Afinal, por que os tazos que vinham nos salgadinhos acabaram?
Afinal, por que os tazos que vinham nos salgadinhos acabaram?
Colecionáveis eram comuns no início dos anos 2000
A febre dos álbuns de figurinha pode ter retornado momentaneamente com o álbum da Copa do Mundo de 2022, mas existia outro colecionável que foi uma febre no início dos anos 2000. Os populares discos, chamados de “tazos”, estampavam personagens famosos dos desenhos e formaram a infância de várias crianças. Entre coleções de Yu-Gi-Oh! até o visual clássico dos X-Men, essa prática dos salgadinhos acabou caindo em desuso, mas você sabe o porquê?
O que é um tazo?
Criados na primeira metade da década de 1990, os tazos foram parte de uma estratégia de marketing do salgadinho Sabritas no México. Idealizada por Pedro Padierna e Fabian de la Paz, a campanha procurava revitalizar o sucesso obtido pelos cards de futebol que eram disponibilizados dentro de embalagens de salgadinhos.
A ideia do formato do tazo veio de outro lugar do mundo, o Havaí. Lá, os dos publicitários descobriram os POGs, objetos similares a tampões que eram usados em um jogo simular a “bolinha de gude”.
Após conhecer o produto, Fabian comprou o licenciamento e contratou uma agência de publicidade para desenvolver a nova nomenclatura. Sendo uma abreviação de “taconazo”, que em espanhol significa “salto” ou “calcanhar” — em referência a uma brincadeira no México em que crianças chutavam tampinhas com o calcanhar —, os pequenos objetos passaram ser chamados de “tazo”.
A primeira campanha das Sabritas usando o produto foi com personagens do Looney Tunes. Eram 100 tazos colecionáveis divididos em quatro classificações: 40 retratando cenas da série animada, 20 mostrando metade do corpo dos personagens, 20 com a imagem do personagem e seu respectivo nome e 20 outros com os personagens vestidos de rappers.
Popularização dos tazos no Brasil
No México, colecionar tazos se tornou uma febre no final dos anos 90 e, rapidamente, despertou o interesse da PepsiCo, que trouxe para o Brasil a promoção Tazo Mania, lançada em 1997. Divididos em tazos normais, super e mega, além de diferentes produtos para guardá-los, a coleção foi um sucesso, abrindo portas para uma “moda” que duraria até 2013.
O auge dos colecionáveis aconteceu, principalmente, entre 2002 e 2004. Apenas no ano de 2003, três coleções foram feitas: Yu-Gi-Oh! Magic Tazos, Yu-Gi-Oh! Arma e Voa e Yu-Gi-Oh! Metal Tazos. Entre versões que brilhavam no escuro, de metal e especiais, a Elma Chips lançou cerca de 15 coleções entre 1997 e 2020.
Porém, houve uma queda substancial na produção a partir de 2013. A última coleção daquele ano foram os Tazos Lançadores com a temática Piratas. Apenas sete anos depois, os objetos voltariam ao mercado com a UEFA Champions League, porém, na surdina, com poucos anúncios, muitas polêmicas e apenas 20 tazos.
Por que os tazos acabaram?
Essa escassez no mercado de salgadinhos e tazos não possui uma explicação oficial. Na verdade, o mercado parece ter apenas desistido da ideia de continuar com a tática de marketing. Entre teorias, algumas relatam a falta de interesse das crianças em “brinquedos manuais” até reclamações dos pais em relação a altos gastos e muito desperdício de comida.
Porém, existem duas questões que parecem corroborar para o fim da cultura dos tazos no Brasil: (1) a criação da resolução que proíbe a publicidade direcionada a crianças feita em 2014 e (2) o alto custo para o licenciamento de marcas.
Com a resolução aprovada pela Conanda, houve um corte na publicidade, como também uma baixa na programação infantil na TV aberta. O corte da TV Globinho, por exemplo, e a impossibilidade de criar publicidade direcionada significava depender apenas do “boca a boca” para a popularização das campanhas.
Isso, somado ao custo do licenciamento de marcas como a Marvel, dificultaria não apenas a criação da demanda, mas também o lucro calculado em cima dos gastos com produção, distribuição e marca.
Algumas das coleções mais famosas incluíram Pokémon, Yu-Gi-Oh!, Bob Esponja, Dragon Ball, X-Men e Liga da Justiça. Uma das últimas foi os Vingadores, no início da franquia, em 2012. Enquanto um dos retornos dos tazos trouxe uma coleção especial de 40 anos do Pac-Man.
Mesmo que o personagem amarelo dos games seja popular, o custo de licenciamento não se compara ao que a Marvel e DC representam hoje. Essas questões mercadológicas representam apenas uma parte do problema.
Isso por que, com o passar do tempo, o “know-how” (conhecimento de métodos e procedimentos) da produção de tazos foi perdido. Uma prova disso é como a coleção UEFA foi marcada por polêmicas, quando consumidores começaram a relatar que existiam pacotes sem tazos enquanto outros tinham até 30.
gente e a minha mãe q comprou uma batata lays q veio com 30 TAZOS dentro
a mulher queria batata veio 50% ar 50% tazo ela ta puta kkkkkk pic.twitter.com/SFwqclzGUN— fofolete de chapeu (@milenabarross_) April 13, 2020
Já no México, ainda existiram algumas campanhas de tazos patrocinadas pela Sabritas no decorrer dos anos. Algumas coleções incluíram Pokémon, Snoopy e Os Simpsons.
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