Mulher-Hulk 1×02 – Direito Super-Humano
Mulher-Hulk 1×02 – Direito Super-Humano
Mas já acabou?
Existe algo mágico no conceito de heróis. Uma história de origem, na maioria das vezes, não é apenas um acidente nuclear capaz de transformar alguém no Hulk. Mas sim, um acordo com o universo. O indivíduo parece ganhar poderes em troca da futura possibilidade de qualquer problema pessoal. Vemos personagens se sacrificando pelo bem da humanidade ao invés de usufruir das suas capacidades “super-humanas“. Ou, pelo menos, é isso que o Universo Cinematográfico da Marvel e o Universo Estendido da DC fazem parecer. Porém, produções como The Boys e Mulher-Hulk nos lembram que é mais complicado do que isso.
E, se já não estava claro no primeiro episódio de Mulher-Hulk que toda a série teria foco nos problemas pessoais, sociais e profissionais em ser um super-herói, em “Direito Super-Humano”, isso é escrachado de forma quase incômoda.
Longe de histórias de origem e a clássica sequência cinematográfica “vamos explorar as novas habilidades”, neste episódio temos uma Jennifer Walters tão desconfortável em seu habitat natural quanto uma Mulher-Hulk de salto alto. Tatiana Maslany, mais uma vez, brilha no papel da personagem, mostrando que consegue ir de um tombo nada sutil para uma reação de puro choque em questão de segundos.
Ver a atriz em ação apenas comprova como a escolha de elenco foi certeira. Tatiana não apenas personifica a Mulher-Hulk, mas adiciona camadas que fazem com que o público pareça estar conversando com uma amiga de longa data.
Questões como ter seu trabalho questionado e o surto em procurar oportunidades de trabalho ridículas vão do absurdo e surreal para uma situação que cai como uma luva para qualquer um. De certa forma, somos como Nicki, fazendo piadas e esperando que Jenn se torne uma “mulher gigante”, como diria Steven Universe.
Tudo isso sem contar as mudanças que vão sendo introduzidas com o decorrer da série que tornam todo o universo da personagem correlacionável. Titânia, por exemplo, se tornou uma “super influencer”, algo que, curiosamente, nunca havia sido explorado, porém, faz todo sentido.
Mas, com tantos pontos positivos, Mulher-Hulk parece curta demais para uma mulher dessa magnitude. Cada cena instiga o espectador a querer um pouco mais. A atuação de Tim Roth é outro exemplo claro disso, em que descobrimos as expectativas de Emil Blonsky em se tornar o Capitão América. Sendo um dos pontos mais empolgantes do episódio, é interessante ver o rumo que algumas questões estão tomando, mas ao mesmo tempo, tudo parece rápido demais.
A verdade é que as interações de Jenn com heróis, amigos e família são tão interessantes que não reclamaria caso adicionasse mais vinte minutos de conteúdo com Tim Roth recitando os seus haicai — gênero de poesia japonesa com forma fixa. Mesmo com esses momentos se debruçando em comédia barata e referências externas, a série parece funcionar em um contexto geral.
Para curtir a série da Mulher-Hulk não é preciso ler todo o conteúdo da personagem, ver todos os filmes do Hulk e ficar inteirado de todas as próximas produções da Marvel. Aqui, nada é levado tão a sério. E a consciência sobre isso dá voz a esse pequeno universo dessa grande mulher verde.
Chega a ser um respiro entre produções tão densas, em que toda trama é a abertura perfeita para uma nova teoria. Em outras palavras, é ótimo poder rir com a tela de descanso de Jenn ser a bunda do Capitão América ao invés de quebrar a cabeça questionando se o Mefisto está ou não vindo aí.
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