Pantera Negra: Wakanda Para Sempre – Pesquisador analisa referências culturais do novo visual do Namor
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre – Pesquisador analisa referências culturais do novo visual do Namor
Personagem conta com diversas características das civilizações mesoamericanas!
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre ganhou um primeiro trailer emocionante, trazendo indicações de como a nação está lidando com a morte de T’Challa — decorrente do falecimento do ator Chadwick Boseman — e como personagens como Shuri, M’Baku e Okoye estarão no longa. Mas, além da dúvida sobre quem será o novo Pantera Negra no Universo Cinematográfico Marvel, a prévia deixou os fãs encantados com a introdução do Namor e o visual do seu povo que será diferente dos quadrinhos.
Com fortes inspirações dos povos mesoamericanos, em especial dos Astecas, o Príncipe Submarino chega com novos adereços culturais e um design bastante impactante. Interpretado pelo ator mexicano Tenoch Huerta, Namor promete ser um dos personagens mais icônicos do MCU.
Para compreendermos melhor os detalhes dessa referência cultural na caracterização do herói (ou anti-herói), entrevistamos o professor Regis Puppim, doutor em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho, cuja pesquisa de mestrado em Arte e Cultura Visual, pela Universidade Federal de Goiás, foi sobre o legado da indumentária Asteca e Maia.
“Pesquisamos como essas sociedades significavam suas hierarquias, contexto social e sociabilidade através da indumentária. Aquilo era um reflexo do que estava acontecendo dentro da sociedade,” explica. “Então adereços, calçados, tecidos, as cores que apareciam eram reflexos diretos do poder que você tinha dentro daquela sociedade.”
Mas, afinal, o que é exatamente indumentária? Partindo da definição que a roupa é tudo que cobre o corpo, a indumentária é a questão histórica que engloba todos esses adereços. Assim, mais do que estudar padrões de design, a pesquisa indumentária visa compreender contextos, motivos e a relação que determinados povos tem com suas vestimentas.
Analisando o trailer de Pantera Negra, Puppim imediatamente reconhece elementos da cultura Asteca e Maia em Namor, com referências bem claras para Quetzalcoatl, a Serpente Emplumada dos astecas, conhecido como o transgressor de fronteiras e divindade da vida, sabedoria e dos ventos.
Mas o que chama a atenção em Namor é justamente o traje cerimonial que o herói utiliza, ostentando muito ouro. “Não eram todos dentro de uma sociedade asteca que poderiam utilizar o ouro,” contextualiza Puppim. “Isso faz uma referência muito forte à nobreza e o diferencia do segmento social dos guerreiros, que não utilizavam o ouro.”
Além disso, é possível observar detalhes que remetem às escamas, criando mais uma ligação entre Namor e Quetzalcoatl, e a cor esverdeada que aparece no traje do personagem.
“A roupa dele está em uma coloração entre o azul e o verde, que é um tom muito típico dessa civilização, sendo o tom presente na pedra de Jade que só era encontrada ali,” revela Puppim. “Então apesar de não dar pra ver adereços na cor de jade nele, o tecido que ele utiliza já está nessa cor. É uma referência que realmente marca a influência asteca e a hierarquia social alta, representando alguém com poder nesta sociedade.”
Em algumas artes promocionais do personagem, Namor também é visto com acessórios bem imponentes, carregando diversas joias em seu corpo. “As joias eram sempre elementos muito grandes e com aspectos gráficos sempre geometrizados,” conta Puppim. “De fato, o ouro aparecendo em um guerreiro, seria uma tradução dizendo que é um guerreiro da nobreza.”
Também é possível identificar que o herói terá piercings em seu visual. Segundo o pesquisador, isso também era comum nas culturas que inspiram as mudanças em Namor: “As escarificações e os piercings apareciam constantemente dentro desses povos. Isso só reitera essa questão de que o filme trará uma representação desse povo asteca.”
Por fim, outro ponto comentador pelo professor são os calçados do herói, denotando mais uma vez sua importância dentro desta cultura. Afinal, como explica Puppim, “só os guerreiros nobres da elite, aqueles que defendiam templos, que podiam usar calçados. Os outros caminhavam descalços.”
A prévia de Wakanda Para Sempre também mostra alguns aliados de Namor, como Namora, a guerreira interpretada por Mabel Cadena, e o feroz Attuma, de Alex Livinalli. Ambos utilizam partes e presas de animais marinhos como adereço. Segundo Puppim, os astecas não possuíam uma relação muito forte com o oceano, tratando o mar mais como algo a ser contemplado do que necessariamente uma parte essencial dos seus mitos ou de sua espiritualidade.
No entanto, essa caracterização dos personagens pode ter como base uma prática bastante recorrente na cultura asteca: “Para identificá-los como guerreiros distantes da sociedade, eles normalmente utilizavam dentes e garras de animais que eram expostos em seus corpos para mostrar que eles venceram aqueles animais,” explica.
O tipo de animal utilizado no adereço também denotava a função dos guerreiros nessa sociedade. Os guerreiros águia, por exemplo, que se decoravam com penas e plumas, eram responsáveis por proteger templos e as figuras religiosas. Já os guerreiros jaguar eram os maiores combatentes desta cultura, sendo líderes dos seus grupos. “Eram muito comum a representação desses guerreiros que usam a carcaça desse jaguar para demonstrar a força desse guerreiro.”
Assim, é possível teorizar que os guerreiros do reino de Namor seguirão esta mesma ideia, mas que, ao invés de termos jaguares e animais terrestres, eles utilizarão partes das criaturas marinhas como acessórios e símbolos de poder.
Seja como for, enquanto aguardamos ansiosamente pelo lançamento de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, Puppim se prepara para publicar sua pesquisa sobre a indumentária maia e asteca como um livro, que tem o lançamento previsto para setembro. Acompanhe as redes sociais do professor para receber maiores informações sobre o lançamento.
Pantera Negra: Wakanda para Sempre chega aos cinemas em 10 de novembro.
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