversos convidados que ajudarão as participantes, entre eles a Gloria Groove, e também um quadro fixo de jurados como Diego Timbó, que também conversou com os jornalistas.

“O fato de estar do lado de Vanessa da Mata, que é uma grande referência,” disse ao revelar os demais jurados, “E Tiago [Abravanel]… Foi assim uma experiência muito, muito incrível, então me senti honrado.”

De acordo com as apresentadoras, o produtor musical é o jurado mais rigoroso do grupo, tecendo comentários ácidos aos participantes. “A língua de chicote,” brinca. Este seu lado espontâneo causou certo receio a Timbó, que não sabe como o público pode reagir. “Tive muito medo,” conta.

“Porque eu falei ‘Gente, eu sou chatíssimo. Ninguém vai gostar de mim. Eu sou honesto. Eu faço cara, o que é horrível, porque na hora que a pessoa começa a cantar pra mim, se eu não gosto eu mostro na hora,’” avisou.

20 Queens entram… Mas apenas 3 saem vencedoras!

Perguntado pela Gabi Orsini, que vocês podem conhecer do Instagram ou TikTok da Legião, sobre as apresentações, o jurado tentou segurar os spoilers, mas confessou que foi mais difícil do que imaginava: “Além de tudo é uma competição.”

“Eu achava que eu ia ter controle de todas as minhas opiniões,” lamenta, “Eu me vi refém da dinâmica. Eu olhava e falava ‘Não, mas aquela participante é maravilhosa. Ela tem muito potencial… Mas ela não fez uma boa apresentação.’ Então esses momentos, de me sentir refém da dinâmica, desse game, foi difícil. Eu ia para casa culpado.”

Pabllo concordou, explicando como a identificação com as histórias das participantes lhe atingiu em um nível pessoal. “Eu me emocionava muito porque, eu como um menino gay, drag queen. Toda vez que alguma delas entrava e se preparava para cantar eu falava assim: ‘Gente, eu já tive nesse lugar.’ Eu falava com elas: ‘Gente, fica calma. Arrasa. Porque eu sei que vocês são talentosas, senão vocês não estariam aqui.’”

De certa forma, é impossível não associar a trajetória das meninas, que estão participando do Queen Stars Brasil em busca de uma chance, com a da própria Pabllo. “Foi um programa que me fez lembrar muito do meu começo, da minha infância, da minha juventude, do caminho que eu percorri,” afirma. Antes da fama, ela também havia sido inspirada por outro ícone drag.

Por baixo dos looks, as meninas emocionam ainda mais

Sabendo do impacto que a visibilidade de pessoas como ele teve em sua vida, Pabllo demonstra ter uma visão bem madura do poder deste projeto. “Eu quero que as pessoas se inspirem. Eu quero que as pessoas saiam das suas bolhas. Eu quero que as pessoas façam o que realmente querem fazer.”

“Eu aprendi muito, eu tive referências e eu me sinto muito honrada e muito agradecida de poder ser essa referência para tantas meninas e meninos do Brasil,” acrescenta Vittar. “Tem muita gente que não tem muita noção do que é esse movimento queer². Justamente acho que a proposta do programa é invadir a casa das pessoas para mostrar visibilidade, para mostrar representatividade.”

Para Luísa Sonza, o programa foi uma oportunidade de aprender junto com as meninas, de refletir sobre a sua própria jornada graças a troca com essas competidoras. “Eu acho também que vai ser uma oportunidade muito legal das pessoas verem as histórias que estão por trás de tanta beleza, de tanta grandiosidade,” reflete Sonza, “A gente chorou, se emocionou.”

Timbó, por sua vez, reflete no impacto que Queen Stars Brasil terá na próxima geração de pessoas LGBTQ+, que não vão precisar crescer sem enxergar grandiosidade e beleza em pessoas que são, assim como elas, diferentes. “Eu fico imaginando quantas crianças gays vão se sentir mais aliviadas crescendo podendo assistir pessoas livres,” reflete.

“Daqui a dez anos, que mundo que a gente vai ter? Um mundo com mais referências, um mundo mais leve, pra gente. Um mundo mais justo,” conclui Timbó. Isso é Queen Stars Brasil!

Os três primeiros episódios de Queen Stars Brasil já estão disponíveis na HBO Max. Novos episódios serão lançados toda semana. O programa também será exibido às segundas, na TNT, a partir do dia 4 de abril.

Glossário queer

Não entendeu alguns termos da comunidade LGBTQ+ usados na matéria? Tudo bem. Ninguém nasce sabendo. Vem cá que a gente te explica.

  1. Cisgênero: Pessoa que se identifica com o mesmo gênero que lhe foi designada ao nascer. Todos aqueles que não são transgêneros.
  2. Queer: Palavra que é muito usada como sinônimo de LGBTQ+, para descrever minorias sexuais e de gênero. Dependendo do contexto, pode ser usado para descrever o gênero de uma pessoa que não se identifica como homem ou mulher (genderqueer).