Homem-Aranha: Versão de Tobey Maguire não teria teias orgânicas, entenda
Homem-Aranha: Versão de Tobey Maguire não teria teias orgânicas, entenda
Ideia que chocou os Peter Parkers em Sem Volta para Casa foi dada por James Cameron!
Não há dúvidas que a melhor parte de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa é a interação entre Tom Holland, o atual Teioso, com Tobey Maguire e Andrew Garfield, atores que viveram o herói nas telonas em adaptações anteriores das HQs da Marvel.
Em dado momento, pouco antes da batalha final, os Peter Parkers de Holland e Garfield descobrem algo inusitado: a versão de Maguire não utiliza lançador de teias mecânico. Na verdade, quase como algo saído de filme de terror, o Aranha mais velho solta suas teias direto de sua pele, sem a necessidade de cartuchos ou qualquer tipo de tecnologia.
A diferença entre os três Teiosos vira motivo de piada, com a dupla horrorizada (e levemente maravilhada) pelo conceito, questionando se ele já sofreu com impotência ou se consegue por outros… orifícios. Brincadeiras à parte, esse detalhe do herói de Tobey Maguire sempre foi motivo de discussão e olhares suspeitos pelos fãs. Tudo que Sem Volta para Casa faz é tirar os diálogos da internet para colocar nas telonas.
Mas por que raios o Homem-Aranha de Tobey Maguire solta teias orgânicas? Há um culpado para isso: James Cameron, o criador de Exterminador do Futuro e Avatar.
Como seria o filme do Homem-Aranha por James Cameron?
Muito do que torna o sucesso do Universo Cinematográfico da Marvel tão impressionante o fato de que, décadas antes de emplacar o sucesso com Homem de Ferro (2008), a Marvel não era exatamente conhecida por ter cuidado ou carinho com suas adaptações. Durante uma época de vacas magras, pra evitar a falência, a empresa simplesmente vendeu seus direitos para quem pagasse mais — ou para quem pagasse qualquer coisa, na verdade.
Foi assim, por exemplo, que fomos presenteados com uma leva de filmes B dos principais heróis da casa, como o Capitão América ou o Homem de Ferro. O Homem-Aranha chegou muito perto de ganhar seu próprio show de horrores nos anos 80, em um filme de terror (sim) que seria produzido pela Cannon Films — a principal produtora de filmes B, como Desejo de Matar e Stallone: Cobra –, dirigido por Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica, Poltergeist) e inspirado em A Mosca, de David Cronenberg.
Na década de 90, depois que essa versão não deu certo, os direitos foram parar nas mãos da Carolco Pictures, produtora responsável pela Trilogia Rambo e por Exterminador do Futuro 2, ambos com envolvimento de James Cameron. O cineasta então se tornou a escolha certa para escrever e dirigir um novo filme do Homem-Aranha, com impressionante orçamento de US$50 milhões.
O roteiro de Cameron se inspirava livremente nos quadrinhos do herói, e mostraria tanto a origem do Teioso quanto batalhas contra o Electro, Homem-Areia e também o Doutor Octopus, sendo que esse seria vivido por ninguém menos que Arnold Schwarzenegger. Essa versão também faria Kevin Feige, atual presidente da Marvel Studios, corar um pouco, já que seria bem pesada em palavrões e até mesmo uma cena de sexo entre Peter Parker e Mary Jane.
No fim das contas, como era comum nessa época, o projeto não foi para frente, muito por conta de problemas financeiros enfrentados pela Carolco Pictures. O desenvolvimento então foi finalizado em 1992. Depois de algumas batalhas na justiça, James Cameron conseguiu manter os direitos sobre sua versão do roteiro, para não ser utilizado por outra produtora.
Como James Cameron influenciou o Homem-Aranha de Sam Raimi
Alguns anos depois, em 1999, a Marvel licenciou o Homem-Aranha para a Columbia Pictures, empresa da Sony Pictures, para uma adaptação que seria comandada por Sam Raimi, diretor da trilogia Uma Noite Alucinante (ou Evil Dead).
Quem assumiu a tarefa de escrever essa vindoura adaptação foi David Koepp, roteirista de Jurassic Park, Missão: Impossível e mais. O cenário já era diferente, e as adaptações de HQs lentamente começavam a se tornar mais sérias. O ousado roteiro de James Cameron talvez já não atendesse mais o que o público esperava de um filme de heróis, portanto Koepp passou o quadro a limpo e começou do zero — exceto por algumas ideias.
Além de incorporar momentos da origem do herói, como a picada da aranha enquanto Parker tira fotos de Mary Jane, ou então toda a morte do Tio Ben, o roteirista também se interessou pela forma que o Teioso atirava suas teias. Inicialmente, o Homem-Aranha de Tobey Maguire teria um lançador de teias mecânico, tal qual seus sucessores. Isso chegou até mesmo a ser mostrado durante um dos primeiros teasers do filme, exibido na E3 2001, que mostrava Peter Parker trabalhando no dispositivo e em seu traje. Na prévia, é possível confirmar que, sim, ele teria um mecanismo no pulso para poder se balançar pela cidade.
Não há declarações sobre o que motivou a mudança, seja vontade própria ou demandas de cima, mas David Koepp decidiu revisitar o trabalho de James Cameron. No meio de todas as loucuras imaginadas pelo cineastas, o roteirista encontrou justamente o lançador de teias orgânico, e adorou o conceito. Como a visão toda de Cameron não podia ser adaptada para as telas, pelo menos algum elemento ainda pode ser resgatado. Assim, Koepp fisgou a ideia para o seu roteiro.
Quando o filme estreou em 2002, declarou uma nova era para o cinema de heróis. Homem-Aranha não só era sucesso de público como também de crítica, e mostrava que era possível transpor para as telonas toda a diversão, o suspense e a ação dos quadrinhos. Sam Raimi acabou dirigindo uma trilogia de filmes até 2007, e teria continuado se não tivesse se desentendido com a Sony. Mas entre salvar Mary Jane, brigar com o Doutor Octopus (que acabou não sendo vivido por Arnold Schwarzenegger) ou mesmo entregar pizzas, Peter Parker sempre o fazia sem auxílio de aparelhos.
Meio nojento? Talvez, mas uma pequena assinatura deixada por James Cameron para nos lembrar que adaptações de HQs costumavam ser bastante bizarras antigamente.
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