Microsoft acusa Sony de pagar para que determinados jogos não cheguem ao Xbox Game Pass
Microsoft acusa Sony de pagar para que determinados jogos não cheguem ao Xbox Game Pass
Documento da empresa ao CADE destrincha estratégia por trás da compra da Activision Blizzard, e toca em informação sensível sobre a rival
Há alguns meses, a Microsoft comprou a Activision Blizzard em uma operação bilionária, mas para a compra ser oficialmente aprovada, é preciso que os órgãos reguladores do mundo todo aprovem a mudança. Enquanto a empresa tenta a aprovação do Brasil, detalhes importantes sobre a guerra de consoles estão sendo expostos, como uma acusação de que a Sony paga para que os jogos não sejam disponibilizados no Game Pass.
Em documento enviado para o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica -, a Microsoft rebate muitos dos argumentos da Sony que tentavam impedir a compra da Activision Blizzard.
O texto serve para explicar a estratégia do Xbox, que ainda preza por não manter jogos exclusivos mas sim expandir e melhorar o Game Pass, e dedica grande porção do documento a exemplificar o serviço como uma força disruptiva na indústria, mas que não configura competição injusta – apenas uma outra abordagem de negócios.
Em dado momento, é citado que a Sony aparentemente paga uma taxa para que estúdios não adicionem seus jogos ao catálogo do Game Pass ou nenhum outro serviço de assinatura (pag. 22):
“A capacidade da Microsoft de continuar expandindo o Game Pass tem sido obstruída pelo desejo da Sony de inibir tal crescimento. A Sony paga por “direitos de bloqueio” para impedir que desenvolvedores adicionem conteúdo ao Game Pass e outros serviços de assinatura concorrentes.”
O documento destrincha inúmeras incoerências entre os argumentos fornecidos pela Sony, que temem a exclusividade de franquias como Call of Duty ao Xbox, e as práticas reais da empresa. O texto afirma (na pag. 22):
“Considerando que as estratégias de exclusividade têm sido o cerne da estratégia da Sony para fortalecer a presença da empresa na indústria de jogos e que a Sony é líder na distribuição de jogos digitais, como explicado nos parágrafos 46 e 47 acima, a preocupação da Sony com eventual exclusividade do conteúdo da Activision é incoerente – para dizer o mínimo.
Apenas revela, mais uma vez, o receio com relação a um modelo de negócios inovador que oferece conteúdo de alta qualidade a custos baixos para os jogadores, ameaçando uma liderança que foi forjada a partir de uma estratégia device-centric e focada em exclusividade ao longo dos anos.”
Além disso, o documento é especialmente enfático na questão de que não há interesse em fazer com que as franquias da Activision Blizzard sejam exclusivos de Xbox (na pag. 23:
“Independentemente do quão inusitadas sejam as críticas da Sony em relação à exclusividade de conteúdo – já que toda a estratégia do PlayStation foi centrada na exclusividade ao longo dos anos – a realidade é que a estratégia de reter os jogos da Activision Blizzard, não os distribuindo em lojas de console rivais, simplesmente não seria lucrativa para a Microsoft.
Tal estratégia seria rentável apenas se os jogos da Activision Blizzard fossem capazes de atrair um número suficientemente elevado de jogadores para o ecossistema do console Xbox, e se a Microsoft pudesse auferir receitas com a venda de jogos o suficiente para compensar as perdas decorrentes da não distribuição de tais jogos em consoles rivais.”
Seja como for, mais informações sobre essa guerra entre consoles deve ser evidenciada com o avanço das negociações da Microsoft com o CADE.
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