Mulher-Hulk 1×07 – O Retiro
Mulher-Hulk 1×07 – O Retiro
O clima está esfriando…
Chegamos à sétima semana de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis e não sabemos se o clima está esquentando para as últimas duas semanas ou esfriando em comparação às anteriores. Em O Retiro, reencontramos rostos conhecidos, conhecemos alguns novos e temos um momento de calmaria — antes da tempestade?
Mesmo diante de um momento zen, Mulher-Hulk parece conseguir se sustentar com seus personagens. Emil, por exemplo, foi de um soldado meia-boca em O Incrível Hulk para uma figura tão sólida e profunda que poderia ter a sua própria série de curtas cuidando da saúde mental de heróis e vilões.
E o mesmo serve para a sua “gangue”. Ginger Gonzaga havia dito há algumas semanas que estava ansiosa para conhecermos os personagens que não haviam dado a cara nos trailers. Mal sabia eu que ela tinha razão para essa animação. Encontrar o grupo de párias que incluiu um mutante, um suposto vampiro, um touro e um porco-espinho foi o ponto alto do episódio.
O que não é motivo para grandes méritos, já que nada grandioso havia para disputar o posto. O Retiro foi tão morno quanto a definição de um “retiro espiritual”. Ainda assim, o roteiro continua interessante e a ponte que Jennifer consegue criar entre realidade e ficção é o que mais chama atenção na série.
Como disse em reviews anteriores, Mulher-Hulk tem o charme de fazer enredos comuns tomarem proporções “heroicas”. Nesse episódio, Jennifer recebe um “ghosting” — quando alguém some sem dar indícios do porquê . E, mesmo que desde o início era óbvio que Josh não era o “mocinho” da história, foi interessante ver Jennifer lidar com um problema tão corriqueiro de uma forma tão grandiosa: em uma conversa com os seres mais singulares possíveis.
Obviamente, existe um gosto amargo nisso. Não estamos acostumados a ver “supers” tratando de coisas tão banais quanto um caso de ghosting. Mas, entre a falta de aprofundamento do cotidiano que temos em personagens como Homem de Ferro e Capitão América e o excesso do heroico invadindo o cotidiano em The Boys, Mulher-Hulk consegue encontrar um equilíbrio.
Ainda assim, entendo as críticas do “não está acontecendo nada” ou o famoso “não saímos dessa trama de aceitação da Mulher-Hulk”. E, de fato, não saímos, mas é por que a Jennifer ainda está nela. Logo, nós também.
Diferente de uma falha no roteiro, se trata de uma evolução “lenta”. Ainda sobre costumes, o modelo do Universo Cinematográfico da Marvel engoliu o cotidiano. Tanto que quando surge uma mulher de cabelos brancos no meio da cidade, todos ao redor correm em desespero. Público e figurantes ficam perdidos tentando entender o que está acontecendo. Sites de cultura pop criam teorias em cima e vídeos explicando finais pipocam.
Por isso, de certa forma, estamos constantemente esperando por esses momentos. É como consumir um filme de terror aguardando os sustos “prometidos”. Em todo episódio de Mulher-Hulk, vários espectadores estão engatilhados, esperando pelo Demolidor ou por um grande “Hulk esmaga!”.
E mesmo que haja a certeza que isso virá em algum momento, essas críticas mais parecem ter a ver com expectativa do que execução. Mulher-Hulk me surpreende cada semana, não por apresentar grandes reviravoltas, mas por ser capaz de tornar essas figuras majestosas que são os heróis em humanos.
Mas isso tem uma consequência. Jen não está tão alerta quanto o público e isso a colocou em um espaço vulnerável. Agora, Josh e a Intelligencia possuem uma amostra de sangue da Mulher-Hulk ou, pelo menos, um meio de adquiri-la.
Entre a humanidade e o heroísmo, existe um debate interessante sobre a vulnerabilidade. Jen não precisa mais ter medo de andar sozinha à noite, porém, precisa descobrir que existem outras formas de atingi-la.
Nessa “ferida”, Mulher-Hulk toca com destreza. Não se trata de uma produção sobre tribunal ou revelar o novo Thanos no MCU, mas uma sitcom despretensiosa que une conforto com discussões instigantes. Que nos lembram que nem mulheres verdes de dois metros estão seguras e isso é muito preocupante.
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