A polêmica da troca de gênero do Shun de Andrômeda em Cavaleiros do Zodíaco

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A polêmica da troca de gênero do Shun de Andrômeda em Cavaleiros do Zodíaco

Por Junno Sena

A segunda temporada de Saint Seiya: Os Cavaleiro dos Zodíaco – Batalha do Santuário finalmente está chegando para os fãs do anime. Agora em um novo streaming, o público espera poder acompanhar o resto da saga de Athena e seus cavaleiros. Porém, o retorno da animação traz de volta uma das principais polêmicas ao redor do remake: a mudança de gênero de Shun, Cavaleiro de Andrômeda.

Com a justificativa de que “todos os cavaleiros de bronze eram homens” no desenho original, o escritor Eugene Son decidiu fazer a mudança em busca de tornar o desenho mais atrativo para todos os públicos. O que parecia ser uma decisão cheia de boas intenções, se tornou a faísca para o início de diversos debates que envolveram fãs e não-fãs da franquia.

A versão original de Shun

Shun, o Cavaleiro de Andrômeda em Cavaleiros do Zodíaco.

Lançado em 1986 pela Toei Animation, o sucesso de Cavaleiros do Zodíaco já era esperado após Masami Kurumada conquistar diversos leitores com seu mangá. Seguindo a história de cavaleiros lendários com poderes sobrenaturais, a animação se destacou por trazer diferentes tipos de personagens, incluindo a peculiar figura de Shun.

Diferente dos demais personagens, Shun possuía diversas características que, posteriormente, seriam lidas como uma representação andrógena no time, mesmo que ainda sendo lido como um personagem do gênero masculino.

Com seu longo cabelo verde e traços delicados, além da armadura de cor rosa, sua estética contrastava com a sua função na história, que era proteger Athena, mas também com sua arma. Diferente dos outros personagens, Shun possuía a icônica Corrente de Andrômeda, que a partir dos movimentos do cavaleiro, podia tomar uma forma maleável ou dura, remetendo ao símbolo fálico que se assemelha ao formato ao pênis.

Por ser essa dualidade em um mesmo corpo, Shun foi usado como um exemplo de masculinidade “fora da curva”. Em comparação com outras produções como Dragon Ball Z, a presença de Shun era um contraste que evidenciava como homens poderiam ser “delicados”.

As consequências da mudança

Pôster da segunda temporada de Knights of the Zodiac

Para boa parte dos fãs, mesmo que o escritor tenha visto a mudança como algo positivo, Eugene acabou seguindo por uma norma heteronormativa. De maneira consciente ou inconsciente, o escritor apagou o único traço verdadeiramente progressista do anime.

Além disso, Shun era constantemente colocado em perigo, precisando da ajuda de seu irmão, Ikki. Se em um primeiro momento, sua fragilidade era apenas a reiteração de que homens também podem ter fraquezas, com a mudança, o personagem perde sua força e complexidade, caindo no estereótipo de “mulher indefesa”.

Ainda defendendo a mudança, Eugene comentou que a equipe criativa cogitou dar maior destaque para personagens femininas já existentes na trama, mas que não faria “sentido” para a narrativa final.

“Existem diversas personagens femininas no anime e mangá. Marin e Shaina são ambas incríveis. Mas elas já são muito poderosas, ninguém quer vê-las sendo transformadas em Cavaleiras de Bronze”, explicou.

Para a ilustradora Fanny Rodriguez, a explicação pareceu forçada, comentando em uma thread em seu Twitter sobre o assunto:

“Se era para dar ao público representação feminina no remake, eles poderiam simplesmente explorar a personagem de Saori. Ela é a reencarnação de Athena e aquela que está tentando impedir que tudo desmorone enquanto todos estavam lutando.”

Com o retorno do anime, a grande questão é se a segunda temporada seguirá os mesmos moldes ou se os fãs poderão encontrar mudanças que, de fato, beneficiem as personagens femininas da trama. Incluindo a nova versão de Shun.

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco – Batalha do Santuário, também conhecido como Knights of the Zodiac, contará com lançamento dos dois primeiros episódios de uma vez no dia 31 de julho, às 18h, na Crunchyroll.

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