Mulher-Hulk 1×01 – Uma Quantidade Normal de Raiva
Mulher-Hulk 1×01 – Uma Quantidade Normal de Raiva
Mas, uma quantidade anormal de cheetos, meditação e bundas
“Esse é meu segredo, Capitão. Eu estou sempre com raiva”, Bruce Banner diz antes de destruir uma nave Chitauri em 2012, no primeiro filme reunindo os Vingadores. Para o bem ou para o mal, o Hulk de Mark Ruffalo nunca recebeu o devido desenvolvimento. Com um universo sendo formado ao seu redor, o personagem foi tratado como uma “participação de luxo” na Marvel Studios.
Já em Uma Quantidade Normal de Raiva, primeiro episódio de Mulher-Hulk, o mais interessante é perceber que não precisávamos de um novo filme de origem de Bruce Banner. De máquinas complexas radioativas e interesses românticos jogados de escanteio, já vimos isso mais vezes do que o Tio Ben morrendo. Sendo tão direto quanto Jennifer Walters seria: É um alívio poder ver algo, minimamente, diferente na Marvel.
Sua seriedade não vai te levar a nada
O primeiro episódio de Mulher-Hulk brilha não apenas por conseguir encaixar de forma natural questões que afligem o cotidiano de todas as mulheres, nem pelo fato da atuação de Tatiana Maslany estar impecável. Mas, por não se levar tão a sério.
Em Vingadores, conhecemos um Banner amargurado, machucado e escondendo seus sentimentos porque foi assim que ele aprendeu a controlar o “outro cara”. Encontrar Jennifer Walters, nessa altura da vida do personagem, é perceber que existem outras formas de existir, que nem tudo é o fim do mundo e que, às vezes, podemos nos divertir até com as casualidades mais absurdas.
É curioso como em pouco mais de trinta minutos, não apenas conhecemos Jenn Walters, como também entendemos que o que a aflige não é o seu “interior”, como é o caso de Banner, mas o “exterior”, os olhos que a julgam. Como advogada, a personagem constantemente está defendendo e acusando pessoas, mas acima disso, é observada e testada.
Entre comentários inoportunos e assédios, Jennifer pisa em ovos, pois um pequeno erro pode levar toda sua carreira por água abaixo. Se Mulher-Hulk acerta em cheio nesse início é conseguir trazer essas questões com leveza. Conversando e compartilhando experiências com um público que não sabe o que é ser Bruce Banner, mas consegue compreender e se relacionar com a ideia que é ser Jennifer Walters.
“Suave como furacão, tranquila como um vulcão”
E é óbvio que eu estou falando de feminismo, representatividade e todas as outras palavras que apenas resumem a ideia de se sentir parte de algo. Mas, assim como nessa série, não quero ser didático.
O roteiro de Jessica Gao e a direção de Kat Coiro fazem um trabalho impecável em apresentar conceitos como sororidade e assédio de forma sútil. O que Capitã Marvel errou ao gritar aos quatro ventos o que defendia e sobre o que se tratava, Mulher-Hulk o faz sem estresse algum e com uma personagem debochada, competitiva e carismática.
E o melhor? Apenas dizendo o que sente. O Hulk de Mark Ruffalo, infelizmente, é um dos personagens mais fechados do Universo Cinematográfico da Marvel, logo, conseguir trabalhar suas variações de humor sempre foi um desafio para os roteiristas encarregados pelos filmes dos Vingadores.
Foi assim que caímos em tramas incômodas como Natasha, Bruce e a canção de ninar. Mulher-Hulk parece não estar apenas disposta a nos entregar uma heroína que sente e diz o que sente, mas também quer tirar sarro dos erros passados que a Marvel cometeu com o conceito por trás do Gigante Esmeralda.
Entre não se levar a sério, trazer uma personagem feminina que não exala erotismo em todas as suas cenas e tratar de assuntos sérios, algumas pessoas vão se sentir, no mínimo, confusas.
Como diz Banner no primeiro episódio, “é um território novo” para algumas pessoas. E, sinceramente? Essa é a melhor parte de ver uma mulher verde competindo com seu primo que se leva a sério demais: o fato de que a Marvel está, pelo menos, tentando explorar esses novos territórios.
O primeiro episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis está disponível na Disney+.
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