Por que Mulher-Hulk e Deadpool conseguem quebrar a quarta parede?
Por que Mulher-Hulk e Deadpool conseguem quebrar a quarta parede?
Nem tudo se trata de apenas uma escolha do roteirista
Quebrar a quarta parede se tornou algo recorrente na cultura pop. Entre Fleabag, House of Cards, Deadpool e Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, cada produção encontrou neste artifício uma forma de aproximar o espectador com seu personagem principal. Porém, a quebra da quarta parede não se resume a uma forma de contar uma história, pois pode ser tratada como uma habilidade útil para esses personagens. Mas então vem a grande questão: Por que Mulher-Hulk e Deadpool conseguem quebrar a parede?
- O que é a quarta parede?
- Como ela foi utilizada nos quadrinhos?
- Mas por que ela consegue quebrar a quarta parede?
- Só eles são capazes disso?
O que é a quarta parede?
Sempre estamos nos referindo a essa “parede” imaginária, mas raramente explicamos o que ela é. Especula-se que tenha recebido esse nome na época dos Teatros Saltimbancos. A mesma se refere a separação imaginária que divide o palco de seu público.
No teatro, essa linha fica ainda mais clara, pois, diferente da televisão ou cinema, o ator precisa contracenar não apenas com seus parceiros de palco, mas também com o público.
Desenvolver monólogos e dialogar em direção ao público são formas de deixar claras as intenções do personagem. É contextualizar cena e ação, inserindo a imaginação do público onde há apenas cenários pintados e diálogos.
Como ela foi utilizada nos quadrinhos?
Aos poucos, esse modelo narrativo acabou sendo transportado para outras mídias. Alguns exemplos clássicos ficam para a série protagonizada por Bruce Willis e Cybill Shepherd, A Gata e o Rato, de 1985 e Curtindo a Vida Adoidado, de 1986.
Já nos quadrinhos, foi Jennifer Walters, a Mulher-Hulk, que quebrou a parede. Em A Sensacional Mulher-Hulk, lançada em 1985 e escrita por John Byrne, a personagem passa a conversar com o leitor. Em determinado momento, a heroína até mesmo enfrenta Byrne e suas escolhas de roteiro.
De acordo com o roteirista, trazer isso para a personagem foi apenas uma forma de tornar o quadrinho mais dinâmico. Byrne era fã de A Gata e o Rato e, como o objetivo de seu comando era trazer diversas mudanças para a personagem, o roteirista implementou a ideia no quadrinho.
Mas por que ela consegue quebrar a quarta parede?
Assim, podemos concluir que a quebra da quarta parede se tratou de um mero capricho do roteirista para a Mulher-Hulk, mas não é bem assim. No caso dos Hulks, um fato pouco conhecido é que possuem algum grau de poderes psíquicos.
Bruce Banner, por exemplo, já se mostrou capaz de perceber entidades astrais ao seu redor. Especula-se que essa habilidade de Banner e a quebra da quarta parede de Jennifer sejam consequências dos respectivos incidentes com radiação gama.
Essa teoria se apoia em outras mutações geradas pelo mesmo princípio, como é o caso do Líder e suas habilidades. Em síntese, é como se todas as versões do Hulk tivessem um certo grau de poder psíquico, porém, apenas alguns são capazes de utilizá-los.
Outros já especulam que é exatamente como o que acontece com Deadpool: loucura. Nos cinemas, o personagem ficou conhecido por fazer piadas sobre franquias irmãs a dele, mas nos quadrinhos, a sua noção de que é um personagem se resume, em sua maioria, a monólogos com o leitor.
Só eles são capazes disso?
O mais interessante em entender essa habilidade de Deadpool como um grau de loucura é observando outra personagem que é capaz de falar com o público: Gwenpool.
Diferente do Mercenário Tagarela, Gwengolyn Poole é capaz de falar com o leitor, como também utilizar a lógica de design de quadrinhos para tomar vantagem em uma luta.
Recentemente, foi descoberto que a personagem é uma mutante e, o que antes era uma resposta a viagem que sofreu entre dimensões, não passava de uma seus poderes de manipulação de realidade.
Algo que não é muito diferente do que Walters fazia em seus quadrinhos escritos por Byrne. Diferente de Deadpool, a quebra da quarta parede de ambas é “útil”, servindo para descobrir informações adversas ou cortar caminho entre uma cena e outra.
Entre loucura, poderes e explicações, a nossa única certeza é que, em algum momento, esses personagens irão falar com seu público.
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