Como Jurassic Park foi responsável por mudar a indústria de entretenimento coreana?
Como Jurassic Park foi responsável por mudar a indústria de entretenimento coreana?
O que o filme de Steven Spielberg tem a ver com doramas e K-pop?
Música pop de sucesso, obras cinematográficas brilhantes e séries que encantam o público desde o primeiro episódio. A indústria do entretenimento sul-coreana é uma das maiores e mais rentáveis de todo o mundo nos dias atuais, mas toda essa grandeza não nasceu do dia para a noite.
Os frutos colhidos hoje em dia são resultados de uma política de apoio a produções culturais que perdura há décadas e que teve um auxílio mais que especial de um dos longas mais queridos produzidos aqui pelo ocidente. Quer saber como Jurassic Park influenciou a ascensão dos doramas e do K-pop? Chega mais que vamos te explicar.
- O sucesso de Jurassic Park ao redor do mundo
- Jurassic Park na Coreia do Sul
- Comparação entre a indústria do cinema e a automobilística
- Um investimento pesado do governo
- Os resultados colhidos hoje
O sucesso de Jurassic Park ao redor do mundo
O filme dirigido por Steven Spielberg (E.T. O Extraterrestre, Tubarão) foi lançado em 1993 e representou um marco para o cinema de modo geral. A trama focou em trazer dinossauros para as telonas do jeito mais realístico possível e, por isso, vários conceitos científicos foram adaptados na obra e retratados com uma computação gráfica extremamente avançada para a época.
Embora não tenha sido o primeiro filme a utilizar C.G. para compor seus efeitos especiais (esse título fica a cargo de TRON, lançado em 1982), Jurassic Park foi o primeiro grande sucesso a exportar essa tecnologia, levando vários outros diretores a perceber que obras gigantescas como Senhor dos Anéis poderiam ser adaptadas de modo fiel. A partir daquele momento, muitos perceberam que versões em live-action de diversos projetos poderiam sair do papel.
Jurassic Park na Coreia do Sul
Jurassic Park foi um grande sucesso de bilheteria em vários lugares do mundo, arrecadando US$ 914 milhões mundialmente, não apenas pagando seu orçamento inicial de US$ 63 milhões, como gerando um bom lucro aos seus idealizadores. No leste asiático, mais especificamente na Coreia do Sul, esse sucesso não foi diferente. O filme atraiu milhares de coreanos aos cinemas, rendendo uma excelente bilheteria quando seu tempo nos cinemas chegou ao fim. O longa ficou em exibição no país por três meses, inclusive.
A Coreia vinha passando por momentos de grande dificuldade econômica e já estudava formas de se consolidar como uma potência econômica e o sucesso do Parque dos Dinossauros poderia ser a resposta que tanto estavam procurando para essa questão.
Comparação entre a indústria do cinema e a automobilística
Os números arrecadados pela bilheteria da obra de Spielberg chamaram a atenção do governo. Um estudo foi realizado naquele ano comparando os rendimentos dessa obra em específico com o de outras empresas de grande porte sul-coreanas.
Os resultados foram surpreendentes. Jurassic Park havia levantado uma quantia tão alta em seus três meses de exibição que passou os rendimentos da Hyundai em comparação feita. Dessa forma ficou claro para todos que investir em cultura poderia ser ainda mais benéfico a longo prazo do que investir na indústria automobilística, por exemplo (via Koreaboo).
Um investimento pesado do governo
Vale ressaltar, no entanto, que não foi unicamente por causa de Jurassic Park que o governo sul-coreano começou a voltar seus olhos para a indústria do entretenimento. Desde muito antes da chegada do blockbuster já haviam políticas voltadas para o cinema local e “incentivo” de produções nacionais como uma restrição da importação de filmes estrangeiros implementada a partir de 1970. Algumas dessas medidas haviam sido tomadas durante o regime militar como forma de tentar controlar a indústria do cinema e, devido aos poucos recursos financeiros ofertados aos artistas locais, acabaram afastando mais do que ajudando a promover o crescimento de fato, levando a indústria ao quase colapso, conforme explicado no livro Cinema no Mundo – História, política e mercado: vol. 3 Ásia.
Os números trazidos pelo sucesso de Jurassic Park, no entanto, serviram para confirmar os benefícios de uma sociedade que investe sem medo em cultura e liberaram os escorpiões dos bolsos dos políticos que trouxeram diversas políticas públicas para ajudar de verdade nas produções. Olhar para essa área com um pouco mais de atenção se mostrou imprescindível na estratégia de crescimento econômico e de influência política, visando que a Coreia de Sul se tornasse a grande potência econômica que é hoje em dia.
A partir de 1994 todo um programa entrou em vigor, com o governo colocando no orçamento políticas de empréstimos e subsídios a juros baixos para indústrias culturais. Assim, agências foram criadas com o intuito de promover a exportação da música popular e também departamentos culturais foram criados em universidades. Envolver as celebridades em ações políticas também foi uma medida tomada pelo governo, levando-as para eventos de importância diplomática e pedindo para que gravassem mensagens de apoio em grandes negociações, entre outras coisas.
Essa política de incentivo permanece em alta até os dias de hoje. O orçamento previsto para a área da cultura pelo governo para o ano de 2021 somou 696,1 bilhões de wons (aproximadamente 2.527 trilhões de reais), 42,7% a mais que o investido em 2020 (via The Korea Times). Os resultados disso seguem positivos, afetando diretamente a economia do país, com a Coreia sendo referência mundial quando o assunto é produção de conteúdo de qualidade.
Os resultados colhidos hoje
Uma grande prova disso são os grandes sucessos exportados de lá que temos hoje em dia. A série Round 6, por exemplo, conquistou o título de mais assistida da história da Netflix, se mantendo no posto por longos meses com um total de 1,65 bilhão de horas assistidas. O filme Parasita, de Bong Joon Ho, conseguiu a proeza de ser o primeiro filme sem ser de língua inglesa a receber o Oscar em 92 anos.
Mas é na indústria da música pop que a Coreia do sul tem se destacado muito nos últimos anos. Grupos do tão famoso “K-pop” estouram pelo mundo, marcando um lugar importantíssimo na economia local. Seu papel é tamanho que estima-se que o país sofrerá um grande impacto durante a pausa do grupo BTS para servir ao exército, por exemplo.
Segundo a Rolling Stone, o grupo arrecadou durante o ano de 2021 mais de 11 bilhões de dólares para os cofres sul-coreanos, representando cerca de 0,3% do PIB da nação. Olhando assim pode até parecer um valor baixo, mas, levando-se em consideração que o valor se refere a um único grupo em específico, é muita coisa!
Todos esses dados poderiam servir de exemplo para alguns outros países que acreditam que cultura e entretenimento devem ficar em um plano mais baixo quando o assunto são investimentos. A Coreia do Sul é a prova cabal de que a cultura precisa ser o carro forte se um país deseja realmente se tornar uma potência.
Mas e você? Sabia disso? Divida com a gente nos comentários!
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