Netflix sugere aos funcionários que deixem a empresa caso se sintam ofendidos com conteúdo

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Netflix sugere aos funcionários que deixem a empresa caso se sintam ofendidos com conteúdo

Por Arthur Eloi

A Netflix é administrada como uma empresa descolada, e parte disso envolve não ter uma infinidade de regras para seus vários funcionários. Ainda assim, há um pequeno manual que fala sobre os valores e diretrizes da companhia. Agora, esse manual foi editado para falar sobre conteúdo polêmico e divisivo da plataforma.

O documento, que pode ser encontrado direto no site oficial da Netflix, ganhou sua segunda modificação em cinco anos. Alguns parágrafos foram tirados, e outros capítulos foram atualizados, mas a seção que está dando o que falar é chamada de “Expressão Artística”, e defende que os funcionários devem trabalhar até com conteúdos que possam acreditar ser ofensivos.

Para contextualizar brevemente, a mudança se dá por conta de um especial de stand-up em que Dave Chappelle faz piadas de cunho homofóbico e transfóbico. Em resposta, vários funcionários se posicionaram contra a empresa exibir o especial do comediante, e ainda pagá-lo mais do que sucessos internacionais, como Round 6. O CEO Ted Sarandos reforçou que a Netflix não mudaria nada, o que foi respondido com protesto pelos trabalhadores.

O novo trecho do manual faz alusão ao ocorrido, e dá a letra para ocasiões futuras. O primeiro parágrafo afirma que há diversas funções na plataforma para garantir que os usuários não assistam obras inadequadas para os seus gostos:

Entreter o mundo é uma oportunidade incrível e um desafio, já que nossos espectadores têm gostos e perspectivas muito diferentes. Portanto oferecemos uma grande variedade de séries de TV e filmes, alguns que podem ser provocativos. Para ajudar os assinantes a fazerem escolhas bem informadas sobre o que assistir, contamos com classificações indicativas, avisos de conteúdo e ferramentas de controle para pais.

Atualização no manual de funcionários da Netflix surge após especial de Dave Chappelle com piadas homofóbicas e transfóbicas

Já o segundo parágrafo afirma que é responsabilidade da Netflix ter todo tipo de conteúdo, por mais que muitos funcionários discordem das obras:

Nem todo mundo vai gostar ou concordar com tudo em nosso serviço. Enquanto cada título é diferente, nós os abordamos com o mesmo conjunto de princípios: apoiamos a expressão artística dos criadores com quem escolhemos trabalhar; montamos programação para uma diversidade de públicos e gostos; e deixamos os espectadores escolherem o que é apropriado para eles, ao invés de cobrar que a Netflix censura vozes ou artistas específicos.

Por fim, o novo trecho conclui dizendo que funcionários que não concordarem com os princípios acima talvez devessem deixar a empresa:

Como funcionário, apoiamos os valores de que a Netflix oferece uma diversidade de histórias, mesmo que alguns títulos sejam contra nossos valores pessoais. Dependendo da sua função, será necessário trabalhar em títulos que você entende como perigosos. Se você achar difícil lidar com a imensidão de nosso conteúdo, talvez a Netflix não seja o melhor lugar para você.

A modificação é consistente com decisões recentes da empresa, mas choca por falar tão abertamente que não pretende lidar com conteúdos polêmicos. Outras alterações envolvem também pedir que funcionários sejam mais conscientes dos gastos empresariais, algo especialmente pontual visto a queda brusca de assinantes que o serviço sofreu recentemente.

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