Maus: Por que autor do quadrinho não quer uma adaptação de sua obra?

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Maus: Por que autor do quadrinho não quer uma adaptação de sua obra?

Por Arthur Eloi

Maus, a icônica graphic novel de Art Spiegelman que retrata o Holocausto com base em relatos do pai sobrevivente do autor, voltou aos holofotes recentemente em um infeliz caso de censura nos Estados Unidos, quando uma escola texana votou para banir o quadrinho por conta de seu conteúdo adulto.

Por conta disso, o quadrinista deu as caras em uma série de entrevistas para discutir a triste polêmica, porém algo que permanece verdade para Spiegelman é que ele nunca quer ver sua obra adaptada para TV ou para o cinema.

O posicionamento do autor é antigo, e inclusive pode ser visto nas próprias páginas da HQ, em que ele é um personagem que escuta as histórias do pai. Em dado momento, que representa a passagem do trauma geracional, o quadrinista aparece verdadeiramente exausto pelo teor pesado do relato e pela pressão de finalizar os trabalhos na obra. Em um diálogo, o próprio afirma que recebeu inúmeros pedidos de estúdios querendo os direitos de Maus para adaptar em séries e filmes, mas que recusou todos.

Isso aconteceu durante a publicação do quadrinho, que saiu originalmente entre 1980 e 1991, mas Art Spiegelman mantém a mesma visão em 2022. Em uma entrevista com o Hollywood Reporter, o autor foi sucinto em garantir que não permite adaptações de seu trabalho:

Eu gosto de filmes, mas Maus funciona melhor como um livro. É uma mídia mais intimista, e quadrinhos se fixam ao cérebro com mais facilidade.

Pelo fato que Maus retrata judeus como ratos e nazistas como gatos, a própria escolha artística de ter animais como protagonistas pode limitar o tipo de adaptação que a HQ passaria, impedindo por exemplo um filme live-action e possibilitando apenas animações.

Algumas escolhas artísticas de Maus também limitariam o alcance das adaptações do projeto, caso o autor permitisse

Há filmes que conseguem retratar fielmente os horrores da Segunda Guerra Mundial sem sucumbir ao espetáculo visual, como o intenso Vá e Veja (1985), mas o formato é sim um pouco mais limitado em comparação ao tom altamente pessoal da HQ. De qualquer forma, Spiegelman não parece mudar de ideia tão cedo assim.

Lançada entre 1980 e 1991, Maus se aprofunda nos horrores do Holocausto através de uma série de relatos do pai do autor Art Spielgelman, um judeu polonês que sobreviveu à perseguição e aos campos de concentração. A obra é a única HQ a ter vencido um prêmio Pulitzer, em 1992, e segue sendo um dos quadrinhos mais vendidos e elogiados com reimpressões constantes – inclusive no Brasil.

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