Massacre da Serra Elétrica: Conheça o crime real que inspirou a criação de Leatherface
Massacre da Serra Elétrica: Conheça o crime real que inspirou a criação de Leatherface
Maníaco canibal foi inspirado em Ed Gein, serial killer que indiretamente influenciou grandes clássicos do horror
O Massacre da Serra Elétrica é verdadeiramente um marco do cinema de horror, e não é difícil entender o motivo. O clássico de Tobe Hooper é perturbador e cruel de uma forma naturalista, sem sequer precisar ser explícito. É um filme que arrepia até hoje, mas que costumava ser ainda mais poderoso quando saiu em 1974, por levar para as telas muitos dos pavores da violência e do bizarro que tomavam os Estados Unidos durante as décadas de 60 até 80.
Hooper já declarou antes que se suas inspirações para O Massacre da Serra Elétrica são variadas: o choque com a guerra desumana e a gráfica cobertura jornalística da Guerra do Vietnã, o declínio na fé do povo norte-americano na política, o rápido avanço da industrialização inconsequente, e até mesmo o crescimento do vegetarianismo e outros modos de vida menos centrados em carne.
É um clássico que só funcionou por entender o caótico período em que foi feito, mas a inspiração para seu icônico assassino, Leatherface, é um pouco mais direta. O maníaco canibal fictício foi inspirado em um maníaco da vida real, que ficou conhecido por esfolar suas vítimas e usar suas peles como decoração em casa.
- O Massacre da Serra Elétrica é baseado em um crime real?
- Como Ed Gein influenciou O Massacre da Serra Elétrica - e muito mais
O Massacre da Serra Elétrica é baseado em um crime real?
A principal inspiração para Leatherface é um homem chamado Ed Gein. Nascido em 1906 em Wisconsin, estado bem distante do Texas onde se desenrola o filme, o homem ficou conhecido como o Carniceiro de Plainfield por uma série de crimes horrendos na década de 1950.
Gein teve todo o passado traumático que normalmente é associado à serial killers. Cria de um lar quebrado, era filho de um pai alcoólatra e ausente. Por conta disso, se aproximou bastante de sua mãe, religiosa fervorosa que criava seus filhos isolados do restante da sociedade, pregando ódio contra mulheres e relações sexuais. O pequeno Ed Gein apenas deixava a fazenda de sua família para frequentar a escola, mas sofria punições de sua mãe sempre que tentava fazer algum amigo.
O problema é que, por volta da década de 1940, quando Gein já era um homem adulto solitário e problemático, toda sua família foi morrendo. Seu pai faleceu de falha cardíaca. Já seu irmão foi vítima de um incêndio. Sua mãe, por fim, faleceu por complicações de saúde. Assim, ele foi forçado a assumir o controle da fazenda de sua família, e passou a viver de fazer pequenos serviços e de um incentivo do governo para fazendeiros.
Foi a partir desse momento que Ed Gein se tornou perigoso. O crime final que lhe expôs ao mundo foi o desaparecimento de uma mulher chamada Bernice Worden, em novembro de 1957. A atendente de uma loja de materiais de construção desapareceu misteriosamente, porém rastros de sangue e um comprovante de uma encomenda ligaram Gein ao crime. A partir disso a polícia descobriu os atos nefastos do maníaco.
O cadáver de Bernice Worden foi encontrado pendurado de cabeça para baixo, estripado como se fosse um animal de caça. A polícia então descobriu que Gein tinha o hábito de profanar túmulos de mulheres que lembravam sua mãe. Ele ia ao cemitério durante a noite para cavar as covas, e voltava para casa com os corpos recém enterrados.
Seu objetivo era tirar a pele dos cadáveres para criar uma série de objetos em seu lar, como abajures, enfeites para casa, tigelas e também máscaras de carne humana. A obsessão necrófila era grande ao ponto de Gein até criar uma roupa de mulher a partir da pele de mulheres reais, para poder se vestir que nem a falecida mãe.
Como Ed Gein influenciou O Massacre da Serra Elétrica – e muito mais
Ed Gein foi julgado em 1957, onde confessou todos seus crimes, os túmulos que violou e as mulheres que matou. Sua sentença foi pena perpétua em um hospital psiquiátrico, já que questões financeiras apenas permitiram que ele fosse julgado pelo assassinato de Bernice Worden. Ele morreu de câncer pulmonar em 1984, aos 77 anos.
As atrocidades cometidas por Gein são tão marcantes que influenciaram gerações de horror nos cinemas. No caso de O Massacre da Serra Elétrica, Tobe Hooper se viu horrorizado pelos “souvenirs” que o homem tirava de suas vítimas, e incorporou a obsessão por vestir carne humana ao seu maníaco canibal. No caso da serra elétrica do título, Hooper apenas disse que a ideia surgiu durante uma visita em uma loja de materiais.
Mas a marca deixada pelo assassino necrófilo precede a origem de Leatherface. Logo em 1959, dois anos após o julgamento de Ed Gein, o autor Robert Bloch ficou fascinado com pela conturbada relação entre o maníaco e sua mãe, em especial no desejo dele de assumir a pele – literalmente – da falecida matriarca.
Bloch manifestou esse fascínio no livro Psicose, que foi adaptado aos cinemas em 1960 por Alfred Hitchcock. O clássico do suspense nas telonas é considerado como o slasher original. Inclusive, a relação entre mãe e maníaco também se tornou um tropo frequente do subgênero, principalmente utilizado na franquia Sexta-Feira 13.
Ainda não houve uma obra que realmente adaptou os horrores cometidos por Ed Gein. O maníaco caiu especialmente no gosto da contracultura ao longo dos anos, com seu nome e delitos sendo usado para chocar e irritar em obras de Rob Zombie à hits do Slayer.
Nos filmes de terror, muitas das nuances de sua criação perturbada, e das ações grotescas pelas quais ficou conhecido, foram bem utilizadas através de todo o gênero, seja em O Massacre da Serra Elétrica, Psicose, O Silêncio dos Inocentes, Sexta-Feira 13 ou muitos outros. Há muito a ser discutido sobre a glamourização do true crime, mas é certo que o DNA dos slashers, e de muitos tropos do terror, está diretamente ligado aos perversos crimes de Ed Gein nos anos 50.
O Massacre da Serra Elétrica está disponível no catálogo do Looke. Já o novo filme da franquia, que é sequência direta do clássico de 1974, foi lançado direto na Netflix – leia nossa crítica aqui.
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